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sexta-feira, 3 de setembro de 2010

PSICOLOGIA - A DIFÍCIL RELAÇÃO HOMEM-MULHER (3.A)

Em complemento ao artigo anterior, se o leitor(a) desejar trabalhar consigo mesmo ou consigo mesma a fim de safar-se da dominação que sofre dos rituais e cerimônias (que eu chamo de tirania de papel social), proceda conforme procediam meus ex-clientes em Psicoterapia, no Rio de Janeiro.
1 - Procure um local sossegado em sua casa e defina uma hora na qual você esteja em paz, fora do alcance das solicitações e dos estímulos ambientes, familiares ou de trabalho.
      1.a) se você já se encontra com um nível de ansiedade muito grande, que não lhe permite sossegar-se conforme é necessário, tome um banho bem quente e, no final, alterne entre uma ducha fria e outra quente, por cinco vezes.
        1.b) enxugue-se esfregando vigorosamente a toalha por todo o seu corpo, parte a parte, de modo que ele fique quente pelo afluxo do sangue para a periferia. Friccione principalmente o tronco na frente e atrás e as pernas.
        1.c) depois do banho, ainda no banheiro e nu ou nua, feche os olhos, volte as mãos com as palmas naturalmente abertas uma para a outra, como se estivesse apanhando algo diante de si, e comece um movimento ascendente desde a região pubiana, passando as mãos próximas ao tronco e ao rosto, terminando com os braços esticados acima da cabeça, a face acompanhando o movimento das mãos, começando voltada para baixo, olhando as mãos que sobem, e terminando ao alto com as palmas voltadas para cima; durante a subida das mãos - não muito depressa nem muito devagar, mas o suficiente para que o movimento de subida se coadune com uma forte inspiração - inale o ar profundamente, enchendo totalmente os pulmões e, quando suas mãos estiverem no alto, inspire mais um pouco e outra vez, até que não haja mais espaço para a entrada do ar. Mantenha o corpo imóvel nesta posição, sem expelir o ar, contando lentamente até 7. Então, comece a baixar os braços expirando durante sua descida, até que eles caiam naturalmente ao lado do corpo e seus pulmões não contenham ar. Pare. Force mais um pouco a saída de ar e mais um pouco outra vez. Mantenha-se assim, vazio, pelo tempo de uma contagem lenta até o número 7.
         1.d) Repita o exercício por três vezes. Com certeza, estará bem mais relaxado do que quando entrou no banho quente. Estará pronto para dar início ao trabalho psicoterapêutico de libertação da "tirania de papel social".

2) Agora, relaxado, vista-se, saia do banheiro e pegue um caderno e uma caneta ou lápis e comece a enumerar todos os papéis sociais que desempenha durante o dia.

3) Coloque estes papéis sociais em ordem de grandeza, isto é, os que mais impregnam seu ser (que o dominam e o fazem agir como se você fosse aquele papel sempre); os mais pregnantes (mais notados e mais fortes) primeiro; a seguir, os demais em ordem decescente de pregnância.

4) Defina cada papel claramente, isto é, descrava tudo o que caracteriza cada papel que você desempenha. Por exemplo: seja o papel de gerente de vendas. Neste papel, você:
a) veste-se conforme seu cargo exige;
b) postura-se como aquele que manda;
c) observa os subordinados para julgar seus desempenhos;
d) procura incentivar os subordinados a melhorar seus desempenhos;
e) estuda o mercado para manter as vendas sempre em aumento e lucro;
f) é exigente com os menos capazes;
g) etc...
 Na hipótese acima, você deveria estudar cada característica deste papel e verificar aquelas que permanecem consigo, atuando em todos os momentos de sua vida fora da empresa. Por exemplo: em casa, na relação com seus filhos, que características daquele papel você mantém nesta relação familiar? Na relação com sua empregada, com seu marido, com seus parentes mais próximos, que características daquele papel influem de modo significativo no seu comportamento? Compreendeu?

4) Comece o trabalho pelo papel social mais fraco em poder de dominação sobre sua pessoa.

Inicialmente verifique durante quantas horas aquele papel social o(a) domina (no todo ou em apenas algumas características). Por exemplo: você está no papel de pai ou de mãe. Então, verifique em quantas horas do dia e em quais locais de relacionamento pessoal você permanece neste papel, diariamente. Note bem: não tem de ser verdadeira a assertiva que afirma que 'mãe é toda hora'. Você, sendo mãe, também pode ser somente uma companheira de folguedo; ou uma parceira confidente; ou uma ouvinte atenta, que não interfere com o outro, mesmo que esteja percebendo que este outro está pensando ou fazendo algo errado segundo seus princípios; uma confidente que sabe ouvir sem censurar; uma conselheira que orienta sem criticar os erros que vê no outro etc... É ridículo, e muitas vezes prejudicial, que uma mulher-mãe se comporte como mãe na relação com seu marido, por exemplo; ou na relação com sua empregada doméstica.

