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terça-feira, 24 de agosto de 2010

PSICOLOGIA - A DIFÍCIL RELAÇÃO HOMEM-MULHER (1)

PSIQUE E EROS NO LEITO

Psique, personagem da Mitologia Grega, foi a escolhida para representar o que o ser humano tem de mais complexo e insondável - sua Psique, sua Mente. Seu mito é narrado, segundo a Wikipédia, no livro escrito por Apuleio, intitulado "O Asno de Ouro". Era uma humana tão bela que matou de inveja a própria Deusa da Beleza, Afrodite. Esta, mandou que seu filho, Eros, flechasse a jovem Psique com uma de suas flechas de amor para que a pobrezinha se apaixonasse por um monstro horrível. Mas Eros, ele próprio, apaixonou-se pela jovem e não cumpriu com a ordem materna. Ao contrário, roubou Psique e a trancou em um lindíssimo palácio onde tudo acontecia magicamente para ela, bastava que assim o desejasse. À noite, ele vinha e a amava intensamente. Daí a razão de se dizer que nossa Psique é profundamente erótica e profundamente sexual.
A sociedade atual, seguindo o pensar consumista dos norte-americanos, fundiu a idéia de sexo com aquela de coito. E isto é vendido aos milhões e milhões de expectadores e de leitores em todo o mundo. Não se diz, por exemplo, "vamos coitar?" ou "vamos copular?" mas sim: "vamos fazer sexo?" ou "vamos fazer amor?"
Sexo foi reduzido a coito e amor teve o mesmo destino triste e ingrato. Esta confusão proposital só prejudicou profundamente as pessoas e, creio eu, até se tornou um fator de incremento do sofrimento psicoemocional dos que perambulam meio doentes, meio sãos pelas ruas de nossas metrópoles. Eu o convido a pensar nesta pergunta e encontrar uma resposta: como é que se faz amor? De que material ele é feito? Não me responda: faz-se amor copulando com uma parceira ou com um parceiro, pois isto não é fazer amor. É praticar o coito ou, então, é copular.
Sexo e Amor, não podem ser reduzidos a coito, cópula. Embora este ato físico seja inerente ao sexo, não é ele; não o contém  nem o esgota. Na verdade, o coito (ou cópula) é somente uma parcela ínfima do Amor ou do Sexo. Deveria ser a coroação de um dia de harmonia, parceria e alegria mútua entre duas pessoas que se amam e, não, como se vê no pensamento holiudiano, um ato de disputa animal pela superioridade do macho sobre a fêmea e vice-versa. Os filmes norte-americanos têm uma tônica já sedimentada: tem de haver uma cena de cópula logo nos dez primeiros minutos da película. E esta cena tem de ter uma pitada de animalidade, que eles traduzem naquela cópula furiosa, onde o homem escancha a mulher em seu quadril, encosta suas costas na parede e se bate furiosamente contra o pubis da desesperada, que tão logo é escanchada nas ancas masculina já fica numa excitação de meter inveja a cadela no cio. Gente, tenha dó! Ninguém consegue ter prazer numa posição daquelas... Enfim, eles são da América do Norte e pode até ser que lá as coisas aconteçam assim. Só que, estou certo disto, a cópula em 99% dos casos não será satisfatória para a mulher, que precisa, fisiologica e psicologicamente, de muito mais tempo para chegar ao ponto de "subir pelas paredes". Aliás, a respeito disto quero falar um pouquinho.
A maioria dos homens acredita que o tamanho do pênis influi no prazer feminino. Muitos anseiam por aumentar o tamanho do seu "borrachinha" e muitos entram em disfunção erétil por vergonha do tamanho do coitado. Ledo engano acreditar que o tamanho do "borrachinha" é importante para a mulher. Uma mulher, se estiver excitada e aceitar o parceiro, atinge o orgasmo sendo masturbada com um dedo da mão, por ele. E um dedo da mão nunca atinge nem a grossura nem o tamanho do pênis. O que importa mesmo, no ato do coito, é a disposição da mulher para aceitar seu parceiro. Não tem peitoral desenvolvido; não tem rosto de Adônis; não tem bunda de chamar a atenção na praia; não tem conversa mole pra boi dormir que consiga fazer uma mulher chegar satisfatoriamente ao orgasmo se ela não está psicologicamente disposta a aceitar o parceiro.
Outra coisa muito importante que as pessoas, geralmente, não levam em consideração como deviam. Nós, machos, somos premidos pela Natureza a descarregar os testículos porque estas pequenas usinas de fabricar esperma não param e isto nos ingurgita as bolas a ponto de a gente ficar "pingando" na cueca, quando demoramos muito a esvaziar as ditas cujas. A mulher não tem este acicate. Elas, excitadas, até que podem molhar as calcinhas, mas não do mesmo modo que os machos. Que não se entenda que estou dizendo que o desejo libidinal da mulher seja menor que o do homem. Não é nada disto. Estou-me referindo apenas ao fato de que o órgão genital feminino é interno enquanto o do homem é externo. Ela fica excitada