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sexta-feira, 15 de outubro de 2010

PSICOLOGIA PARA LEIGOS - ANSIEDADE, O MAL DESTE SÉCULO (III)

 Vamos continuar aprendendo como utilizar a Psicologia em busca de uma melhor qualidade de vida? Bem, durante algum tempo escrevi sobre a difícil relação entre homens e mulheres. Mas fiz uma abordagem ampla, mais socialmente centrada, do que psicologicamente centrada. Entretanto, não devemos jamais perder de vista que o Social é fruto do Individual. Mesmo que esta cria do ser humano possa moldá-lo, condicioná-lo e fazê-lo feliz ou infeliz, ela não existiria se ele não existisse. Então, o certo seria o Social ser subordinado ao Individual, não é? A respostá é: não. Um não tem de ser subordinado ao outro. Seria como afirmar que o pai deve ser subordinado ao filho pelo simples fato de ser velho. Seria como afirmar que a mulher deve ser subordinada ao homem pelo simples fato de ser mulher. Perceba: entre Social e Indivíduo há um casamento. E qual é a meta visada pelo casal no casamento? Viver em harmonia e felicidade. E, agora, eis que surge uma pergunta de fundamental importância para os humanos deste início de III Milênio Cristão:
      Por que os casamentos nestes tempos "modernos e pós-modernos" terminam sempre em infelicidade e separação, com as parelhas do casal eivadas de ódio uma contra a outra? No início, tudo são beijos e carícias. Mas após a "juntidade" vêm as agressões, as dissenções, as decepções, as brigas e, finalmente, as separações. Por que?

       
Aos realmente interessados neste assunto desejo recomendar que adquiram o livro de Riane Eisler intitulado O PRAZER SAGRADO - sexo, mito e política do corpo - Editora Rocco. Ela defende uma tese interessantíssima a que chamou de relação de parceria. Em síntese, Riane defende que a felicidade conjugal está centrada numa coabitação de parceria, em lugar daquela de dominação adotada por quase todas as culturas humanas na Terra. Por dominação compreende o modo como o macho humano trata, reprimindo, castrando e colocando sob sua égide de comando as fêmeas da espécie. Como antropóloga, Riane faz uma lindíssima análise cultural histórica, levando o leitor através do tempo e mostrando as provas irrefutáveis que as culturas humanas já desaparecidas deixaram sobre o eixo principal em torno do qual gira a vida de nossa espécie: o sexo genital. Mas a prática da psicoterpia me ensinou que há muito mais do que isso; muito mais a ser considerado, estudado e aprofundado na difícil relação homem-mulher, do que o estabelecimento da vida a dois tendo por base a relação de parceria. É evidente que a sociedade humana estaria talvez mil anos à frente, se desde cedo houvesse estabelecido seu crescimento familiar-social-tecnológico tomando por base a relação de parceria, onde o macho da espécie não dominaria a fêmea nem a submeteria à sua vontade. Entretanto, a nível de celula social o casal —  a relação torna-se muito mais sutil, muito mais delicada, muito mais complexa.
       O relacionamento entre pessoas acontece, segundo meu modo de ver (que integra a Teoria da "Psicologia da Antropiatria Sincrônica Ressonante", de minha autoria) através de vínculos caracteristicamente psicoemocionais. Que se deve compreender por vínculos relacionais ou vinculação interpessoal? Vou procurar simplificara ao máximo o que compreendo por estes construtos. A Teoria em si é complexa, ampla e prenhe de conceitos de relativa dificuldade, mas não preciso explaná-la toda, aqui. Basta que fale simplificadamente, de modo que você, leitor ou leitora, compreenda onde se situa no intrincado complexo dinâmico que é a vida de toda pessoa.
       Vínculos Relacionais, ou Vinculos Interpessoais são processos característicos na estruturação da Identidade pessoal, que gerenciam a maneira como o indivíduo se relaciona com seus semelhantes e seus ambientes de modo geral. Você não precisa ser psicólogo para já ter observado que há pessoas que, quando falam com alguém, puxam-lhe a manga da camisa para trazê-lo para perto de si e espicham o pescoço em direção à orelha do interlocutor, como se estivesse desejoso de, literalmente, colocar suas palavras diretamente dentro do cérebro do outro. E há pessoas que se mostram sempre autoritárias, donas da verdade e que procuram tenazmente fazer valer sua opinião e seu modo de entender as coisas, chegando  até mesmo às vias de fato (sem pancadaria, mas com intensa emocionalidade e irritabilidade), quando contrariadas em suas pretensões. Também há aquelas que vivem procurando agradar de modo servil, como se buscasse ansiosamente manter o outro sempre satisfeito, assim como há aquelas pessoas que são dominadoras, impositivas, que procuram sempre dirigir o outro até mesmo no que devem pensar, ou devem dizer, ou devem fazer. Tenho certeza que no leque de seus relacionamentos você pode facilmente encontrar indivíduos com as características que descrevi acima. Não  há como negar tais idiossincrasias no modo como as pessoas se relacionam. Sem descer às profundezas da Psicologia da Antropiatria Sincrônica Ressonante - PASR, chamo a tais modos peculiares de relacionamentos de Vínculos Relacionais. Agora, minha pergunta que talvez vá incomodálo (a) bastante: qual é seu tipo de Vínculo Relacional? Para ajudá-lo, descrevo a seguir os tipos que identifiquei:

