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segunda-feira, 30 de agosto de 2010

PSICOLOGIA - A DIFÍCIL RELAÇÃO HOMEM-MULHER (3)

EROS RAPTANDO PSIQUE

Religião, ficou dito, é a base de toda sociedade humana em qualquer parte do planeta. Falei que a Religião fundamentou o sistema de ritos na sociedade humana. E muito das nossas agremiações sociais, naturalmente formadas devido à necessidade das greis de sobreviver - a se considerar a hipótese de Darwin sobre a Evolução humana - terminou passando a integrar ritos religiosos, como é o caso do casamento ou o enterro dos mortos.

A Psicologia, através da Escola Behaviorista (ou Comportamentalista), confirmou que todo ser humano é altamente condicionável. Nossos comportamentos são sempre respostas a estímulos dados ao nosso sistema orgânico, sejam estes estímulos internos, sejam externos; sejam objetivos, sejam subjetivos. Além disto, a Psicologia também descobriu que somos seres profundamente medrosos. Talvez devido a que sejamos os mais fracos animais no mundo natural. Em função deste medo intrínseco em nosso ser, propendemos a buscar dois eixos fundamentais para conseguir reduzir ao máximo possível nosso nível de ansiedade:
a) eixo do controle - todos necessitamos estar no controle dos processos fenomênicos que ocorrem ao nosso redor. Sem este controle sentimos-nos ansiosos e podemos perder nossa assertividade (capacidade de se auto-afirmar).
b) eixo do Poder - todos necessitamos sentir-nos poderosos em relação ao nosso ambiente e em relação a tudo o que ele contenha. Sem este controle, nossa auto-estima se reduz e isto afeta nossa auto-imagem que também se torna reduzida.

Os rituais, as cerimônias, as hierarquias em quaisquer instituições humanas visam primordialmente satisfazer a estas duas necessidades fundamentais do ser humano. Os feiticeiros das tribos primitivas procuravam vestir-se com peles de animais temidos pelas suas greis (povoado; pequeno grupo humano; rebanho de gado miúdo; paroquianos), agitar chocalhos e fazer gestos estereotípicos, emitindo sons e invocações, tudo a fim de impressionar seus seguidores e mantê-los sob dominação. Escolhiam um local específico para realizar seus rituais sagrados, como, por exemplo, a boca de um vulcão, uma pedra ou uma gruta onde tivesse havido algo sobrenatural para o entendimento primitivo da grei. Este hábito de buscar dominar pelo ritual permanece até hoje entre os civilizados do Século XXI. Eu me lembro de que, na EMBRATEL, quando eu trabalhava lá, os chefes (não eram gerentes, mas chefes) impunham hierarquia até nos móveis. Por exemplo: as mesas destinadas aos engenheiros, administradores, advogados e demais empregados que tivessem o nível superior eram grandes e tinham seis gaveteiros. As mesas destinadas a empregados sem o nível superior eram menores e tinham somente três gaveteiros. Os empregados de nível superior não marcavam ponto, portanto, podiam chegar à hora que quisessem e não eram admoestados pelos chefes. Já os empregados de nível médio tinham de marcar ponto e o atraso, mesmo de um minuto, era descontado de seus salários, além de ter que explicar, por escrito, em formulário próprio, o motivo de seu atraso. Cabia ao chefe decidir se justificava o atraso, ou não. Este, era um modo de manter o grupo que realmente dava duro, submisso, e lembrar-lhe sua condição de inferioridade diante dos "privilegiados". Aquilo só despertava rancor e resistência nos que realmente trabalhavam. Era grande o número de absentismo por doenças profissionais. E era maior ainda, o número de profissionais recém-saídos das faculdades, mas filhotes de militares ou por eles protegidos, que flanavam pela empresa ganhando altos salários e totalmente incompetentes naquilo que deviam fazer. Cabia aos de nível médio fazer o trabalho que lhes competia e mais o dos seus "capatazes".

O povo que mais serve como exemplo para o predomínio da Religião sobre a nação é o hebraico. Ele nunca deixou de ser uma teocracia e até hoje faz guerra movido por este sentimento profundamente arraigado na psique de sua gente. Os árabes também são exemplos atualíssimos do que digo, tanto quanto os radicais muçulmanos do Afeganistão e adjacências. O condicionamento entre os fundamentalistas é tão violento que convence homens e mulheres a cometerem suicídio em defesa de uma idéia totalmente abstrata e fora do alcance objetivo de qualquer pessoa. E atentar contra a vida é algo difícil de fazer, pois a Mente e o Corpo se rebelam contra isto. A Psicanálise está prenhe de relatos que espantam pela riqueza de jogos subliminares de pessoas psicoemocionalmente desequilibradas que, apesar disto, não conseguiram atentar contra a vida diretamente. Cometiam suicídio disfarçadamente, debaixo de um doloroso processo psíquico. Tudo porque a defesa natural da vida na forma física é muito forte e muito resistente. Entretanto, o condicionamento realizado pelos religiosos fundamentalistas atropela a defesa da vida, natural no ser humano e em qualquer animal, e os leva a se explodirem buscando assassinar com seu horrível suicídio o máximo possível de inocentes. Cito isto e procuro carregar nas cores para que o leitor compreenda que não estamos mexendo em algo superficial, mas, ao contrário, estamos pondo às claras um processo terrível e que, infelizmente, é totalmente desconhecido dos leigos em Psicologia. No Brasil temos uma forte tendência ao fundamentalismo religioso, o que é perigosíssimo - haja vista os exemplos acima citados. Refiro-me à atuação de Pastores Evangélicos que são ou mal preparados, ou mal intencionados. Seria muito bom que as autoridades constituídas pusessem as barbas de molho e os olhos sobre este pessoal e instituíssem um meio de controlá-los antes que nosso país, desgovernado, venha a se tornar um "Afeganistão fundamentalista evangélico sul-americano".

