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domingo, 24 de outubro de 2010

PSICOLOGIA PARA LEIGOS - ANSIEDADE, O MAL DESTE SÉCULO (VI)

Parabéns! Você é persistente e parece estar mesmo necessitando de ajuda, pois vem acompanhando este blog e engajando-se no esforço de auto-ajuda através do que aqui lhe ofereço. Parabéns também àquele que me lê, mesmo que não visando retirar daqui qualquer ajuda em proveito próprio. A estes, meu muito obrigado. Pena que não se dêem ao trabalho de tecer qualquer comentário a respeito dos temas; também lamento que não se disponham a sugerir outros temas, fazer perguntas, relatar alguma ajuda que retiraram daqui ou dizerem sobre o quanto aprenderam através dos temas que exploro ou, ainda, promover debates com outros leitores e até com o autor etc... Todo o esforço fica por minha conta. Apenas tomo conhecimento de que sou lido em muitos e diversos países mundo a fora (para minha surpresa, visto que só escrevo em língua portuguesa) porque tenho um contador de visitantes. Não fora ele, e eu estaria com a impressão de que escrevo para ninguém, uma impressão muito ruim. Sabem, li em algum lugar uma sentença de um sábio indiano que ficou permanentemente em minha memória. Ele disse: “É muito ruim passarmos por uma rua, alguém nos estender a mão vazia pedindo uma esmola e não termos em nossas mãos nada que ofertar. Mas é muito pior a gente estender a mão cheia de dádiva e ficar rodando em torno de si mesmo sem ter a quem dar”. Mas convivo com esta inércia do brasileiro há quase 50 anos e, embora não me acostume a isso, já sou capaz de conviver com ela sem ressentimentos. É bem verdade que meu blog não é tão lido como eu gostaria, mas reconheço que abordo temas “insossos” para o gosto dos “cibernautas”, que, nesta atualidade conturbada e confusa, anseiam por futilidades e inutilidades bem mais do que por assuntos pesados, sérios, maçantes e instrutivos. Estamos no século da velocidade. Tudo tem pressa. Tudo tem de ser consumido e virar “titica” rapidamente. Não se pode parar para ficar considerando assuntos “carroçais” – como os que aqui coloco, a menos que tais assuntos estejam dentro das necessidades prementes de alguém. Mas sou cria do Século XX e, como tal, ainda propendo para a seriedade bem mais do que para a futilidade e o consumismo do inútil e do supérfluo. É exatamente por isto que fico surpreso de ver que chego a atingir mais de mil pessoas que se interessam pelo que tenho a oferecer. Obrigado a todas elas, onde quer que estejam.
Agora, passemos ao assunto que interessa. Vimos que a PSAR faz distinção entre os verbos atuar e desempenhar. E também vimos o quanto saber diferençar entre ambos é muito importante para nossas vidas. Uma pessoa deve desempenhar papéis sociais e, ao fazer isto, deve praticar a economia de emoção e de energia psicossomática. Agora, alguém pode-me perguntar: Quando devo atuar? A resposta é: em assuntos que lhe digam respeito única e exclusivamente. Geralmente, assuntos que envolvam sua família ou seus interesses pessoais. No exercício de papéis sociais o que toda pessoa devia procurar fazer era praticar o verbo desempenhar. E para tanto, deve buscar alcançar um bom grau de qualificação nas exigências que tais papéis fazem do agente. As empresas vivem gritando por gente qualificada que possam desempenhar os papéis relativos aos trabalhos que têm a oferecer. Mas, se você notar, ninguém vive gritando por emotivos e a emoção é a base de funcionamento dos que atuam papéis específicos, não generalizados, como é o caso do papel de mãe ou de pai. Nenhuma empresa quer que seu gerente se torne um pai para os que deve gerenciar, mas procuram pessoas que estejam habilitadas para desempenhar os papéis funcionais específicos dos cargos que oferece.
Vejamos, agora, algo de muito interesse para todos os que buscam fugir às garras da ansiedade. Se você é empregado em alguma coisa ou é funcionário público pode educar-se dentro de seu ambiente de trabalho para mudar sua cognição sobre este lugar e os objetos que ele contém e com os quais passa lidando a maior parte de suas horas úteis no dia. Para isto, você vai trabalhar sua necessidade de possuir. Esta necessidade é uma extensão de outra, mais filogenética e mais poderosa em qualquer Identidade Individual. Falo da necessidade de controlar. Esta, por sua vez, deriva de outra muito mais profunda no ser mesmo do indivíduo: a necessidade de Segurança. Então, você tem a seguinte hierarquia de necessidades: segurança;=possuir;= controlar. Isto quer dizer que devido à força da necessidade de controlar o indivíduo é compelido a possuir e a posse lhe empresta a reconfortante sensação de segurança. Em função destes processos internos, toda pessoa tende a desenvolver um terreno virtual ao redor de si, chamado em Psicologia de ambiente psicológico. Neste ambiente, a pessoa organiza seus padrões perceptivos e comportamentais, de tal modo que é através deles que se comporta no mundo exterior. Entre os padrões cognitivos no ambiente psicológico do empregado de uma empresa está aquele relativo à sensação de posse que, como vimos, vai reforçar a sensação de segurança, derivada da necessidade de segurança.
