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domingo, 26 de setembro de 2010

PARA NÃO DIZER QUE NÃO FALEI DE FLORES...

Era 1968. Maracanãzinho de pé cantando inflamado a canção de um rapazinho despretensioso, não obstante sua grandeza poética: Geraldo Vandré. Competia com gigantes da estatura de um Chico Buarque de Hollanda ou de um Tom Jobim. E vencia no gosto do povo, mesmo a contragosto do júri ali presente. Era o terceiro FIC – Festival Internacional da Canção. O momento marcante daquele festival foi a canção É Proibido Proibir, de Caetano Veloso. Mesmo assim, o grande vencedor era mesmo Geraldo Vandré. Eis a letra de sua incomparável canção:
PRA NÃO DIZER QUE NÃO FALEI DAS FLORES

Caminhando e Cantando
E seguindo a canção
Somos todos iguais
Braços dados ou não
Nas escolas, nas ruas
Campos, construções
Caminhando e cantando
E seguindo a canção...

Vem vamos embora
Que esperar não é saber
Quem sabe faz a hora
Não espera acontecer...(bis)


Pelos campos há fome
Em grandes plantações
Pelas ruas marchando
Indecisos cordões
Ainda fazem da flor
Seu mais forte refrão
E acreditam nas flores
Vencendo o canhão...

Vem vamos embora
Que esperar não é saber,
Quem sabe faz a hora
Não espera acontecer...(bis)

Há soldados armados
Amados ou não,
Quase todos perdidos
De armas na mão,
Nos quartéis lhes ensinam
Uma antiga lição:
De morrer pela pátria
E viver sem razão...

Vem, vamos embora,
Que esperar não é saber,
Quem sabe faz a hora
Não espera acontecer... (bis)

Os amores na mente
As flores no chão,
A certeza na frente,
A História na mão,
Caminhando e cantando
E seguindo a canção,
Aprendendo e ensinando
Uma nova lição...

Vem, vamos embora,
Que esperara não é saber,
Quem sabe faz a hora
Não espera acontecer... (bis)

Onde anda o Geraldo Vandré, neste ano de 2010 véspera de 2011? Exilado em São Paulo, sonhando gravar em um país de língua espanhola... Que lástima, Brasil! Uma das maiores figuras musicais que já se teve por aqui se exilou por questões políticas, por quatro miseráveis anos, e quando voltou não mais encontrou aquele Brasil para o qual compunha com seu coração e seu português correto. Conforme disse em uma entrevista recente: “Ainda estou exilado. Não encontrei o Brasil que deixei quando daqui saí. Agora, tudo é massificação.” E eu acrescento, Vandré: massificação e burrificação. Veja um trecho de “música nacional brasileira” atual, que faz “seucelso” nas rádios e TV’s chulés pelo Brasil massificado:

QUE SE DANE O MUNDO
Adair Cardoso

E que se dane o mundo, e que se dane tudo
Eu largo tudo tudo, pra poder TE ver
E se eu não TE vejo
Morro em desejos, meu dia fica cinza longe de VOCÊ,
Longe de VOCÊ.

VOCÊ foi feita pra mim,
Eu fui feito pra você
Você nasceu pra me amar,
E eu nasci pra TE querer.
Nós somos estrela e céu, noite e luar,
Nós somos abelha e o mel,
Amor eu amo TE amar.

E que se dane o mundo e que se dane tudo...

E que se dane esta poesia chinfrim, pura dor de corno de alguém que certamente fugiu da escola e esqueceu-se de aprender a língua pátria.

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