Tudo o que acima foi escrito teve como objetivo despertar no leitor a atenção para um processo que desde sempre subjaz nas raízes de nossas sociedades, em qualquer parte do mundo, e que, atualmente, leva-as à perigosa borda do abismo da intolerância, da anarquia e da guerra fratricida. Religião Exotérica e Condicionamento são ativos dia e noite em nossas existências e se não estivermos atentos a isto corremos sérios perigos, tanto físicos quanto psicoemocionais. Não adianta tentar ignorar o perigo, achando que ele está restrito a um grupo pequeno diante da dimensão populacional brasileira. Temos, na História, sobejos exemplos de como as minorias radicais governaram reinos. Até hoje isto é muito claro e muito forte, haja vista o famigerado neoliberalismo imposto a todas as nações por um punhado de gananciosos da Economia Mundial, do qual irei falar quando tratar da quarta parte responsável pelo desequilíbrio psicoemocional da pessoa.

Creio que consegui convencê-lo, leitor (ou leitora), do fato de que a Religião Exotérica ainda é absolutamente de grande relevância em nossa vida. Seus ritos e suas crenças profundamente arraigadas na Mente Mortal da pessoa (Identidade do indivíduo) que a pratica, indu-la a agir de modo radical, cego, em muitas situações de vida. Modos de comportamento que levam a pessoa a conseguir um permanente estado de sofrimento psicoemocional, além de, freqüentemente, indispor-se com outros semelhantes.

O desequilíbrio da pessoa envolvida nos ritos, nas práticas e na crença radical religiosa leva-a à condição de quase sã, quase doente porque lhe cerceia a liberdade de ser, de existir. Ela se torna coibida, castrada em sua capacidade sexual, ou seja: em sua capacidade de sentir prazer. Os adventistas do sétimo dia, para citar um exemplo, não permitem que seus fiéis façam qualquer atividade no sábado. Assim, não lhes é permitido ir a uma praia e relaxar tomando água de coco deitada em um espreguiçadeira sob um guarda-sol, sem se preocupar com nada. Coisa que qualquer organismo fisiológico e psicológico necessita de gozar. Não lhes é permitido explorar o conhecimento de outras seitas, como a Umbanda, porque tais seitas, visto que diferem do adventismo em seus rituais, são taxadas de demoníacas. Castas empresariais, como a casta das diretorias, cerceiam a liberdade de seus membros de atuarem livremente na sociedade onde vivem. Um diretor de uma empresa de nome não pode enamorar-se da faxineira da empresa, mesmo que ela seja muito bela e meiga e possua boa instrução. Afinal, ela é uma faxineira e ele, um diretor (nenhum dos dois é mais somente um ser humano). Ela mora num casebre na periferia da cidade e ele num belíssimo apartamento no bairro mais luxuoso da mesma metrópole. Note o leitor que não há diferença entre a castração religiosa e a castração de status empresarial. As origens são diferentes, mas a finalidade é a mesma: controlar e dominar. A História Universal está prenhe de exemplos magníficos do que aqui discorro, assim como a Literatura Universal. O curioso é que este fenômeno é explorado à exaustão por escritores de renome mundial e é estudado em Faculdades de Sociologia, de Psicologia, de Antropologia e, no entanto, mesmo os doutos não fogem à regra geral: o condicionamento social.

Como psicólogo oriento meu leitor ou minha leitora a prestar atenção na influência do ritual, da cerimônia, em sua existência. Escapar ao seu domínio é difícil, mas não é impossível. Basta que mantenha em mente um pensamento: EU SOU EU. Em outras palavras: eu não sou o doutor; eu não sou o gerente de pessoal; eu não sou o deputado; eu não sou o coronel; eu não sou o lixeiro; eu não sou a arrumadeira; eu não sou o faxineiro... Enfim, eu não sou o papel social que desempenho dentro da sociedade em que nasci, cresci, vivo e evoluo. Eu sou apenas eu, um ser humano.

A sociedade que criamos tem-se escravizado demais aos estereótipos e, com isto, tem levado o ser humano a se confundir com o papel que deve desempenhar no meio social para sobreviver. Um papel social não é e nunca poderá ser substituto da Identidade da pessoa. O termo Identidade significa aquele que é igual a si mesmo; o que não tem similar; o que é singular, único. Um papel social engloba muitos indivíduos nele. Há, por exemplos, dezenas, centenas de diretores de empresas no nosso país. Há centenas, talvez milhares de lixeiros, também. Mas as pessoas que desempenham estes papéis, não se reduzem a eles. Suas Identidades são muito mais que isto. Portanto, não é o papel que tem valor, que merece respeito e destaque, como acontece erradamente em nosso meio social. É a pessoa em si mesma; é sua cultura acima de sua instrução. Muitos de nós conhecemos vários diplomados que deviam ter vergonha de dizerem que o são. Conhecemos vários políticos que valem menos que o lixeiro que limpa a rua onde está a casa legislativa onde trabalham. O leitor ou a leitora é convidado a meditar neste artigo e se questionar sobre o valor que atribui a si. Ele é maior ou menor que aquele que tem atribuído até agora ao seu papel social? E lembre-se, marido, esposa, mãe, pai, todos são papéis sociais que periodicamente requerem revisão. É muito errado uma pessoa continuar desempenhando qualquer destes papéis se neste desempenho só colhe dores, decepções, sofrimentos, mágoas e lágrimas.

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