Não se iluda: você não vai conseguir realizar a análise de todas as características de todos os seus papéis sociais de uma única vez. Assim, escolha sempre o papel de menor influência sobre sua pessoa e comece trabalhando nele. Só quando terminar seu trabalho, passe para o seguinte.

Em que consiste seu trabalho de correção e libertação de si mesmo (ou de si mesma) da tirania de papel social?

Uma vez que você determinou com clareza quais características dos papéis sociais que desempenha permanecem fixados em seu comportamento de relação, procure definir uma ou mais características opostas àquelas e escolha a que melhor se adeqüe à sua vida. Passe, então, a treinar empregar esta característica em lugar da que a domina, toda vez que surgir uma situação em que esta seja requisitada em sua vida de relação. Por exemplo: você detectou que se mantém no papel de mãe também na relação com sua empregada doméstica e que isto a tem levado a confundir a observância do vínculo patroa-empregada. A característica do papel de mãe que mais atrapalha neste vínculo é a de ser tolerante demais com os comportamentos abusivos de sua doméstica. Esteja ciente de que isto aconteceu e se desenvolveu justamente porque você se manteve "mãe" demais nesta característica. Então, o modo de corrigir esta sua falha é procurando uma característica oposta, mas não agressiva, àquela que lhe impregna o comportamento de relação doméstica. Compreendeu?

Mas esteja atenta a esta outra observação:
Você não vai conseguir corrigir-se sem um quantum de indecisão e medo, pois toda mudança, principalmente quando ela deve ser feita por nós em nós mesmos e de modo consciente e volitivo, é difícil. Assim, passe pelo menos uma semana se observando e observando a outra pessoa, intimamente se corrigindo e se impondo até que se perceba preparada para atuar com firmeza e sem medo das conseqüências resultantes de sua mudança. Isto é fundamental em seu treinamento de assertividade. Se você não se sentir capaz de realizar esta tarefa de libertação da tirania do papel social, procure um  terapeuta que atue na linha comportamental. Ele pode ajudá-la(o) a levar a cabo este esforço.

Uma última observação: o medo nem sempre é bem claro aos olhos de quem se observa. Ele pode se manifestar sob a forma de resistência à tarefa. Esta resistência pode caracterizar-se, entre outras formas, como uma má vontade para começar ou ir em frente; uma irritação contra a perda de tempo desnecessária; uma falta de confiança no resultado do trabalho; uma agonia insuportável toda vez que começa a tarefa; uma irritação acéfala sempre que tenta dar início ao trabalho; um grande desânimo, seguido de um pensamento desastroso: "ah, eu não cosigo"; etc... Para sair destas situações NINGUÉM PODE AJUDÁ-LO (A), só você mesmo(a). Vai necessitar ser impositivo consigo mesmo(a). Como se estivesse tratando com uma outra pessoa rebelde às suas orientações, que não você mesmo(a). Compreendeu?

Psicoterapia ou terapia do comportamento são, ambas, muito difíceis pelo simples fato de que a pessoa necessita esforçar-se para remar contra a maré e esta maré é justamente os maus hábitos desenvolvidos que o levam ao sofrimento. Estes hábitos sempre têm atrás de si a emoção medo. O Psicólogo pode analisar seus "sintomas" e pode explicá-los até com riqueza de detalhes, mas não pode trabalhar por você. O profissional psicólogo que abraça o comportamentalismo como seu método de trabalho até pode avançar um pouco mais, tornando-se como que um "personal training" para os exercícios que elabora e orienta ser feito pelo seu cliente. Mas é só isto o que pode fazer. No dia-a-dia, na batalha árdua pela sobrevivência, é a pessoa quem deve continuar exercendo um grande esforço para se corrigir - e isto não é nada fácil, principalmente para os brasileiros. Se você é alguém que se define como tímido, então, você é, na verdade, um medroso ou uma medrosa. Neste caso, os exercícios acima só serão realizados em um terço ou menos e o fracasso só virá reforçar sua timidez. Então, antes de dar início a elas, procure atividade que lhe possibilite vencer sua timidez. Exemplo: seja um vendedor ou uma vendedora; pratique uma arte marcial - taekwon-dô, karatê, judô, aikidô etc... ou procure uma atividade que lhe imponha desafios: tracking, rapel,  dança de salão, natação, basquete, vôlei, esgrima etc... Enfim, ponha seu corpo em movimento explorando-o em ações que não lhe sejam comuns. Não me dê a desculpa "mas eu não posso pagar" pois você pode se treinar em atividades simples que não requerem mais que sua determinação, como, por exemplo, correr todo dia um quilômetro faça sol ou faça chuva. O importante é desenvolver sua força de vontade. Compreendeu?
 Então, boa sorte.


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