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terça-feira, 12 de outubro de 2010

PSICOLOGIA PARA LEIGOS - ANSIEDADE, O MAL DESTE SÉCULO (II)


Reportando-nos ao artigo anterior, de 8/10/2010, vou esclarecer alguns termos que emprego aqui. Primeiro, o que é ambiente. Segundo, ritualização da sociedade. Terceiro, estruturação gestáltica do ambiente. Vamos, então, a isto.
Olhe para a figura ao lado. Ela não é nada. Não retrata uma cena do quotidiano objetivo de ninguém. No entanto, você tanto pode enxergar um casal fazendo um brinde em uma mesa de bar, como pode enxergar uma caveira. Bom, a rigor você tem, nesta figura, dois ambientes. Ambientes que são frutos do modo como você percebe a figura. Se sua motivação interior é mais voltada para a euforia, o bem-estar e a felicidade; se você, em curtas palavras, está de bem com a vida e consigo mesmo, então sua primeira estruturação do ambiente na figura ambígua ao lado é a do casal brindando algo. Mas se sua motivação interior é mais voltada para a disforia, o mal-estar causado por frustrações, raivas, pensamentos tristes, infelicidade, então, sua primeira estruturação do ambiente na figura ambígua é para a caveira. Se você se encontra em um estado de apatia e indiferença emocional, com tendência à depressividade, então, sua percepção dos ambientes sugeridos pela figura ambígua é simultaneamente caveira e casal fazendo um brinde. A rigor, no quadro mostrado nem há um casal, nem há uma caveira. O percebedor, no caso, você, é que estrutura uma gestalt do ambiente que sua motivação o inclina a perceber.

Creio que deu para que você, leigo em Psicologia, tenha compreendido bem o que seja a estruturação gestáltica de um ambiente e tenha entendido como é difícil tratar de assuntos relativos à entidade humana. Agora, vou definir como se deve entender o construto ambiente. 

Ambiente é o modo como uma pessoa organiza as coisas, os seres e os objetos de sua percepção da realidade interior ou exterior a si, de modo a formar um todo coerente com suas necessidades fantasiosas ou reais.

Veja como a Psicologia requer muita atenção ao detalhe das definições. Na definição acima é necessário que eu lhe esclareça mais três termos, que são: realidade interior,
realidade exterior e
todo coerente com as necessidades fantasiosas ou reais.

Por realidade interior compreenda aquele mundo de fantasia ou imaginação que é só seu, íntimo, e que não pode ser acessado por ninguém, nem mesmo quando você tenta descrevê-lo para o outro. Agora, se você é uma pessoa interessada e arguta, certemente estará perguntando: "por que o outro não pode acessar minha realidade interior quando eu mesmo lha descrevo com minúcias de detalhes?"

(Você estranhou o lha? Eu explico. Não é arcaísmo vernacular, não. É escrever corretamente e faço questão de empregar determinadas formas de contração para tentar fazer que nós, brasileiros, nos recordemos de nosso belíssimo idioma, que está sendo abandonado em prol de uma algaravia horrorosa composta de erros crassos (como os cacófatos que os repórteres da Globo cometem com a maior pompa que só retrata sua tremenda ignorância e falta de instrução escolar) ou  de palavras chulas (como o "porra", o "puta-que-pariu" etc... com que os cariocas pontuam sua fala) ou, ainda, de palavras importadas inutilmente do inglês, como é o caso do vernáculo "desenho", que o brasileiro está, estupidamente, deixando de usar para substituir pelo equivalente inglês "design". Acho isto um horror, pois a identidade de uma nação começa e se estriba em sua língua.  Veja, por exemplo, o hebreu. Ele conserva sua língua desde há milênios e não deixa que se corrompa. Veja o árabe. Ele também conserva sua língua expuindo-a de estrangeirismos inúteis. A propósito, Lha é a contração da variação pronominal lhe = a ele, a ela, para ele, para ela, seu, sua; com a variação pronominal a = ele, ela. "Lha descrevo" significa "descrevo ela para ele ou você").

