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sexta-feira, 19 de novembro de 2010

A TRÍADE ENCARNANTE E O KARMA

Nada é mais complexo para se estudar que a idéia de Karma. Várias escolas abordam este intrigante tema por ângulos diferentes, embora a tônica única seja a mesma: erros de vidas passadas; dívidas adquiridas relativamente a pessoas, grupos de pessoas, bairros, cidades, estados ou países. Dívidas que devem ser quitadas sem perdão. A questão, quando se toma conhecimento da Tríade Encarnante, torna-se muito complexa, pois a pergunta é: O Karma está na tríade, nos três Átomos Ultérrimos Permanentes?
A resposta é sim e não. Como se viu, tudo o que os três átomos ultérrimos permanentes gravam em seus respectivos campos de aprendizagem, ali fica permanentemente. Logo, os erros físicos, emocionais e psíquicos e suas concomitantes resultantes comportamentais interacionais sociais também estão indelevelmente ali registrados. Se alguém foi avaro, apegado a bens materiais e voltado apenas para o sexo em toda a sua plenitude (o prazer em todos os campos sociais) seu Átomo Ultérrimo Físico Permanente fica regurgitando registros pesados, difíceis de serem trabalhados e utilizados pelo Ser Imortal que a Tríade constitui. Entretanto, o Átomo Ultérrimo Físico Permanente não influi diretamente na tendência a transformar todas as Identidades que aquela tríade venha a criar em cada encarnação futura em escravas do sexo. O Átomo Ultérrimo Permanente apenas registra as vivências e as experiências. O político acima, à direita, aprontou tantas com o Brasil que terminou levando o povo brasileiro a se unir para exigir seu impeachment. Depois que se afastou do país, seus companheiros revelaram esquemas criminosos à sombra de sua Presidência de estarrecer. Hoje, quieto no Senado Federal, continua manobrando nas sombras. Que karma ele preparou para sua próxima existência? Por que sucumbiu ao enorme desafio que veio para enfrentar? Ninguém jamais saberá.
É bom notar que nem sempre uma vivência implica também a experiência. Você pode estar, por exemplo, em um ônibus quando, repentinamente, ele é assaltado. Gritaria, tumulto, corre-corre, ameaças, tudo isto pode colocá-lo em total desorientação e em plena empatia com a maioria desnorteada e em pico de ansiedade. Passado tudo, quando os assaltantes ou foram dominados ou fugiram, você poderá dizer que vivenciou o assalto, mas não poderá dizer que experienciou o assalto. Daquela vivência, você não tirou nada proveitoso; não usufruiu nada capaz de enriquecê-lo em seu conhecimento. Agora, se você se viu em Bariloche e lá teve de aprender a usar esquis para poder descer a montanha junto com os outros, ao realizar a façanha você terá experienciado o esqui. Certamente saiu de lá bem diferente de quando chegou. Mais informado; mais rico em conhecimento; com capacidade de falar com riqueza sobre o que é esquiar, o que não lhe acontece a respeito do assalto. Dele, você só poderá dizer que “foi horrível! Eu me vi totalmente perdido, sem saber o que fazer”. Compreendeu?
Se, por outro lado, a pessoa desenvolveu uma grande carga emocional tendenciosamente disfórica (inveja, maldade, malícia, desconfiança, rancor, mágoa, raiva, ira, vingança, ganância, usura, impiedade etc...) esta carga emocional torna o Átomo Ultérrimo Astral Permanente ingurgitado com ela, o que fará que em muitas encarnações futuras o Ser Imortal formado pela Tríade Encarnante, ao tomar um corpo e uma Identidade materiais, propenda rapidamente a extravasar aquela carga horrível de emoções ruins. Suas identidades futuras tenderão, sempre, a aumentar esta carga negativa até ultrapassar o limite da tolerância Monádica e, então, será o fim para aquela Tríade. Mas o processo não é bem assim, como veremos mais adiante.
