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terça-feira, 20 de dezembro de 2011

FELIZ NATAL E PRÓSPERO ANO NOVO!!!

E eis que chegamos a mais um final de ano. Novamente se renovam sem cor e sem ênfase os votos de "boas festas e feliz ano novo". É automático. É fim de ano? Pronuncie este chavão porque é de praxe. Mas note que as festas mesmas são dos comerciantes e industriais. Fora eles, só os políticos, os polititicas, os industriais, os ministros dos  tribunais, os donos das grandes cadeias de supermercados e lojas e os marajás do serviço público podem ter festas cheias de sorrisos sem ter por detrás deles a preocupação com o cartão de crédito estourado ou o limite do cheque especial arrombado. O resto do Brasil, o "eleitorado pé rapado ou simples proletário" (sempre surpreendido por cartões de boas festas e de pedido sem-vergonha de "vote em mim que sou ruim", de políticos e polititicas, que descobrem rapidinho o endereço do coitado quando estão próximas as eleições), deve contentar-se mesmo com o frango assado da padaria e olhe lá.

Geladeira e fogão novo devem ser comprados porque o Governo deu um pequeno refresco nos impostos que oneram estes produtos de primeira necessidade. Quem fica alegre com isto? O comércio, seu trouxa. Você apenas vai ficar mais encalacrado do que estava antes de entrar na loja. Mas certamente vai sair dali com aquele sorrisão, crente que fez "aquela economia".

Hipnose coletiva. Este é o estado em que fica toda a nação brasileira quando o Mercado inunda o mundo virtual e as televisões com propagandas mentirosas, em que pese a Lei que proíbe tal desrespeito ao cidadão. Não se pejam de se servir da História (falsificada a mais não poder) do Grande Mestre Yoshua para arrancar mais uns trocados dos nossos bolsos. Natal! Natal! Natal! E as crianças são mobilizadas num exército que ataca impiedosamente os pais e os parentes, para gáudio do Mercado. E nas empresas grassa a doença do "amigo oculto", que vai obrigar o pai de família - e empregado - a desembolsar mais alguns níqueis para comprar um presente, muitas vezes para ofertar a um sujeito que é mais falso que bosta de boi e contra o qual tem mais raiva que amizade a ofertar. Mas é Natal, não é mesmo? Nesta época, ser falso é Ético. Sorria de Alegria com a cara e chore de desespero com o coração. Esta é a Lei para a maioria esmagadora do eleitorado brasileiro.

Natal! Que época de hipocrisia crassa. Explora-se a emocionalidade humana sem pejo, sem ética, sem cuidado nenhum, pois o que interessa ao Mercado é dim-dim. Só isto. Se você, depois, vai passar mais da metade do ano novo numa tremenda saia-justa por causa das dívidas estúpidas que fez devido à alegria hipnótica das festas natalinas não interessa ao Mercado. É aí que você descobre que ele é desalmado. Não tem contemporização. Comprou sem poder? Dane-se! Quem mandou mergulhar de cabeça na ilusão que ele lhe vendeu? Tivesse juízo, ora essa. Agora, paga e não chia. E para revolta do Mercado inventou-se o Código de Defesa do Consumidor e o maldito Procon. Eles põem meia-trava na ganância desmesurada do Mercado. Um mal necessário, senão, como seria o Natal do ano corrente? Mas o Mercado não pensa. O Mercado só vê dim-dim. O futuro para o Mercado é feito de dim-dim. Só de dim-dim e nada mais.
Sei que estou dando nó nas tripas de muitos otários que acham que o Natal é a época mais maravilhosa do Mundo. Mas informo a estes que há outro grupo de otários tão grandes quanto os dos aficcionados do Natal e que acha que a época mais maravilhosa do mundo é o Carnaval. Estes, colocam o Natal em segundo plano. Então, briguem entre si, sim? Eu não estou nem aí para um velho barbudo que entrou de gaiato na História do Cristo, nem para as mulatas suarentas rebolando suas bundas nos carros alegóricos ou ao lado de "famosos e famosas" nas passarelas do samba Brasil a fora. Tudo isto é ilusão, é mentira, é estupidez e liberação do que há de mais baixo em matéria de emoção - quando se trata do carnaval -, e posso dizer de coração limpo que em toda minha vida sempre achei tais festas uma idiotice sem tamanho. Quando o Mercado tira o máximo que podia do Zé Povão, todos caem imediatamente na apatia cinzenta do dia-a-dia. O bilionário, o milionário, o rico e o remediado caem na mesma angústia gerada e mantida pelas Bolsas de Valores. O povo comum, o "eleitor" ou "consumidor" cai de cara na angústia do aperto das dívidas contraídas na embriaguez da hipnose coletiva de que fez parte idiotamente. A criançada, após dois ou três dias, abandona ao léu o brinquedo que lhe pareceu tão importante quando sob a hipnose do Natal. Algumas até os quebram no dia mesmo em que os recebem de presente. Muitas mulheres se vêm às voltas com uma prenhez indesejada, fruto das orgias desenfreadas e tocadas a drogas diversas. E, pior que tudo, muitos jovens que eram limpos e podiam seguir um bom caminho na vida, tornam-se drogadictos na embriaguez do Carnaval e vão terminar ou mortos pelos "cobradores" dos criminosos, e  presos ou perseguidos pelos policiais. Este é o prêmio macabro que o Social não mostra nas manchetes de seus jornais sensacionalistas, pois isto afetaria o Deus Mercado, o que não seria nada bom para o pasquim ousado. Isto, sem levar em conta as milhares de moçoilas que "caem na vida" depois das três noites de embriaguez e vão terminar no fétido e sofrido esgoto da prostituição. O Social também não mostra as lágrimas doridas das famílias desorientadas que não puderam conter o ímpeto selvagem da juventude, açulado que foi pela hipnose grupal estimulada pelo Mercado.

Pois é. Ainda se está entrando na euforia idiota do Natal e já se começa a murmurar sobre o Carnaval, a festa que se segue àquela. É o Mercado que não pode parar de sugar dim-dim do Zé Povão.

Bem, já que não posso fugir ao Sistema, aceitem os votos idiotas de "Bom Natal e Feliz Ano Novo" deste velho ranzinza.

E que se dane o Mundo que eu não me chamo Raimundo. (Não sei bem a razão deste dito popular, mas ele se encaixa bem aqui)

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