Bom, vou esclarecer esta aparente confusão de padrões cognitivos. Primeiramente, vamos entender o que se compreende por cognição. Esta palavra deriva da latina cognoscere que quer dizer conhecer. Então, “padrões cognitivos” significa “padrões de conhecimento” através dos quais a pessoa qualifica os objetos dentro de seu ambiente psicológico. No ambiente de trabalho de uma pessoa existe um espaço psicológico que delimita o campo de posse daquela pessoa. Assim, a mesa onde ela se senta para trabalhar é percebida como sua posse; os utensílios sobre esta mesa de trabalho (furador de papel; lápis; canetas; computador; impressora etc...) também estão dentro do espaço psicológico e são, portanto, objeto de posse da pessoa. Assim, é comum a gente ouvir de um empregado de qualquer empresa frases como esta: “minha mesa de trabalho”; “meu furador de papel”; “meu computador”; “meu telefone”; “minha cadeira de trabalho” etc... Ora, quando você diz "minha isto; minha aquilo” está, sem o perceber, incluindo em seu ambiente psicológico e englobando em seu campo psicológico tudo a que se refere como seu. Isto significa que você vai investir emoção sobre tais objetos. E esta emoção é de ansiedade, pois esta é a primeira e a que é mais constante em nosso ser. Vai daí que se você chega à sua mesa de trabalho e não encontra sobre ela o grampeador já se irrita porque alguém dele se apossou sem seu consentimento. Sua psique percebe a retirada do grampeador que a empresa comprou para lhe emprestar para que você possa desempenhar seu papel de empregado como uma invasão de seu ambiente psicológico ou de seu campo psicológico. Isto é suficiente para que sua Identidade Pessoal reaja com comportamento de raiva. Entendeu o quanto o padrão de comportamento de posse é significativo para seu equilíbrio ou desequilíbrio emocional? Então, comece seu trabalho de economia de ansiedade mudando sua cognição sobre os objetos, utensílios e máquina de que se serve no desempenho de suas funções. Eles não são seus. Eles pertencem inteiramente à empresa. Ela foi quem os comprou. Ela somente lhe disponibiliza tais utensílios para que você possa executar com proficiência o desempenho de suas atividades laborais. Eduque-se, então, intimamente para não mais perceber tais objetos como seu. Não os inclua em seu campo psicológico. Deste modo, você se livra de uma parcela significativa de ansiedade. Sempre se refira a tais objetos como a mesa de trabalho; a cadeira de trabalho; o telefone do trabalho e assim por diante. Desvincule de sua  Identidade Pessoal tais objetos. Diga sempre para si mesmo: eles não me pertencem. Este é um trabalho de redução de ansiedade que você pode fazer sozinho e que ninguém pode fazer por você. Depois, estenda este modo de perceber as coisas e as pessoas a fim de desvinculá-las de sua necessidade de posse, de controle e de segurança. Isto fará que ao correr do tempo você se torne menos possessivo em relação àqueles com quem convive, tornando, para eles, mais agradável estar ao seu lado. Ao mesmo tempo, você dá início ao controle de seu tipo de vínculo relacional, pois tudo começa com a reeducação de seus processos cognitivos. Deu para entender? Quer ver o quanto a posse psicológica é forte, tome dos braços de uma mãe seu bebê. Vai ver o quanto a mulher fica irada. Para defender aquele objeto de posse, ela pode atacar, ferir e até matar ou morrer. A mulher não age assim por Amor, mas pela necessidade de possuir, controlar, ter para si. Aquele pequeno ser é dela, logo, faz parte integralmente de seu campo ou meio psicológico. Invadir este campo e tomar algo que lá se encontra é violentar a pessoa e lançá-la em estado de incerteza, de insegurança. O Amor não é possessivo, mas doador. Mães e pais doam-se incondicionalmente aos seus rebentos e este é um ato de amor. Compreendeu? É a forte necessidade de posse, de controle, de segurança, que põe a mulher-mãe e o homem-pai para defender o filho a qualquer custo.
Em síntese: se você não comprou o objeto, não se refira a ele como “meu”. Este possessivo reforça subliminarmente sua cognição de posse e isto vai refletir no aumento de sua ansiedade. Quanto mais você possui, mais ansioso fica, compreende? É simples assim. Então, comece por se desfazer das “posses” psicológicas desnecessárias. Até mesmo com referência à sua esposa ou ao seu marido, não repita com muita freqüência este clichê social: “minha mulher” nem diga “meu marido”. Lembre-se: meu, minha, aumentam sua carga emocional ansiogênica.
A ansiedade não é um mal em si. Ao contrário, nós não teríamos vida ativa, desperta, se não fosse a ansiedade. Ela mantém em atividade nosso Sistema Reticular Ativador Ascendente SRAA, que se constitui de um conjunto de neurônios especializados que fica situado no bulbo raquídeo, no ápice da nossa coluna vertebral, bem na nossa nuca. É a carga de emoção de ansiedade que faz que este sistema reticular entre em ação e nos mantenha acordados, despertos, alertas e ativos. Quando esta carga de emoção de ansiedade diminui, entramos em sonolência e tendemos a adormecer porque o sistema reticular ativador ascendente tem sua função diminuída.  A estafa, o cansaço físico, faz que qualquer pessoa entre num estado de diminuição da atenção porque o estado de alerta, o ‘estar desperto’ que é função do SRAA fica reduzido. Então, a ansiedade é parte indispensável de nossa existência e de nossa participação na vida interacional. Mas se torna altamente prejudicial quando, estimulada desnecessariamente, aumenta de intensidade e causa curto-circuito tanto no sistema neuronal, quanto no sistema hormonal. Se você compreendeu isto, então também compreende a razão da importância de se educar para combater a tendência de considerar tudo o que lhe cai nas mãos como seu. Não faça isto. Treine-se para se livrar deste condicionamento cognitivo-emocional. Use o ambiente da empresa na qual você é empregado como laboratório de treino. Você estará fazendo um trabalho que os comportamentalistas chamam de laboratório de dessensibilização.
Creio que está de bom tamanho. Então, até nosso próximo encontro.
NAMASTÊ.
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