1º Vínculo de Tirania  características comportamentais: agressividade por palavras, por atitudes, por gestos. O vinculador tirânico procura as fraquezas do outro para explorá-las, não a fim de auferir vantagem com isto, mas com o propósito de humilhar o outro e quebrantar-lhe a vontade. O vinculador tirânico tem uma necessidade mórbida de fazer sofrer ao outro. Nos seus relacionamentos adota sempre uma postura de arrogância, intimidação e mando inconteste. Os que são obrigados a conviver com um vinculador tirânico apresentam alto grau de ansiedade, insegurança, temor e auto-imagem reduzida com conseqüente auto-estima também reduzida. Nas empresas, este tipo de vinculador tende a crescer diante de seus superiores porque mantêm seus subordinados obedientes e "na linha". Entretanto,     são a causa mais forte do alto índice de absentismo por doenças profissionais - como dispepsias; dores estomacais; úlceras nervosas; cefaléias; confusão mental; cansaço crônico; desânimo; choro fácil e outras.

2º Vínculo de Dominação características comportamentais: sarcasmo; ferinidade; melifluidade; zombaria; humilhação do outro; redução da auto-estima e da auto-imagem do outro. O vinculador dominante serve-se destes artifícios na interação verbal ou social com o outro porque não aceita de modo algum estar errado. É, como se costuma dizer, "o rei (ou a rainha) da cocada preta". Tem de ter razão, nem que, para tanto, torça as palavras do outro e coloque em suas frases intenções que não havia no discurso original daquela pessoa. Conforme eu costumo dizer: o vincular dominante está, sempre, em qualquer situação de interação social, jogando no campo oposto ao daquela pessoa a quem visa submeter à sua vontade. Leva, aquele a quem pretende dominar, à exasperação emocional, causando constantes situações de conflito nas quais está como o pato dentro d'água: à vontade. Este tipo de vinculador não dá descanso àquele a quem persegue. Aproveita tudo para atacar sua vítima. Toda palavra que ele diga; toda opinião que emita;  todo conceito que enuncie;  todo juízo de valor que expresse, enfim, tudo é distorcido de tal modo a fazer que o outro se sinta culpado ou ignorante ("burro"). Nunca, jamais reconhece mérito naquele a quem ataca - ainda que o mundo todo afirme o contrário. Geralmente é "mascarado", isto é, mantém-se como "um doce de pessoa" até que se sinta atingido por algum comportamento do outro que lhe desagrade. Passa, então, a revelar o quanto é vingativo e rancoroso. Perdão é algo que não faz parte de suas qualidades positivas. Em lugar disto, cultiva tenazmente a inveja e a vingança a qualquer custo. Torna-se estremamente rancoroso e magoado com quem lhe fira crenças, sentimento ou valores pessoais.

3º Vínculo de Gliscroïdia características comportamentais: O vinculador gliscroïde é a pessoa "grudenta". Vive num permanente estado de doentia curiosidade e, em relacionamento interacional verbal, está o tempo todo puxando o outro para perto de si, conforme já descrito acima. O vinculador gliscroïde irrita porque é um mexeriqueiro de mão cheia. Inseguro emocional, precisa constantemente estar recebendo reforço positivo para suas crenças e suas opiniões e tende a formar "grupos de maledicência" contra aquele que lhe nega este apoio. Nos relacionamentos ele não ama. Confunde amor com necessidade de apoio permanente, constante e exaustivo. Apela para o choro e a auto-humilhação quando se sente desamparado por aquela pessoa a quem diz dedicar amor profundo. Apresenta-se com um falso, porém subliminar, estado de tristeza ou melancolia, quando seus desejos, suas opiniões ou suas fantasias são contrariados. Busca vingança sempre servindo-se de um grupo de maledicência formado por ele mesmo e, quando põe em movimento a roda da intriga, coloca-se "companheiramente" ao lado daquele a quem está atacando atrás dos outros que manipula. É exímio intrigueiro, mas quando a coisa aperta para seu lado, "pendura-se na cruz" porque sabe perfeitamente que ninguém apedreja o crucificado. No entanto, lá de cima de seu tormento, pode achincalhar a paciência e a vida dos outros, manipulando quantos estejam ao seu alcance. 