Ainda temos o último Átomo Ultérrimo Permanente a considerar, o Mental. Se a pessoa se acostuma a desenvolver pensamentos disfóricos (de vingança, de roubo, de corrupção, de egoísmo, de maquinações visando prejudicar um semelhante ou uma comunidade inteira, desde um bairro até um país etc...) seu Átomo Ultérrimo Mental Permanente também fica ingurgitado desta carga psíquica negativa, mas em cada encarnação ela não levará o indivíduo a desenvolver uma Identidade Pessoal totalmente predisposta à extravasão desta carga negativa, o que, se assim acontecesse, encarnação após encarnação só aumentaria de modo perigosíssimo tal carga.
Como vê o meu leitor, este assunto é complexo. Então, tentarei abordá-lo do modo mais simples que me seja possível. E vou começar pelo fio de ouro que liga toda tríade encarnante à Mônada Humana (quem não leu meus artigos sobre a Origem do Homem, procure-os nos meses de setembro e outubro de 2010 para compreender o que é a Mônada segundo a visão Teosófica).
Vamos-nos recordar, de início, de quando os Pitris Lunares Agnishvâttas e Barhishads ainda tentavam criar a Forma Humana no Plano Astral e estavam às voltas com o dilema de como fazer uma criação que tivesse, de ambas estas classes de Pitris, as qualidades que iriam fazer que, no futuro, a entidade em criação viesse a ser superior a todos eles. Isto foi dito em artigo já publicado por mim nos meses acima citados. Já naquele estágio as gotículas monádicas que deveriam evoluir até adquirir consciência e espírito próprios estavam ligadas à Mônada, de onde se tinham originado, por um fio de matéria búdica denominado na Teosofia e no Budhismo, de Sutratma. Lembremos-nos de que os Pitris lunares Agnishvâttas, que não possuíam o fogo criador mais grosseiro (a raiz do Amor, chamado Desejo ou Tanha) foram apresentados nas alegorias exotéricas sob a designação de Kumâras (que significa “jovens castos”) ou, ainda, Asuras (Deuses menores) que se rebelaram contra os Deuses Superiores (Dhyanis) e lutaram contra eles. Mas isto é somente uma alegoria, não um fato real. Os Asuras não podiam criar o Homem Espiritual Imortal porque não tinham o necessário atributo da Tanha para lhe doar, o que o faria um deus na Terra, habilitando-o a vivenciar e experienciar os meandros dolorosos daquele atributo, a fim de aprimorar sua Consciência Espiritual e torná-lo Superior. Aqui está a razão da necessidade do sofrimento do homem encarnado.
Entretanto, só os Agnishvâttas podiam completar o Homem e fazer que ele fosse um ser quase divino, um verdadeiro Deus manifestado na Terra, capaz de alterá-la através de suas inventividades e suas criações, frutos da Tanha ou Desejo. Os Agnishvâttas ainda que possuidores do fogo criador (Tanha) não possuíam o elemento superior mahât-ico. Os Pitris Barhishads, situados ao mesmo nível dos “Princípios Inferiores” (subníveis do Subplano Etérico do Plano de Matéria Densa, aqueles subníveis que precedem a matéria densa, pesada, de Natureza físico-química, que é grosseira e objetiva no mundo do Mâyâ), só podiam produzir o molde astral do homem físico, ou seja, o Homem Astral. Por isto, no estudo do Budhismo vê-se Brahmâ, o Mahat Coletivo ou a Mente Divina Universal, confiando-lhes a tarefa da criação do homem — alegoria conhecida no Cristianismo como “O Mistério da Criação” — que se repete na superfície da Terra, através da criação humana, mas em sentido inverso, ou seja, involutivo.
Gente, o assunto “é indigesto”, mas peço que tenham paciência e procurem entender o que informo, pois não há como dizer o que digo de modo mais simples e direto. Vocês devem memorizar o significado de Mahat que é Mente Universal (ou Brahmâ). Bom, voltemos à forma sem mente do Astral, criada pelos Agnishvâttas. Para que o homem setenário fosse completado era preciso que lhe fosse dado dois “princípios” de ligação, a saber: Manas e Kâma. O terceiro princípio, Tamas, ele adquiriria quando estivesse de posse de um corpo denso. Manas corresponde ao princípio conhecido como Mente, que só os Barhishads possuíam. E Kâma corresponde ao princípio da Emoção densa (Medo, Raiva, Culpa e seus derivados emocionais), que só os Agnishvattâs possuíam. Tamas corresponde ao corpo material e sua vida incipiente, onde há uma Tanha específica para a matéria. Quando o “fantasma” Astral do Homem foi dotado destes dois princípios ficou pronto para ser habitado pelos Barhishads e pelos Agnishvâttas, os futuros mentores humanos durante o tempo de gestação da Identidade Humana que a gotícula monádica deveria desenvolver ao decorrer de milhares de milênios na superfície da Terra. No início, a Tríade Encarnante era virgem, isto é, não possuía nenhuma experiência no Mundo Inferior, para poder dar início ao trabalho de criar, por si só, as futuras Identidades Individuais e Sociais que forçosamente deveria possuir e que, através delas, agiria sobre o planeta, modificando-o e descobrindo seus segredos escondidos nos átomos químicos, com isto criando “maravilhas” à imitação de Brahmâ, o Mahat.