Bom, uma pessoa não pode acessar seu mundo ou realidade interior porque você só dispõe dos signos lingüísticos para descrevê-lo e tais signos são muito inconsistentes em seus significados. E, agora, tenho de parar para esclarecer mais estes construtos. Signo é a entidade semiológica que substitui o objeto, a coisa, o ser que deve ser apresentado ao outro. A semiologia é a ciência  dos sinais e o  estudo da arte de os empregar corretamente. A língua escrita é formada por um conjunto de sinais para os quais há uma ciência que define as regras de seu emprego; signo é, portanto, a forma escrita ou falada de uma palavra. Por exemplo: piranha. Um determinado signo de uma lígua altamente versátil como é a nossa, possui um significante e um significado. O significante é a forma escrita ou falada como o signo é representado graficamente ou sonoramente e, a rigor, não devia variar. Em qualquer lugar que se fale a língua portuguesa, o significante piranha será sempre assim escrito. Agora, este significante pode possuir mais de um significado. O termo piranha a rigor diz respeito a um peixe carnívoro dos rios brasileiros; mas também quer dizer prostituta, para ressaltar de modo insultuoso o comportamento promíscuo das mulheres que praticam a prostituição do próprio corpo. Ou pode significar guloso, voraz. Então, sabendo disto, você percebe, agora, porque eu disse que ninguém pode acessar sua realidade interior, uma vez que os signos lingüísticos possuem variações em seus significados e o conjunto destas variações, acrescentado de qualidades emocionais diferentes entre o que fala e o que ouve, altera significativamente o ambiente descrito por você. 

Vamos voltar para as definições e definamos o que se deve entender por realidade exterior. Este construto diz respeito às coisas, objetos, seres, luminosidade, sonoridade, coloração etc... que compõem o ambiente onde você se encontra. Mesmo esta realidade não é percebida igualmente por duas pessoas, você sabia? Veja, uma cor que eu percebo como vermelha, não é a mesma cor vermelha que você ou outra pessoa qualquer percebe. Nós temos infinitas variações neurológicas na apreensão das ondas luminosas que acerratam a percepção da cor pelo nosso cérebro. Além destas sutis diferenças neurológicas, também temos reações emocionais que interferem ativamente com o modo de percebermos uma cor. Se estou alegre, feliz, eufórico, percebo a cor vemelha de uma flor como brilhante, agradável, vivificante. Mas se você, ao meu lado, está triste, disfórica, macambúzia, então, a mesma cor vermelha que estou vendo você perceberá como opaca, incomodativa, feia e desagradável. E se há uma terceira pessoa que teve uma experiência muito traumatizante, como ver um parente querido morrer esvaindo-se em sangue arterial (que é vermelho vivo) num desastre automobilístico, então, para esta outra pessoa, a cor vermelha da flor que eu admiro e você acha desagradável, para ela é repugnante e fortemente insuportável. Como você pode ver, cada um de nós três estrutura o ambiente flor vermelha de modos diferentes em função de estados subjetivos emocionais que nos caracterizam naquele momento. Aquele todo ambiental onde se encontra a flor é estruturado por cada indivíduo de acordo com suas necessidades e vivências fantasiosas ou reais. Então, a rigor, ninguém percebe a realidade mesma de um ambiente, senão em função de seus estados emocionais e de suas associações com vivências pretéritas. Você entendeu isto? É muito importante que entenda o que escrevo, pois só assim compreenderá o que vou falar sobre Psicologia. Embora seja "a ciência do óbvio", Psicologia não é nem um pouco fácil. Requer domínio do idioma que você fala; requer saber o significado e o significante dos signos lingüísticos que você ouve ou lê e requer estar atento aos seus estados emocionais, além de também estar atento aos seus modos de pensar. Complicado, não é? Mas Vida é complicação e Psicologia é Vida.