4º Vínculo de Subserviência características comportamentais: o vinculador subserviente é uma pessoa que está o tempo todo buscando agradar os outros. Necessita doentiamente de ser reconhecido como "bonzinho", como "prestativo". Vive sob o domínio da fantasia doentia de que se não for agradável não será reconhecido porque não tem valor enquanto pessoa. Tende a ser doentiamente invejoso e sob a capa de "bonzinho" está sempre prejudicando o outro à sorrelfa. É compulsivamente maledicente e procura colocar no outro os defeitos que são seus - fraqueza de caráter; pusilanimidade; inveja; falsidade etc...

5º Vínculo de Contestação características comportamentais: o Vinculador Contestador é uma pessoa que está sempre indo de encontro aos valores, aos costumes, às decisões do outro ou de uma comunidade. Há duas modalidades de contestadores: a primeira, o Contestador Ponderativo. É jovem, impulsivo e que, por força de sua criação, tornou-se adulto depressa demais. Exemplo de contestadores ponderativos são os jovens que se formam em Direito com idade entre 23 e 25 anos. Por força do que vivenciam na prática do Direito (corrupção, desrespeito à Lei, falcatruas etc... entre juízes e advogados com OAB), tornam-se maliciosos, maldosos e desacreditam de qualquer valor pessoal ou social. Encaram o mundo com descrédito e desconfiam até da própria sombra. Estão sempre predispostos a encontrar uma falha, um erro, uma malícia no que o outro diz ou faz. É um pessimista não por característica de Identidade, mas por formação familiar, educacional ou social. O segundo tipo é o Contestador Intempestivo. Diz respeito àquele homem maduro e já entrando no rol dos da 3ª idade e que não se conforma com este fato irreversível da vida. Veste-se como os jovens; adota a gíria da moda; vive correndo atrás das "gatinhas" ou "cachorras" ou seja lá que nome esteja-se dando às mulheres, agora. Usam brincos e piercings espalhados pelo corpo; falam a gíria da juventude e procuram estar em todos os eventos destinados aos jovens. São "espertos" e "safos" e procuram mostrar isto aos seus companheiros jovens para fasciná-los e controlá-los. Usam sua experiência como meio de tirar proveito da juventude, em vez de ajudá-la no difícil caminho da maturidade com responsabilidade. Quase sempre são adeptos da droga e defendem tudo o que os jovens desejam em sua imaturidade, rebeldia e irresponsabilidade. São homens velhos, mas psicologicamente imaturos e perdidos em si mesmos.

Agora, que você tem as descrições comportamentais e qualitativas dos "vinculadores", coloque-se de frente para o "Espelho Mágico" - sua consciência pessoal - e olhando-se nele defina para si mesmo(a) qual é o tipo de vinculador que você é. Ah, sim, ninguém é somente um tipo de vinculador. Todos termos todos os modos de nos vincularmos, porém um destes modos é dominante em nossa vida e quando se torna demasiadamente senhor de nosso modo de viver é tempo de voltar nossa atenção para ele, pois que se torna irremediavelmente um tirano para conosco mesmos e para com os que estão ao nosso redor. Mas eu lhe previno: vai ser um esforço de amargar, pois sua Identidade Pessoal (aquela que é formada no cadinho da educação familiar, escolar, social e religiosa) vai espernear e tentar por todos os meios ocultar de você a característica que procura descobrir, pois, no seu íntimo, essa Identidade envergonha-se de ser o que é. Mas este é o esforço que qualquer psicoterapeuta irá exigir de você - que seja sincero(a) consigo mesmo(a) antes de tudo e acima de tudo, pois seu estado de sofrimento não nasce fora de você, mas sim em você mesmo(a). E, acredite, nestes momentos de "auto-busca" é que você vai verificar o quanto é covarde e falso consigo mesmo(a).
 Um abraço e até nosso próximo encontro.
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2 comentários:

  1. Acho que talvez eu me encaixe mais no vinculo contestador imperativo. Mas:
    " Pau que nasce torto só morre torto se quiser "

    rsrsrs

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  2. É Contestador Intempestivo, Zeus. E como você é jovem, está coerente. O natural é que ao amadurecer você altere seu vínculo.

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