sim, mas se o homem não tiver um olfato apurado, capaz de sentir o ferormônio acima dos perfumes que a mulher usa, jamais vai detectar a excitação dela diante de si. É preciso que a Mulher se insinue e dê sinais faciais ou verbais que indiquem que está desejando copular. Já os homens, excitados, põem involuntariamente o "borrachinha" esticado ao máximo e isto incomoda muito. Além do incômodo, o "borrachinha" dana a babar na cueca e sua baba chega até à perna da calça. Isto pode anunciar aos quatro cantos que o safado está doido para encontrar a "atiradeira". Só que nenhum homem aprecia que seu estado seja anunciado assim, despudoradamente. Principalmente se se encontra em um evento formal. A não ser em filme norte-americano onde, seja em que local for, o macho está sempre buscando um modo de colocar seu "borrachinha" na "atiradeira" das mulheres ali presentes. Mulheres que estão, estranhamente, sempre predispostas a emprestar suas  "atiradeiras" para os "borrachinhas" dos heróis... Esta associação entre ficção e realidade é percebida, atualmente, como sendo algo natural e o resultado é que na vida real a juventude (masculina e feminina) sai para os eventos sociais noturnos (as baladas) já como robôs: buscando adequar-se ao estereótipo cinematográfico, que não passa de uma paranóia dos que imaginaram os filmes socialmente pornográficos, mas criados sob a óptica do pensar consumista.
Outra coisa muito importante: os homens sofrem de um mal educacional tradicional horrível: eles ligam, muito cedo, o orgasmo sexual à ejaculação. Não. Até mesmo anatomicamente os feixes de neurônios que inervam o sistema reprodutor para o orgasmo difere do feixe de neurônios que o inervam para a ejaculação. Tanto é assim que um homem pode sofrer uma lesão na medula vertebral que destrua o feixe neuronal que ingurgita o pênis promovendo  a ereção e levando à ejaculação e, ainda assim, ter orgasmo sem ejaculação e sem ereção, mesmo o "borrachinha" estando cabisbaixo, murcho, sem ânimo para nada... Do mesmo modo, o acidente pode ter afetado o feixe neuronal que promove o orgasmo e, então, o homem pode ter ereção e ejaculação, mas não sente o prazer orgásmico. Então, sentir prazer orgásmico no coito não tem que implicar necessariamente o gozo extremo, final, com ejaculação e tudo. É função da crença geral e do treinamento muito cedo e sem orientação, que os homens são levados a acreditar que a cópula só pode ser prazerosa se houver o orgasmo e a ejaculação juntos. Ejacular é ruim. Todo macho que copula sabe que há um quantum de dor no ato da ejaculação. Pessoalmente eu ouvi de algumas de minhas companheiras de leito a mesma reclamação. Elas preferiam ficar "brincando" no leito do que indo pros finalmente. É claro que isto não significa que elas só desejavam isto. Quero dizer que elas davam preferência, após um orgasmo satisfatório, permanecer no leito brincando com o prazer. Não lhes interessava ir novamente aos "finalmente". Além do desconforto doloroso subreptício do gozo, a ejaculação enfraquece o homem a ponto de o levar a adormecer quase imediatamente após o evento, pois ao ejacular ele perde uma quantidade muito grande de energia fisiológica e de energia vital (Chi, Prana, Axé, Puhá etc...). Com a perda da energia sutil, vital, ele também perde o interesse coital pela companheira. Daí o famoso um uisque antes e um cigarro depois. Isto não acontece com a mulher. Ela absorve a energia masculina durante a cópula e o orgasmo e por isto pode emendar um gozo no outro. Basta somente que psicoemocionalmente esteja de fato aceitando  seu parceiro. Quando digo "interesse coital" é de propósito, para chamar a atenção para o fato muito importante deste acontecimento crucial no leito. Muitas mulheres tomam aquele sono torporoso de seu companheiro como sinal de desinteresse dele por ela. Isto não é verdade. O corpo do macho - e isto diz respeito realmente ao corpo - é que fica apático. E o faz por medida de segurança; por defesa. Em uma ejaculação, fisiologicamente o homem despende uma quantidade assombrosa de trifosfato de adenosina, que é energia pura; energia que pode sustentar o corpo por um dia inteiro sem alimento. Na antiga Roma as concubinas do Imperador mandavam que soldados e gladiadores se masturbassem lançando o esperma dentro de uma bacia. Então, elas passavam aquele esperma pelo corpo todo, pois sabiam que aquilo era o melhor rejuvenescedor e amaciante da pele da mulher. E continua sendo. Não há cosmético que consiga  os efeitos do esperma na pele feminina. A mulher que espalha sobre o rosto e sobre o colo o esperma de seu parceiro demora mais a mostrar sinais de envelhecimento; sua cutis se mantém sempre hidratada e macia e seu colo sempre suave ao toque.