No decorrer daqueles milênios o homem material criou inúmeras Identidades Individuais e Pessoais, as quais, após os sucessivos desencarnes conhecidos como “morte”, foram aprisionadas no Sutrâtmâ, o fio de ouro de que falei linhas acima. Blavatsky diz que as escrituras antigas referem-se a este fato dizendo que as personalidades ficam enfiadas no Sutrâtmâ como as pérolas de um colar. São as Personalidades criadas pelo Ego Superior humano. Este Ego não é nem Atmâ nem Buddhi, mas sim o Manas Superior, a Mente Imortal, para dizer em palavras mais simples. E voltamos ao tema atual. Embora nos Átomos Ultérrimos Permanentes permaneçam gravadas todas as experiências vividas pelas Identidades Individuais criadas em cada encarnação, é no Sutrâtmâ que se encontra a fonte do peso karmático que leva a Tríade Encarnante, ou Espírito, ou Ego Superior a voltar a se envolver com os erros do passado, mas agora, com alguma probabilidade de evitá-los, corrigindo as falhas cometidas e gravando sensações, emoções e pensamentos positivos nos Átomos Ultérrimos Permanentes, aliviando-lhes o peso dos erros cometidos por suas Identidades pretéritas.
A Filosofia nos ensina que o homem nada saberia sobre o doce se não provasse do amargo; nada saberia da luz se não experimentasse a escuridão. Ou seja, nós aprendemos o Bem, o Belo e o Bom pelos seus contrários. Eis a razão da necessidade de haver o Mundo do Mâyâ, o Mundo Infernal, este em que temos corpos físicos densos. Eis, também, a razão da necessidade do sofrimento, pois é ele que nos ensina sobre a felicidade. A gotícula monádica que somos, inicialmente desconhecia qualquer coisa relativa ao mundo da escuridão. Voltava-se toda para seu estado inicial, de beatitude e felicidade, de onde havia saído. Para se transformar em um Deus superior aos Pitris Lunares, ela precisava mergulhar totalmente no Mâyâ e aqui vivenciar e experienciar todas as experiências contrárias à beatitude, ao equilíbrio e à harmonia. Só assim tomaria consciência do contrário do Bem, do Belo e do Mal. Só assim tomaria consciência da Infelicidade, da Amargura e do Sofrimento, contrários da Felicidade, da Doçura e da Harmonia. Compreende, agora, o leitor, a necessidade do Mâyâ e do sofrimento? Não é que Deus seja sádico, não. É que só através da experiência do contrário é que saberemos do Bem. O Karma, portanto, é absolutamente necessário, pois sem o erro não conseguiríamos entender o acerto.
Mas o estudo do Karma não se limita a somente este conhecimento. A palavra sânscrita karma significa, em português, movimento. Ora, desde mesmo o Plano Divino que há movimento, então, por extensão, desde aquele sutilíssimo plano há karma. A diferença é que de lá até o Plano de Matéria Astral, o karma não acarreta dívida com ninguém. Entenda esta dívida como um prejuízo que nosso movimento causa propositada ou inadvertidamente a outrem, seja este outrem uma pessoa, um inseto, uma árvore, um ambiente ou o próprio planeta onde vivemos encarnados.
