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sexta-feira, 20 de agosto de 2010

AS QUATRO LEIS INVIOLÁVEIS DO GRANDE ARQUITETO (VII)

O BUDDHA DE 4 FACES
(Continuação...)

Chegara minha vez. O medium incorporado aproximou-se de mim, calçando luvas médicas. Limpou meu joelho com éter, tomou da faca e fez um profundo corte em redor do joelho, na parte externa da perna. A dor foi lancinante e eu quase pulei fora da maca, mas fui segurado ali por dois fortes ajudantes. Mesmo assim, levantei a cabeça e olhei para minha perna. Não tinha corte nenhum visível, mas eu sentia o talho e sentia o sangue "invisível" correndo para debaixo da curva da perna. O medium tomou da tesoura e enfiou-a pelo corte até o osso. Eu senti a penetração do instrumento e mais uma vez a dor foi tremenda. Trinquei os dentes e gemi forte. Mantive a cabeça levantada olhando o que ele fazia. Só vi a tesoura cortando acima de minha perna, mais ou menos três milímetros acima da pele. No entanto, a sensação era de que ela estava lá dentro, junto ao osso. O medium girou a tesoura para a direita e para a esquerda várias vezes e fisgou alguma coisa longa, que ia do joelho até o pé e puxou para fora. Eu senti algo sendo retirado lá de dentro. O medium colocou a tesoura sobre a mesinha e passou éter no "corte". Agora novamente com a tesoura, ele pinçou a ferida e eu senti cada pinçada; senti que ele colocava grampos fechando um corte invisível. Então, arriou meu short e "cortou" bem próximo de meu púbis. Novamente a dor foi tremenda. Colocou a tesoura sobre a mesinha e "enfiou a mão pelo corte invisível" e eu senti seus dedos mexendo bem na minha próstata. Depois de um tempo que me pareceu uma eternidade e durante o qual eu gritei várias vezes, ele finalmente retirou a mão de dentro de meu baixo ventre e novamente pinçou o ferimento. Depois, olhou-me nos olhos e disse: "Você não está vendo, mas está cortado. Assim, não faça movimentos bruscos e quando chegar a sua casa mantenha-se deitado, em repouso absoluto, por três dias. Só se levante para ir ao banheiro fazer suas necessidades. Vai sentir dor no primeiro dia, o dia todo. Mas às 18 horas eu vou passar em sua casa com minha equipe de enfermeiros. Acenda uma vela próximo de um copo d'água e ore um Pai Nosso e três Ave-Marias. Firme seu pensamento em Jesus. Veja-o próximo de seu leito. O ambiente do quarto pode encher-se do cheiro de éter. Não se preocupe. Somos nós trabalhando nos seus cortes. Quando formos embora, o cheiro vai desaparecer. E assim aconteceu. Quinze dias depois voltei ao Centro e recebi alta. Fui ao médico e pedi que me examinasse. Ele ficou pasmo. A próstata estava normal, o PSA estava nos níveis normais e na radiografia aparecia o corte de uma cirurgia que não era visível a olho nu. Fiz mais três outras operações no CEBM, entre elas uma retirada de pedras na vesícula e outra que me curou de um mal que a medicina ortodoxa afirma que não tem cura: alergia. O espírito fez uma transfusão de sangue, aliás, ele trocou todo o meu sangue por outro, que não vi, e nunca mais, até hoje, apresentei alergia a nada. A operação constituiu-se de duas agulhas de aculpuntura enfiadas nas veias de meu braço direito e esquerdo. Pelo lado esquerdo eu sentia algo quente sendo injetado em mim; pelo lado direito eu sentia meu sangue sendo sugado. A "transfusão" durou hora e meia. E foi só. Todas as operações foram sucessos absolutos. Eu fiquei um entusiasta do CEBM e me tornei um ajudante nos trabalhos internos. Viajava duas vezes por semana cerca de 48 km por vez para ir lá e retornar a casa. Tudo por minha conta - gasolina, pneus etc... Nunca recebi nenhuma ajuda para os gastos. E ainda trazia gente que não tinha outra condução que não os ônibus, os quais demoram uma