Quando o casal não sabe explorar todas as imensas e profundas possibilidades do coito, a cópula é rápida e insossa. Nem por isto o corpo masculino deixa de se defender ao final do ato. As mulheres, nestes casos, além de insatisfeitas sexualmente, também ficam irritadas e se percebem usadas. Isto as frustra e as torna agressivas. Nesta situação não há como se colocar a culpa em alguém, senão na ignorância sobre como praticar a cópula. Então, chamo a atenção para a seguinte fórmula de realização de um coito satisfatório:
ACEITAÇÃO, eis a palavra mágica no ato copulativo.
Os valores de aceitabilidade dos parceiros diferem para os homens e para as mulheres. Eles pensam que elas valorizam barriga tanquinho; bíceps e tríceps estufados; peitorais modelados por intensa malhação; bunda musculosa e de glúteos salientes; pernas torneadas e de musculatura vistosa; prática de esportes radicais; capacidade de se contorcer furiosamente nas danças funk, rap, hip-hop e outras que tais... Enfim, os homens agem como pavões aloprados e embriagados com suas estrepolias musculares. Os negros norte-americanos inventaram um andar balançando o corpo como se este pertencesse a uma lagartixa e isto pegou feito capim ruim entre os jovens, principalmente entre os atualmente chamados "afro-descendentes". Eles acham que este modo de se exibir influi na mulher e a faz atraída por seus predicados contorcionistas. Atualmente não saber falar senão através de gíria é um predicado que os machos muito defendem, pois acreditam que as fêmeas adoram este defeito intelectual. Que engano!!!
As mulheres valorizam pouco a aparência física do macho, ao contrário do que estes pensam. Também não valorizam tanto sua capacidade de se contorcer, de dar porrada, de falar mal mascando chiclete e usando palavrões como pontuação ou palavra de ênfase (ex: "Porra, meu, o Zé Mané se fudeu, cumpade...) etc... O que a mulher, no fundo de seu ser, deseja de um homem é bem mais simples e bem mais difícil para os machos da nossa atualidade:
1) que ele seja companheiro;
2) que ele esteja ao seu lado e, não, tentando dominá-la;
3) que ele seja capaz de compreender seus sonhos, seus anseios e seus temores e seja capaz de conversar com ela livremente sobre isto, orientando-a e aconselhando-a com sabedoria e segurança, quando ela se veja em dúvida sobre uma decisão ou uma escolha;
4) que ele lhe dê segurança psicoemocional;
5) que ele lhe dê a liberdade de ser ela mesma no leito, no ato coital;
6) que ele a estimule a crescer sempre, vibrando com suas conquistas e se alegrando com suas vitórias nas lutas do dia-a-dia;
7) que ele saiba expressar-se com clareza, sem apelar para gírias e palavrões. Afinal, como diziam os antigos: "O costume do cachimbo põe a  boca torta" e quem vive se expressando na base do palavrão está sempre cometendo gafes que põem o outro em situação de grande desconforto em determinados momentos sociais.
