O Demônio da Lubricidade, Rei
dos humanos...

Ontem vi, pasmo, um documentário da TV Futura sobre a Comissão da Verdade, criada na África do Sul para conceder anistia aos criminosos brancos e negros que cometeram atrocidades na África do Sul durante o horrível período do Aparthaid.
Aquilo me tocou a alma. Uma revolta enorme tomou conta de mim. Uma revolta de eu ter nascido aqui, neste mundo amaldiçoado por Deus, onde a raça que se diz “criada à semelhança de Deus” é de uma crueldade bestial. Quatro brancos e um negro apareceram em seus julgamentos. Uma mulher branca, cheia de ódio nos olhos, rechonchuda, bem alimentada, que vivia em verdadeiro palacete na África do Sul, um dia estava tomando café num lugar só para brancos. Limpo, bem cuidado, o contrário absoluto do gueto. Então, de repente, uma bomba pôs fim àquela tranqüilidade. Tudo foi pelos ares e a irmã da branca morreu no atentado. Ela estava no tribunal irada contra qualquer anistia que pudesse ser concedida ao ativista negro que cometera o atentado e que ali estava para confessar publicamente seu crime, dizer do motivo que o levou a cometê-lo e finalmente ser julgado em seu pedido de anistia. A branca tinha ira saindo pelo olhar. Acho que em sua maldita cabeça loura havia o desejo de ver o negro ser fuzilado ou coisa pior. Ela dizia que “não tinha nada com o Aparthaid. Que morava em sua casa tranqüilamente, desfrutando de uma vida boa, que julgava ser segura. E então, aquela brutalidade que lhe roubou a irmã…”