Ao transmigrar de uma encarnação para outra (não se trata de reencarnação, como já expliquei. Trata-se de transmigração de nosso Espírito de um corpo já deixado para trás para outro novo), o Espírito traz consigo aqueles movimentos (karmas) que não foram perfeitos, completos, livres, mas que, ao contrário, ficaram presos a outros seres. Nós temos o defeito de vivermos na dependência da interrelação individual. Nosso viver se baseia em movimentos e ações complementares. Quando fazemos algo, esta ação vai ressoar em alguma coisa ou em alguém e certamente uma resposta dali há de nos vir. A qualidade desta resposta nos informará de imediato se nosso movimento anterior foi positivo ou negativo. Por exemplo: se socorremos uma pessoa em grande apuro e a salvamos daquela situação angustiosa, ou ela mesma, ou outra pessoa envolvida na ação haverá de nos recompensar, quer seja materialmente, quer seja emocionalmente, de tal modo que sua ação recíproca nos informará que nossa ação foi meritória. Ao menos no plano imediato, pois nossa ação é sempre complexa. Nela haverá sempre uma intenção subjetiva e é esta que vai pesar verdadeiramente na qualificação espiritual de nosso karma. Por exemplo: um político, servindo-se da verba pública (o que quer dizer que é verba colhida no povo e que deve ser empregada para o bem do povo), cria um plano de construção de casas populares para ser distribuídas entre os menos validos da sorte. Na entrega do bem, o político aparece como um pavão, recolhendo para si louvores e admiração imerecidos, pois age como se sua ação fosse algo extraordinário, quando, na verdade, não fez mais que sua obrigação para com os eleitores. Ele intencionalmente enviesa aquela ação de modo a dela recolher benesses que lhe trarão mais votos nas eleições. Sua ação ou seu movimento não foi meritório do ponto de vista Espiritual, embora, sem sombra de dúvida, seu esforço tenha realmente trazido alívio ao sofrimento de centenas, talvez milhares de pessoas. Ele acumulou carma bom, mas que não deixa de ser carma — que pode ser compreendido como uma dívida moral para com aquelas pessoas. Pelo exemplo que dei o leitor já compreende que nem sempre o karma é ruim, como se tem a tendência a acreditar. Há carma bom, embora o Espírito ainda deva retificá-lo futuramente. Ele não lhe acarretará sofrimento, ao contrário, aplainará as dores de sua futura existência, facilitando-lhe ações corretivas. Um karma ruim, mau, como, por exemplo, o karma do político que desvia dinheiro público para si intencional e maliciosamente, mesmo tendo pleno conhecimento de que esta sua ação pode até acarretar mortes sofridas de centenas de seres humanos — como é o caso do desvio das verbas do INSS ou daquelas destinadas à construção e aparelhamento de hospitais públicos — é um karma muito mal, muito pesado, muito ruim. Ele irá submeter aquele político de agora a agruras terríveis, a fim de quebrantar a herança de caráter pervertido que levou desta vida. Sua próxima transmigração dar-se-á em situação de grande penúria, de grande sofrimento, talvez até mesmo de vir a falecer sob inaudito desespero pelo desamparo das autoridades constituídas (em fila de hospitais; ou abandonado em campos de batalha; na condição de mendigo, após ter perdido sua riqueza perdulariamente; ou, ainda, humilhado, enganado, sabotado e ridicularizado em suas pretensões altruístas em uma grande empresa, onde incompetentes e afilhados se dão bem e ele, jamais). Seja onde seja, o devedor kármico provará daquele sofrimento, daquela dor que impingiu aos outros sem dó, sem compaixão, sem ética nem moral.
Mas o karma não vem pronto e acabado, como uma sentença judicial. Quando a criança nasce, ele está latente e poderá ou não, manifestar-se com toda a crueza necessária para quebrar a casca de maldade que foi desenvolvida em uma encarnação pregressa. Como assim? Haverá de estar perguntando meu leitor. Explico.