Embora o cinema e a televisão pugnem por tornar a mulher uma pervertida, no sentido de fugir à sua belíssima condição de fêmea, nenhum dos dois consegue senão gerar uma confusão terrível na psique feminina. Mulheres testiculosas pululam tanto no cinema quanto na TV. São as "heroínas" à norte-americana, que distribuem socos e pontapés a torto e à direito; que derrubam homens parrudões com o calcanhar do pé esquerdo enquanto palitam os dentes com os ossos da mão diretia de outro infeliz que ela acabou de arrancar com golpes de wushu ou de aikidô; que atiram e matam com tamanha precisão e sangue-frio que faz os valentões do BOPE ficarem vermelhos de vergonha; que, na cama, tomam a iniciativa e dominam o homem, dirigindo o coito à moda masculina pervertida (isto é, fora do que seria o natural). Este modelo de mulher testiculosa agrada em cheio os sonhos desvairados dos machos pervertidos desta sociedade de consumo em que se vive. No entanto, ao tentar adotar a testiculosidade das fêmeas cinematográficas, as mulheres se perdem de si mesmas e mergulham numa angústia e numa solidão que mais as desesperam por não encontrar um parceiro que compreenda profundamente seu ser feminino. Em desespero por agradar a esses machos pervertidos deste Século XXI, as mulheres estão-se perdendo e se tornando sexualmente deprimidas (o que não significa que sejam somente pessoas desinteressadas da cópula, pois a depressão tanto pode ser inibidora da ação, do movimento, quanto descontroladamente excitadora disto). Vai daí que é muito fácil encontrarmos mulheres frígidas sexualmente falando, assim como outras que são verdadeiras "devoradoras de homens". Estes extremos somente nos mostram, a nós, psicólogos clínicos, que a relação macho-fêmea perdeu-se de modo desastroso nesta sociedade neoliberal tecnocrática e consumista em que vivemos.
Creio que é da Natureza intrínseca da mulher buscar um homem para si. Mas há uma grande diferença entre fêmea e mulher e macho e homem. Fêmea, todas as mulheres são, assim como machos todos os homens da espécie humana também o são (é claro que há a exceção dos homossexais, das lésbicas, dos gays, dos transexuais etc..., dos quais não vou falar). Falo aqui, apenas dos dois sexos com que a Natureza natural dotou a espécie humana. Ser macho é fácil. Basta olhar qualquer animal quadrúpede. Todos os homens são machos. Ser homem, contudo, é muito difícil e está cada vez mais difícil, mercê do pensamento consumista que domina a raça humana em todas as suas áreas de manifestação social. Ser fêmea também é fácil. Mas ser mulher está muito mais duro, muito mais árduo, muito mais difícil nesta sociedade aloprada em que vivemos e à qual mantemos tresloucadamente. A natureza feminina está perdendo vez para o consumismo canibal. Com isto, sofre a família, que se desagrega mais e mais intensamente à medida que os anos se vão. E com o desagregamento da família surgem os aleijões, os Quasímodos sociais, que não passam de fantasmas humanóides perdidos em uma selva de estereótipos vazios.
É... Viver nos dias deste Século XXI é muito difícil...

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2 comentários:

  1. Como eu poderia discordar de algo que conheço superficialmente? Acho que está bem explicado pros que querem se aprofundar no tema. Muito bom.

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  2. Tetê, você pensa que só conhece superficialmente este assunto, mas não é verdade. Quanto mais velhos ficamos, mais aprendemos na prática o que digo no artigo acima. Eu gostaria que mais gente tivesse tempo e paciência (além de capacidade de leitura) para me ler e pensar, pois escrevo com este objetivo: fazer os leitores pensarem no que lêem e, ainda mais que isto, instruí-los sobre coisas que influem tão profundamente em suas vidas e que, no entanto, desconhecem ou não percebem.

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