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quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

UM HOMEM, UMA MULHER E UMA GALÁXIA DE DESENCONTROS ENTRE AMBOS...

A Magia dos momentos de atração
tende a desaparecer e dar lugar à
amargura da convivência em comum.
"Eu te amo!" Creio que esta é a oração "mais rezada", gramaticalmente falando, desde quando o homem aprendeu a se expressar através da palavra falada. Geralmente quando é "orada", olhos nos olhos, coração aos pulos, mãos frias e uma vontade louca de não-sei-quê confundindo o raciocínio, tudo parece se resumir àquele momento "mágico". Não existe a dimensão tempo-espaço. existe o aqui-e-agora daquele instante fatídico, decisivo e de futuro totalmente imprevisível. Tudo parece que será para toda a eternidade, embora tal eternidade tenha quase sempre um fim rápido demais para tanta expectativa. E o futuro sempre surge como uma criança linda, inocente, alegre, manipulável e sempre primaveril. Mas rapidamente tudo muda e vem o inverno e o frio com ele; e vem o verão e a secura também; e vem o outono e a apatia como sua companheira inseparável; e a primavera não mais retorna. Então, vem o espanto, a inquietação, a frustração, os desencontros, as vontades que se chocam e tornam a convivência um desagradável cabo-de-guerra.


E de um e de outro envolvido na situação de enlevo desequilibrador, aquela "oração" tão emocional impõe que haja a exigência do exercício da renúncia; do exercício do perdão; do exercício da compreensão; do exercício da paciência; do exercício da benevolência;  do exercício do companheirismo; do exercício do respeito às idiossincrasias do outro; do exercício da tolerância às diferenças de cada qual; do exercício da contenção à tirania e ao mando impositivo; do exercício da paciência; do exercício da aceitação das fraquezas do outro... Enfim, um rosário quase interminável de exercícios que são absolutamente indispensáveis para que aquele "amor' continue pintando sempre de cor-de-rosa o futuro imediato da convivência diária. Uma tarefa absolutamente impossível. É claro que há quem se contente com somente 50% disto tudo, mas certamente levará em seu íntimo algumas frustrações e algumas amarguras que tornarão aquela manhã radiante da "oração" mais rezada desde que o mundo é mundo, em um arrebol de pôr do Sol com menos brilho do que era esperado, desejado e sonhado para toda a vida.
No dia-a-dia os desencontros
amargam a convivência e
nublam o Sol do Amor
Há, sempre, uma galáxia de desencontros entre duas pessoas "que se amam".
O leitor deve estar estranhando que eu tenha colocado entre aspas o "que se amam". Explico. O que duas pessoas sentem uma pela outra é um Desejo que vem determinado, segundo o Budismo, o Espiritismo, a Teosofia, o Taoismo, o Cristianismo (o verdadeiro, não o estuprado pelo Catolicismo) e muitas outras crenças religiosas, desde um passado ignoto para os que estão aqui, vivendo esta realidade atual.
Esta crença em uma história anterior à vida presente integra um panteão enorme de religiões, muitas já mortas há milênios. Esta realidade histórica não pode ser descartada com um simples dar de ombros ou com um bobo sorriso de mofa, não. Algo muito sério tem de haver nesta crença milenária e generalizada. E a própria Ciência pragmática conta com inúmeras provas de que há uma vida após a "morte" do corpo físico. Há inúmeros relatos cientificamente registrados de pessoas que tinham realmente morrido, mas que por alguma razão desconhecida, tiveram de retornar para continuar alguma coisa que a morte prematura lhe interrompera fazer. Já escrevi muita coisa a respeito da Teosofia, portanto, os que me acompanham já devem ter bem solidificada a crença na veracidade desta fé que é planetária.
Um homem, uma mulher e uma galáxia de desencontros entre eles é o que acontece com todos nós. Não há como ele e ela se encontrarem em perfeita harmonia e total equilíbrio na Terceira Dimensão. Há sempre a continuação de uma história sem fim entre ambos. Sem fim porque, mesmo quando fora do Samsara, a Roda das Encarnações, ambos continuam a História que vinham construindo só Deus sabe desde quando.
A beleza física, transitória e de rápido desgaste, é a armadilha
mais perigosa que a "Natureza" coloca no ser humano para
que se cumpra a Lei do Karma...