A Teosofia denomina de gérmen do karma a essência do Mal que trazemos de uma encarnação para outra. Este gérmen, para se manifestar vai depender não somente da estrutura ambiental provacional — ou da estrutura de vários ambientes provacionais por onde o Espírito encarnado deverá transitar. Nestes ambientes haverá apelos (na linguagem psicológica, estímulos), ora sutis ora poderosamente manifestados, sempre incitando a deflagração de pelo menos um pensamento mau carregado de má intenção e fortemente energizado psiquicamente. Este pensamento mau é o interruptor que vai ligar o gérmen do karma e colocá-lo em ação. A luta do Espírito, então, será tão mais intensa e mais árdua quanto mais pesada seja a força negativa do karma que se manifesta. Se aquele pensamento não ocorrer, então, o gérmen do karma não se substantivará e as ações retificadoras levados a cabo pelo Espírito encarnado que já alcançou um determinado grau de iluminação Espiritual, consubstanciadas em ações humanitárias, caritativas, desapegadas e amorosas, com elevado grau de auto-sacrifício, praticadas ainda que a pessoa saiba que está-se arriscando demasiadamente em benefício de outrem ou de outrens, inibirá a manifestação do karma negativo e o esvaziará de sua força karmática. Neste caso, ainda quando a Identidade Individual da Pessoa não tome conhecimento de que está agindo segundo seu grau de elevação espiritual, aquele Espírito estará batalhando com todas as suas forças para “afastar de si aquele cálice de amargura”. O leitor deve compreender que este mundo mayávico é um mundo de provações. Todas as situações, por mais “inocentes” que aparentem ser, perfazem ambientes nos quais haverá, sempre, uma armadilha consubstanciada num apelo, num estímulo que poderá a qualquer momento fisgar a Identidade Individual da Pessoa e levá-la à deflagração de um karma que está apenas aguardando o descuido momentâneo, que pode se consubstanciar num mau pensamento, numa má ação. Por exemplo. Tomemos o carioca que vive na praia e ama ser um praiano convicto. Ama jogar basquete, frescobol, futebol de areia. É alegre, divertido, gozador... enfim, é carioca. O carioca é um homem que está sempre disposto a conquistar uma “gata” praiana. Eis que desfila diante de seus olhos gulosos um corpo moreno escultural, jovem, de músculos firmes, cintura fina, pele sedosa, tudo isto emoldurado por um rosto juvenil bonito e faceiro de olhos negros e olhar sensual. Ele logo deseja ter aquela ”gata” no leito de um motel e se atira de corpo e alma na conquista da jovem descuidada. Ele não sabe – e jamais poderá saber – que ela é um inimigo de outrora, que veio disposto a se vingar do que ele lhe fez sofrer em uma vida pregressa. O carioca feliz, despreocupado, que sempre foi boa vida, querido e invejado pelos seus companheiros devido à sua alegria de viver, envolve-se com a dita “gata”. Terminam “juntando os trapos”. E é aí que começa a purgação de sua culpa. A “gatinha manhosa” mostra-se, agora, uma fera desalmada. Tirânica, exigente, maliciosa, cruel, vingativa, está sempre pronta para jogá-lo em situações angustiosas, sofridas, e ele não consegue desvencilhar-se daquele fardo que vai carregar por longos e longos anos, perdendo seu viço, sua alegria de viver, sua felicidade de jovem. Chega à velhice acabrunhado, curvado sob o peso do sofrimento moral, revoltado e magoado. Se no ambiente da praia ele não tivesse dado vazão ao seu pensamento de natureza Tânica; se não o tivesse alimentado e não o tivesse posto em ação, certamente não teria se enrolado com aquele “inimigo’” disfarçado. Claro que as tentações se seguiriam, preponderantemente no terreno do sexo carnal, porém não somente nele, mas à medida em que o jovem carioca fosse deixando passar todos estes apelos sem se permitir levar pelos pensamentos lúbricos, a força do karma diminuiria e o faria com maior intensidade se suas ações fossem sempre voltadas para ajudar o próximo, mesmo que este próximo não fosse uma pessoa, mas um animal. Creio que deu para que meu leitor tenha adquirido um conhecimento mais firme sobre o que é o karma e como está, ele mesmo, sob o risco desta ação corretiva. Agir com consciência e vigilância em todos os ambientes é fundamental para que a pessoa se livre das armadilhas karmáticas.
Eu gostaria, agora, de pedir ao leitor que descrevesse situações de sua vida ou da vida de alguém a quem conhece intimamente, onde notou a ocorrência da ação do gérmen cármico deflagrado a partir de uma ação aparentemente impensada. Não somente o leitor estará colaborando comigo, como também estará enriquecendo o aprendizado de outros leitores mundo a fora.
Um abraço e
NAMASTÊ!

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