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segunda-feira, 9 de agosto de 2010

AS QUATRO LEIS INVIOLÁVEIS DO GRANDE ARQUITETO (VI)

QUEM FOI ESTE HOMEM? PODEMOS DIZER QUE FOI O MESTRE DA QUARTA LEI
Sou alguém que nunca se conformou em permanecer quieto e aceitar o que lhe é dito como o ponto final. Em vários momentos de minha riquíssima vida isto foi crucial, não somente para mim como também para terceiros. Onde aprendi a ser assim? Não saberia responder a esta pergunta. No máximo, posso dizer que a vida mo ensinou.
O avatar ao lado, cuja imaginação de alguém retratou assim, tem grande haver com este meu modo de ser. Quando jovem fui grande inimigo d'Ele. Tinha-lhe raiva. No entanto, não foi Sua culpa eu ter aquela reação tão injusta para com Ele, mas sim daqueles que até hoje se dizem Seus representantes na Terra - os Padres. Em minha meninice os padres eram tremendos sádicos. Estudar em colégio de padres era apanhar de palmatória, ficar de castigo ajoelhado sobre caroços de milho no sol quente rezando o rosário em voz alta sem direito a dessedentar-se. Geralmente o castigo era aplicado ao meio-dia. Tudo em nome d'Ele. Minha conclusão era lógica: se Ele apoiava aquele comportamento malvado, então, era um ser cheio de ódio pelo que lhe tinham feito e não havia razão para acreditar que fosse o Senhor da Caridade. E havia a pregação da condenação ao Inferno, um local horroroso, onde diabos realmente horríveis, cheios de chifres, rabos, tridentes, expressões perversas nas caras e que nadavam de braçadas num oceano de fogo eterno estavam prontos a nos espetar com aqueles ferros incandescentes pelos menores deslizes - como uma masturbaçãozinha à-toa; uma olhada para as pernas das garotas, um pensamento libidinoso, uma palavra dita num momento de raiva... Enfim, os padres nos jogavam ao Inferno por qualquer dá-cá-o-pau. Ah, como eu odiava aquelas batinas! E por extensão, odiava tudo o que eles faziam, principalmente as missas razadas em latim e onde a gente ficava ajoelhando e se levantando o tempo todo. Irra! Ah, sim, e tinha aquela história de "confissão dos pecados" aos pestes de preto. Eu detestava ter de contar aos desgraçados de preto o que eu fizera para que eles me julgassem e me dessem uma penitência. Já não bastava o brutal sentimento de culpa que me acicatava a alma devido aos "horríveis" pecados que eu cometia em pensamentos, palavras e obras?

Mas se eu odiava a Religião Católica Apostólica Romana, vivia inquieto atrás de quem me pudesse esclarecer quem tinha sido o "homem de Nazaré". Sua história me fascinava e toda vez que assistia aos filmes que contavam sua "paixão" eu me sentia infeliz e chorava muito com dó de seu sofrimento. Por que, sendo Ele o filho de Deus, tivera de sofrer tanto? Por que seu Pai não o defendera, se até meu pai, um homem comum, cheio de vícios e de pecados horrorosos, seria capaz de matar para me defender? Como se explicar que o povo, que três dias antes O recebera com festa, como animais enlouquecidos gritavam que o crucificassem, preferindo um bandido assassino e assaltante a Ele, que nunca havia feito nenhum mal a ninguém? E quem era mesmo o tal Diabo? Onde ficava o Inferno? E onde era o Céu, se eu olhava para o alto e só via núvens e um azul sem mácula acima de minha cabeça?