eternidade para passar por lá. Levei para o CEBM muita gente que sofria de enfermidades "incuráveis" e os vi sairem de lá totalmente curados e assim se mantiveram até o presente momento. Mas tive de parar de ir prestar ajuda por dificuldades pessoais. Dois anos depois retornei buscando ajuda para minha mão direita. Eu caíra de uma escada e sofrera uma forte luxação em dois carpos - dos dedos anular e médio. Antônio me reconheceu e à minha esposa e quis saber a razão de termos "desaparecido". Explicamos o que tinha acontecido: não havia mais tempo disponível. O CEBM era distante e as vias de acesso estavam cada vez mais engarrafadas. Para chegar até lá a tempo de ajudar nos trabalhos teríamos de saír uma hora mais cedo de casa, o que não era possível, pois minha mulher chegava de seu trabalho uma hora mais tarde. Quando saímos da consulta, fomos encaminhados para a farmácia. Os remédios receitados custavam 220,00. Estrilei e me disseram que ou eu pagava, ou não seria atendido. Fui embora danado da vida. Revoltava-me não somente a falta de consideração para com alguém que havia trabalhado lá ajudando o Centro, como também o disparate da cobrança. Fui cambono de Terreiro de Umbanda e nunca vi o guia que eu cambonei (por 16 anos) cobrar pela caridade feita. E olha que ele não somente desmanchava mandinga, mas também fazia curas físicas. Por isto, por ter visto a Caridade realmente praticada com seriedade por um espírito de luz, eu não me conformava com aquele tipo de exploração. Mesmo assim, oito meses depois, por insistência de minha mulher, voltamos lá e fomos supreendidos com outro tipo de cobrança. Para preencher a ficha de chamada tivemos de pagar R$ 10,00 cada um. Já entrei no salão irritado com aquilo. Novamente fomos "receitados", só que, desta feita, a receita foi passada em letra muito miúda e no canto inferior esquerdo do papel da chamada e, não, no receituário que conhecíamos. Viemos embora sem ir à farmácia, porque pensávamos que não tinha sido receitado nenhum remédio para nós. Se esta era a nova modalidade de cobrança, bom, eu concordava, pois afinal no Centro havia gastos com luz, água, sopa (oferecida a todos, pacientes e acompanhantes, após a realização da intervenção cirúrgica) impostos etc... No dia seguinte, quando voltamos para a cirurgia e já estávamos dentro do salão esperando há quase duas horas, um dos "irmãos mediuns", com quem tínhamos trabalhado ajudando nos trabalhos por quase um ano, nos mandou ir até à recepção. Não compreendemos seu ato, visto que estávamos ali há mais de duas horas, depois da organização das pessoas por número de chamada feita exatamente por ele. Aquele homem nos conhecia bem, pois tínhamos trabalhado ao seu lado. Embora sempre tivesse sido alguém muito antipático para conosco, nunca havíamos entrado em atrito. Sem questionar nada, para não chamar a atenção da platéia, fomos. A recepcionista tomou nossos papéis e os olhou rapidamente. Depois, jogou-os para debaixo do balcão. Perguntei o que estava acontecendo e ela: "Vocês não compraram os remédios. Não serão atendidos". explicamos que não sabíamos de nenhum remédio e que, naquele momento, não tínhamos dinheiro para pagar a tal receita. A atendente, apanhando de novo o papel, mostrou no canto inferior, em letra muito miúda, a receita. Propus voltar lá depois e realizar o pagamento - bem verdade que muito contrariado e revoltado com isto. Mas a mulher, com uma arrogância e uma grosseria indignas de quem se diz trabalhar em uma Casa de Caridade Espiritual, atirou novamente a receita para debaixo do balcão e se voltou para continuar a conversa que eu tinha interrompido, passando a ignorar minha presença como se eu tivesse desaparecido de sua frente. Chateado perguntei quanto ficava a