Em lugar de "Eu te Amo" dever-se-ia dizer "Eu te Desejo". Desejo teu corpo; desejo o prazer de ser aquele que te provoca o orgasmo que quero ver com exclusividade; desejo tua beleza física; desejo esse algo que se faz presente em ti naquilo que dizes, no como dizes e no que fazes; no teu sorriso, no teu meneio de corpo, no teu cheiro natural... Enfim, tudo em ti me desperta um Desejo de Posse. A posse irrestrita disto que és tu. Eu te desejo porque tenho que te utilizar para meus propósitos. E tu, somente tu, neste momento de minha História, és aquele (ou aquela) que me pode ajudar a me livrar do apuros em que me encontro ou a preencher um vazio que há em mim e que eu sozinho não consigo tampar. Desejo essa alegria de viver que tens e que me falta. Desejo esse teu otimismo que me contagia e me faz acreditar que sou capaz, embora lá no fundo de mim eu tenha dúvidas. Desejo essa força que emana de ti em tudo o que fazes; desejo a segurança que passas aos outros com teu conhecimento, com tua experiência de vida, com teu pragmatismo; desejo poder mostrar aos outros que sou teu dono e que consegui dominar minha "mosca azul"... Ah, tanta coisa há escondida e incompreendida por quem diz a tão batida e eterna fórmula "Eu te Amo"... 
Não. Definitivamente nesta terceira dimensão que é o Reino da Dor e da Purgação de Erros e Crimes não há o Verdadeiro Amor. Há o Império do Desejo e este é medíocre e de vida curta. O que se deseja no outro é sempre uma miragem. Algo que nossa fantasia tratou de enfeitar ao máximo para que nos enganássemos por nossa própria conta. Alguma coisa que, no fundo, ou não possuímos ou nossos pais não no-la prodigalizaram como deviam fazer no desempenho da elevadíssima tarefa de Educar.
Já que os pais não educam, eduquemos nós, os legisladores.
Assim, quem sabe? Poderemos evitar outras catástrofes
no futuro do Mundo...
Não se vê, hoje, as Casas Legislativas querendo regular o irregulável? Disciplinar o indisciplinável? Até as tradicionais e milenárias palmadas que a mãe aplica na criança quando esta abusa do direito de fazer birra está sendo regulada, condenada e pondo os pais em uma camisa de força. Isto é o atestado máximo que o Estado concede à Falência da Educação Familiar. Falta de carinho, falta de disciplina, falta de delimitação de território, falta de imposição de limites pelos pais, tudo isto causa um "buraco" que, futuramente, na vida adulta daquela pessoa que foi mal educada em família, a levará a comportamentos que só trarão dores, decepções, sofrimentos e desilusões a ela mesma e ao infeliz que com ela se deixar envolver.
Vejo casais onde um parceiro se dá totalmente ao outro, embora este outro seja um pequeno tirano que não colabora em nada com seu próximo. Doentes rebeldes ou fracotes arrogantes, que não são capazes de sobreviver sem a força do outro, mas que, quiçá por uma inveja doentia existente no mais profundo de seu Ser, comportam-se tiranicamente para com aquele que o ajuda e por ele se sacrifica totalmente. As lendas de heróis fortíssimos que se curvam diante de reis pusilânimes e tão fracos quanto bambus podres retratam, na realidade, tais relações interpessoais. Mas... Por que será que tais heróis se submetem a tão grandes sacrifícios? Justamente porque são heróis. Se não o fossem, não aguentariam a canga e a relação simbiótica se romperia, para a infelicidade e, quiçá, a morte mesma do tirano fracote e dependente, assim como para a desorientação e a perdição do herói que, sem um motivo para se sacrificar, sentir-se-ia perdido no mundo.
Pode-se acreditar em anjos que vivem numa dimensão diferente
desta nossa. Por que não se pode crer que possamos existir em
outra dimensão, depois que saímos desta onde nos encontramos
atualmente?