Posso dizer que minha vida toda girou em torno da pergunta: quem era Ele? Só uma coisa do que se dizia e se diz que Ele foi jamais pude aceitar: O Filho Unigênito de Deus. Até porque Ele mesmo sempre afirmou que todos somos filhos de Deus, logo, esta história de unigenicidade é conversa pra boi dormir. Entretanto, chego aos 70 com a certeza de que Ele foi o mensageiro, entre os homens, da Quarta Lei Inviolável do Cósmos - a Lei da Caridade. Não sei - e creio que vou desta para melhor sem jamais sabê-lo - se Ele foi real, de carne e osso, nascido do ventre de uma mulher, também de carne e osso e através de uma cópula comum entre ela e seu esposo, ou se Ele foi espcialíssimo, alguém que veio de outra dimensão, outro mundo, outro Universo para transmitir uma mensagem de Fé, Amor e Caridade a esta humanidade que continua tão ou pior em barbárie do que era em Seu tempo.

Como pedra que sempre rolou vida a fora, freqüentei várias religiões e várias seitas, muitas até de meter medo. Vi pessoas fazendo coisas em nome de Deus que eu jamais faria. Mas foi em uma destas seitas - que no meu país tornou-se uma Religião verdadeira - o Espiritismo, onde encontrei a maior comprovação de que a Quarta Lei é concreta e o único caminho.

Minha caminhada religiosa foi acidentada e adentrei o espiritismo através da modalidade que é praticada nos terreiros de Umbanda, onde vi maravilhas. Depois, adentrei o kardecismo, onde vi que eles são muito chegados à Bíblia e aos ditames de Alan Kardec, chamado de o codificador do Espiritismo. Vi que uma grande maioria dos espíritos desencarnados seguem à risca o que Kardec escreveu como Lei Espiritual. Mas tanto nos terreiros de Umbanda, quanto nas mesas kardecistas, a afirmação é uma só: Fora da Caridade não há Salvação. E minha vida de relacionamento com minhas esposas e companheiras de jornada, assim como com meus filhos, comprovei a sobejo que isto é Verdade. Um homem marido e pai tem de ter em si muita caridade para aguentar os dissabores do matrimônio e amansar os espíritos rebeldes que lhe são dados para transformar em gente. Muitos não aguentam e partem para a violência contra esposa e filhos ou contra si mesmos, entregando-se à depravação dos vícios (álcool, jogo, prostituição etc...); outros, como eu, mourejam de sol a sol, curvado sob o peso da família, esperando inutilmente que aquelas pessoas ao redor de si se tornem, finalmente, humanas. A maioria, como certamente vai suceder comigo também, vai pro outro lado sem ver sua esperança realizada. Mas, como dizem os árabes, maktub.

Praticar a Caridade é muito difícil para os humanos, principalmente para os que recebem o que dizem ser uma missão: os espíritas. Vou contar o que me aconteceu num Centro Espírita bastante conceituado, aqui em Goiás, para que se entenda o que digo. Recentemente, há coisa de uns cinco anos ou um pouco mais (entre 2004 e 2006), fui levado por meu irmão a conhecer o Centro Espírita Bezerra de Menezes, localizado em Aparecida de Goiânia, no bairro Aeroporto II, rua Manágua, s/nº (você pode localizá-lo através do Google Earth - Google Maps). Eu sofria de uma dor aguda no meu joelho direito. Uma dor que me levou a consultar inúmeros médicos, tanto no Rio de Janeiro, quanto em Goiás. Mas nenhum deles conseguia dizer-me do que se tratava e, aqui em Goiânia, queriam operar-me para descobrir a causa das dores. Não podia concordar em passar por longo período de sofrimento somente porque médicos desejavam abrir meu joelho para olhar lá dentro. Assim, durante mais ou menos 35 anos eu arrastei aquele joelho me machucando e me maltratando para onde quer que eu fosse. Pois bem, quando meu irmão me convidou para ir até o CEBM eu aceitei, mas como sempre, numa postura de curiosidade e um pouco de ceticismo. Muita gente se engana comigo, pois quase sempre não demonstro na face nem no meu comportamento o que sinto em meu íntimo. Isto foi uma dura aprendizagem de vida, mas fui moldado assim. De modo que, quando vou a algum lugar - religião, sociedade, agremiação desportiva etc... - no meu íntimo vou com desconfiança e buscando enxergar onde está a mentira ou o engodo.