Agora, faça o segunte exercício. Escolha um momento do dia em que sua família esteja reunida - não formalmente, mas incidentalmente e de modo descontraído - em sua casa. Coloque-se fora do ambiente interativo do grupo familiar e os observe. Veja-os conversando e conflitando opiniões. Entenda que "colocar-se fora do ambiente" não é sair de casa ou do lugar onde os outros estão. É abstrair-se emocional e ajuizadoramente da dinâmica da interação que está ocorrendo no momento. É ver aquele ambiente a partir de uma posição neutra, distante, observadora. Compreendeu? Então, mãos à obra. Exercite-se, seja com seus familiares, seja com seus colegas de trabalho, mas exercite-se. Aprenda a sair da situação e apenas observar. Este é um dos exercícios do TAO na prática do TAI-CHI-TCHUEN. Quando você se alheia da dinâmica situacional, encontra uma paz interior que lhe possibilita perceber com mais riqueza o que está ocorrendo ao seu redor. Se você deseja ralmente sair de uma situação angustiosa, de medo, de raiva rancorosa, de insegurança ou de ansiedade, então, comece realizando os exercícios que lhe indico aqui. Não são difíceis e podem até ser agradáveis e divertidos - pois tudo o que é bom é necessariamente agradável e divertido. Veja uma criança. Ela aprende o mundo ao seu redor brincando, rindo e se divertindo. Não foi à-toa que Ele disse: "Deixai vir a mim as criancinhas". Então, seja uma criança para si mesma(o), pois se você se encontra em uma situação de sofrimento é porque deixou de ser criança e se tornou adulto demais.

Antes de terminar, vamos falar um pouco do que se deve entender por ritualização da sociedade. Se você atentar para sua vida e a vida em sociedade de modo geral, verá que vivemos cumprindo rituais. Os citadinos, como os habitantes de São Paulo ou do Rio de Janeiro, por exemplo, ritualizam tudo. Final de semana prolongado? Aprontar-se freneticamente para sair da cidade e quebrar a rotina. Ir para a praia ou para a montanha... E quase toda a cidade se lança freneticamente na estrada, terminando por ficar horas preciosas do tão esperado feriado enfrentando um tremendo engarrafamento na estrada... O mesmo fenômeno que enfrenta quotidianamente em sua vida descolorida de habitante de megalópole. As pessoas apenas transferiram o ritual do engarrafamento do dia-a-dia nas ruas da cidade para o trânsito nas estradas. Você tem um ritual que dificilmente quebra, quando saí para seu trabalho. Levanta-se à mesma hora; toma seu desjejum à mesma hora e quase sempre no mesmo local; serve-se da mesma condição; passa pelas mesmas ruas; reclama sempre do trânsito, do calor, da poluição... Enfim, sua vida parece um disco arranhado: repete sempre a mesma música... A civilização  que criamos e da qual nos orgulhamos é uma terrível prisão de rituais monótonos, escravizantes e estressantes. Para fugir da monotonia de minha vida de idoso e considerando que não sou adepto da bebida alcoólica, não gosto de nenhum jogo e sou tendente á misantropia, criei um ritual para escapar do nadafazerdismo que é a cloaca comum aos aposentados no Brasil. Adquiri telefone, banda larga e internet. Pronto, agora, tenho meu ritual particular: escrever diariamente em um blog e lançar minhas idéias no espaço cibernético como uma criança que lança bolhas de sabão sopradas através de um  aro de arame...

Somos seres ritualísticos e não podemos escapar senão com um tremendo esforço da prisão do ritual. Então, estabeleça este novo ritual em sua vida: aprenda a sair da situação e observar. Comece observando os outros e, quando estiver prático, passe a se observar na situação. E uma última orientação de grande importância para você e para todos nós, antes de fechar este artigo: Não se apegue a conceitos; não cultive preconceitos; os conceitos são como os instrumentos do cirurgião: devem ser usados somente quando necessários, mas descartados depois de sua serventia. Neste artigo eu fiz várias definições e para tanto  servi-me de muitos e muitos conceitos. Mas eles só me serviram para esclarecer outros conceitos para você, que me lê. Conceitos servem para conceitos, ou seja: servem para abrir conceitos; ampliar conceitos; criar outros conceitos e enriquecer o mundo conceitual em que se vive. Mas apegar-nos a eles como leme para nosso modo de ajuizar, de compreender e de determinar nosso modo de nos comportarmos diante da Vida é errado. Quem vive  por conceitos vive em ansiedade. Sirva-se do conceito para viver sem ele...
Um abraço.   

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4 comentários:

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  2. Como se faz pra adquirir o livro? Assim como não sei, certamente há de ter alguém com o mesmo problema. Seria bom então, colocar algo explicando o que fazer pra comprar o exemplar.

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