A par com a Psicologia do aqui-e-agora há que se considerar a Psicologia da Herança Transpessoal - como a denominei em minha Teoria da Psicologia Sincrônica Ressonante - P.S.R., a qual deveria estudar as sequelas psicoemocionais que vêm com o indivíduo desde uma vida anterior e na qual, segundo afirmam os adeptos da Vida Eterna em Eterna Evolução, aquele indivíduo se envolveu com outro ou outros e a estes fez mal de algum modo ou recebeu destes algum mal que não foi perdoado. O rancor ficou no ofendido e nos ofensores. E este rancor fere a Lei do Amor; fere a Lei da Evolução Positiva e, por isto, os Espíritos dos envolvidos nos dramas pregressos retornam agora com a incumbência de reparar o que de errado fizeram. Piedosamente a Lei do Karma retira aos envolvidos no drama pregresso a memória, no presente, da recordação do que lhes aconteceu no passado, pois tal memória, com toda a certeza, suscitaria novamente os rancores e as mágoas avoengas e desnecessárias em uma realidade totalmente diversa da anteriormente vivida. Mas a Lei do Karma não pode zerar absolutamente a carga emocional que os envolvidos no drama pregresso sentiram, pois é a emoção que permaneceu errada em cada um dos atores. Assim, com muita freqüência, tais cargas emocionais já predispõem os indivíduos, quando se encontram aqui "em baixo" novamente, a se atacarem, servindo-se, para isto, de tudo o que suas psiques percebem subliminarmente como possível de ser utilizado como armadilha para atrair o desafeto de antanho. E é então que surgem os abnegados heróis que se sacrificam todo em benefício de vermes vingativos, rancorosos e covardes. Vermes humanos que são incapazes de perdoar.
Alguns encontros hodiernos, aparentemente casuais, de duas almas que ou se odiaram ou se amaram e se separaram na História Sem Fim do Universo, resultam em fantástico lucro para ambos. E quando tal acontece, acontece de um modo enviesado, fora dos padrões sociais aceitos como "corretos", "honestos", "legais"... Quase sempre estas pessoas são execradas por parte da Sociedade Pusilânime em que se vive, enquanto que, pela outra parte, são admiradas e se tornam exemplos a serem seguidos. São muito estranhos os caminhos que o Karma determina para cada indivíduo, para cada Espírito em Evolução, mas é certo que de modo algum o Karma se submete às Leis transitórias criadas pelo homem enquanto ser socialmente ativo. Um exemplo do que digo está na história lindíssima de Johann Strauss, Jr., ou na história não menos tocante de Dr. Jivago. E o Karma sempre dá um jeitinho de armar a nova história daqueles Espíritos em purgação de modo que suas vidas presentes sejam uma oportunidade para que outros espíritos, também de algum modo envolvidos com os dois atores da atualidade, mas no passado remoto, tenham uma oportunidade única de exercitar uma qualidade espiritual que lhe falta e sem a qual não progredirá na Senda da Evolução. Tais espíritos geralmente são de pessoas mesquinhas, tirânicas de pequena estatura emocional e psicológica, que tiranizam tenazmente seu (ou sua) parceiro (ou parceira) sem se dar conta de que estão desperdiçando uma oportunidade de ouro de sair de uma situação cármica horrorosa.
Dramas familiares e maritais em que uma terceira pessoa é envolvida emocionalmente são comuns em consultórios de Psicologia Clínica. Como, porém, o Psicólogo não é preparado para levar em consideração a Psicologia da Herança Transpessoal, seu trabalho é ínfimo e se prende ao estreito círculo do drama contido nesta existência tida e havida teoricamente como única e definitiva.  E nesta, rege-se pelos preconceitos legalizados em Leis transitórias e mutáveis de conformidade com a evolução da cultura daquele povo em que vivem ele e seu (ou sua) cliente. Em situações assim, o Psicólogo é o único profissional de Saúde que tem a felicidade de vislumbrar a "Galáxia de Desencontros" que há por detrás daquelas vidas "amargas". Seu parceiro nesta aventura é o Psicanalista, mas este se prende a escarafunchar a vida pregressa imediata de seu "paciente", perdendo a riqueza da transcendentalidade do Espírito humano.
Como um Espírito que, como todos os demais, sem exceção, vive seu drama cármico gota a gota, aprendi a olhar para minha "Galáxia de Desencontros" e vejo que ela é vasta. Seria infinita, não fosse a Bondade do Criador, que permite que ações boas e boas intenções eliminem grande partes dos débitos que se tem na contabilidade cármica. E assim, passo a passo, vamos, todos nós, caminhando em direção a um futuro que desconhecemos, mas que alguns abnegados pesquisadores nos indicam como a meta que todos teremos de alcançar. E esta meta não contém nenhum céu de felicidade absoluta e eterna. Isto seria um tédio sem tamanho. Não. A meta que devemos alcançar e realizar implica em mais e mais trabalho; mais e maiores responsabilidades, pois o Campo da Evolução é Infinito, assim como infinita é a dimensão Espaço-Tempo...
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