No ato da consulta o medium Antônio me surpreendeu. Tomou de meu pulso e sem pedir que eu lhe falasse absolutamente nada, me disse a razão de eu estar ali. E me disse de onde começara aquela dor - dos treinos violentos do Exército, quando eu tinha somente 19 anos. Tempos mais tarde, no metrô do Rio de Janeiro, indo para a EMBRATEL onde trabalhava, sofri uma tremenda torção de corpo com a freada brusca do trem e girei sobre os joelhos. Eu me lembrava que tinha sido dali que havia começado aquela dor. Antes só havia notado que meu joelho direito era levemente inflamado e que estalava e me incomodava quando eu me abaixava ou me levantava. Não recordava de nada referente a um acidente de treinamento no quartel. Mas minha surpresa não ficou somente nisto. Ele me olhou nos olhos e disse: "Esta dor no seu joelho não é o principal problema que você tem. Há outro bem mais grave. Você tem câncer de próstata". Tomei um susto danado. E ele completou: "Mas não se preocupe. Nós vamos operá-lo." Eu olhava firmemente e perscrutadoramente na face daquele homem careca e gordinho. Ele estava modificado. Seu olhar não era natural. Parecia que vinha de um lugar bem além das órbitas oculares. Ele não olhava para mim como normalmente acontece entre dois interlocutores; olhava bem além de mim, para um ponto que me parecia estar além de minha face, dentro de meu cérebro; sua face e suas mãos estavam levemente suadas, como a perspiração que toma conta de nosso corpo após o orgasmo; e as mãos que seguravam as minhas estavam frias, embora não fosse tempo de fazer frio aqui em Goiás, e tremiam levemente. Eu pensei: "Vou direto a um cancerologista verficar isto" e quase no mesmo momento ele falou, sempre com aquele olhar que me incomodava: "Vá, sim. Vá a um oncologista. Ele vai confirmar o que lhe digo". A cirurgia espiritual foi marcada para a sexta-feira (estávamos na segunda) e quando regressei de lá, fui direto consultar um proctologista. Ele me pediu uma série de exames, fez toque prostático e me disse, com ar preocupado. "Sua próstata está exageradamente aumentada e seu PSA (hormônio prostático) está bem acima do normal". Era um modo suave de dizer: "Sim, tenho quase certeza de que o senhor tem câncer de próstata". Eu sei dos riscos de uma cirurgia prostática e entrei em choque comigo mesmo. Tinha duas opções: ou operar e levar o resto da vida inoperante sexualmente e usando fraldão até o final de meus dias, ou não aceitar a cirurgia e morrer sob intensas dores, como vi meu querido amigo e irmão Ivaldo, meu concunhado, sofrer antes de se ir desta para uma melhor. Passei a semana sob grande tensão psicológica. Agora, minha esperança estava em que realmente a tal operação espiritual desse certo. Estava em que realmente houvessem espíritos capazes de interferir diretamente no corpo físico de um encarnado. Se por um lado aquela expectativa despertava e espicaçava sobremodo o cientista que sou, por outro alimentava um desejo vacilante de que realmente aquilo fosse capaz de acontecer.