despesa: Trezentos e trinta rais. Mais os R$ 20,00 do preenchimento do papel de controle de chamada, a despesa deveria ser de nada menos queR$ 350,00. Ali estavam mais de 500 pessoas, só naquele dia, o que significa que nos quatro atendimentos mensais o medium arrecada, em média, entre R$ 500.000,00 e R$ 700.000,00 líquidos, sem impostos. Muitos dos presentes teriam de sacrificar muita coisa em casa para pagar os tais remédios, visto que eram, na maioria, pessoas sem posses. Em outras palavras: no meu modo de ver, o Antônio tinha transformado o Centro em lucrativa fonte de renda, vendendo a caridade própria e a espiritual. Saí furioso e não armei um banzé daqueles lá mesmo porque minha mulher é muito mais comedida e conseguiu convencer-me a não fazer nada. Afinal a casa estava cheia e minha gritaria - talvez até agressões físicas, pois eu estava disposto a reagir com violência se algum dos ajudantes tentasse me segurar ou me empurrar para fora - causaria um tumulto de conseqüências imprevisíveis. Não volto mais ao CEBM, pois a Caridade, ali, está totalmente por conta somente dos Guias. Eles continuam operando, sim. Mas até quando a usura do medium não vai interferir com o trabalho deles? Até quando a falta de Caridade no corpo mediúnico não vai terminar por prejudicar a todos? Os guias podem-se afastar e deixar o medium chefe em sérios apuros, mas o perigo está em ele prosseguir mistificando para continuar auferindo lucro. Contei este caso para mostrar que os vícios pessoais podem - e geralmente o fazem - estragar totalmente uma boa iniciativa. A Lei da Caridade não é fácil de ser praticada porque requer uma fortaleza Moral e Ética que nem sempre a pessoa possui. No caso do Espiritismo a Caridade não é exclusiva dos Guias, mas, e principalmente, deve ser do corpo mediúnico acima e antes de tudo. É certo que Antônio se sacrifica muito, pois é sozinho para atender, mensalmente, uma média de 1250 pessoas com todas as mazelas imagináveis. Mas a escolha de continuar com este trabalho caritativo foi dele. Não é lícito que empregue ali o pensamento dos pastores que, para justificar a ganância, dizem que "Jesus foi pobre por nós. Portanto, temos o direito de cobrar pelo que fazemos". Pela televisão vemos que o que tais pastores fazem é vender milagres e realizar mímica de expulsão de demônios dos que caem nos seus engodos. Rituais que em tudo copiam os trabalhos de Umbanda, embora vociferem furiosamente contra esta linha espírita. Como o Antônio estava no fim de uma faculdade para ser Pastor, creio que aquele pensamento torto o dominou. Que lástima.
A Lei da Caridade é absolutamente indispensável ao ser humano. Sem sua prática leal e verdadeira, não há evolução espiritual e sem esta evolução, para que está servindo a humanidade? O Deus cristão (não o Verdadeiro) é vingativo e rancoroso e mais dia menos dia, cansa-se da ingratidão destes filhos usurários e aí... Haja Apocalipse, haja Juízo Final e haja Ragnarock...

3 comentários:

  1. Mas que absurdo o que fizeram com meu mano! Tratá-lo com um certo desprezo só porque não tinha no momento a quantia necessária para pagar uma consulta! A que chega a ganancia, a avareza do ser humano; senti ódio, tristeza e uma série de sentimentos conturbados porque acho que num centro espírita, deve-se cultivar a bondade, a benevolencia e não, justamente o contrário. Só Deus para julgar atos tão destituidos de amor ao próximo pois a justiça Dele, "tarda mas não falha"

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  2. OK, já postei o meu, será aprovado? Quando saberei?

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  3. Desculpe a demora, mas eis aí seu comentário. Um abração do mano OB.

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