O CEBM não cobrava a operação nem coisa nenhuma, mas o medium receitava um conjunto de remédios líquidos que custavam entre R$ 40,00 e R$ 120,00 reais. Eu achei aquilo natural. Comprei os tais remédios (R$ 60,00), feitos de ervas manipuladas em um laboratório de Minas Gerais, com um gosto horrível, e tomei o conteúdo dos três frascos. Chegada a sexta-feira, às quatro horas da madrugada - era necessário chegar bem cedo, pois a quantidade de pacientes era de assustar - lá estávamos nós, meu irmão e eu. Vinha gente até do exterior, mas a maioria esmagadora era de pessoas humildes; brasileiros que não tinham INSS e não possuíam como pagar nem consultas nem internação hospitalar. Alguns eram nordestinos que tinham viajado dois ou três dias de ônibus, estavam visivelmente cansados e estropiados, mas com muita esperança de conseguir a cura para seus males. Muitas mulheres sofriam de câncer do seio ou do útero; outros - a grande maioria dos homens - sofria de câncer de próstata; outros eram enfizemáticos; outros tinham graves complicações coronarianas; alguns tinham tumores no cérebro ou tinham sofrido uma esquemia e assim por diante. Minha curiosidade estava no auge e eu observava com muito interesse a "fauna humana" presente naquele local. Conversava, inquiria, ouvia as opiniões e calava minha curiosidade. Procurava não derrubar as esperanças de ninguém e até as incentivava, contando sobre minhas vivências na Umbanda de terreiro. Eu sabia que um ajudante eficaz na cura de qualquer doença era a Fé, a Esperança. Não havia nenhuma razão para eu abalar isto em qualquer pessoa ali presente, embora eu mesmo andasse entre eles um tanto cético e com uma atitude interior dubitativa. Todos acreditavam em Jesus e na idéia de que os espíritos dos médicos que vinham operar através do medium eram enviados d'Ele. Para mim, entretanto, Jesus sempre foi meu objeto de pesquisa, muito mais que meu objeto de adoração. Eis, portanto, a razão de meu estado de dúvida. Na fila de espera havia crentes fervorosos, mas também havia céticos tenazes, que mesmo indo buscar ajuda, falavam mal de tudo e demonstravam um pessimismo doentio com relação à veracidade do espiritismo do Bezerra de Menezes. Eu não me sinto um homem de fé em nenhuma circusntância. Ansioso, desconfiado, cético, "pagando pra ver", posso descrever-me assim, mas com toda a certeza nunca posso dizer que sou um homem de fé. No entanto, minhas vivências como cambono do Caboclo Itaquarussu, no Rio de Janeiro, foram de molde a me tirar do radicalismo niilista em que tinha vivido até encontrar aquele "irmão" desencaranado e não somente vi como também fui paciente de fatos inexplicáveis pela razão materialista e reducionista dos que, como eu, tinham sido treinados no cientificismo radical. Assim, o Espiritismo tinha certo crédito para mim - e tem até hoje.

Finalmente entrei na sala de operações, aquela mesma onde fizera a consulta. Ali cabia de pé, ombro a ombro e enconstadas nas paredes, umas cinqüenta pessoas, fora as que eram mantidas nas macas - cinco - e sentadas em cadeiras. Antônio, incorporado, trabalhava rapidamente e eu me maravilhava com aquilo. Dois mediuns traziam uma mesinha onde eram transportados uma pequena faca de cozinha - como aquelas usadas em talheres - algodão, um vidro contendo éter, uma tesoura e gases. O medium incorporado pegava ora a tesoura ou a a faca, dependendo da necessidade, e passava aqueles instrumentos sobre a pele do paciente após desinfetá-la com éter, raspando-a ou provocando leve incisão nela. Vi as caretas de dores e vi alguns desmaiarem. Ele era muito rápido e tinha movimentos precisos, de um verdadeiro médico em sala de cirurgia. Quando parou diante de mim (eu estava entre os que se encontravam de pé e encostados na parede), ele me olhou por um breve momento segurando a faca. Então, voltando-se para seus auxiliares ordenou: "Ponham ele na maca. Raspem seu pubis. Segurem-no, ele vai sentir muita dor". Fui deitado em uma maca, meu short foi descido e a esposa do medium raspou meu púbis com um aparelho com lâmina de barbear. Fiquei aguardando por uma meia-hora e, finalmente, chegou minha vez...

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