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sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

PSICOLOGIA PARA LEIGOS - ANSIEDADE, O MAL DESTE SÉCULO (VII)

Expliquei o que é um ambiente para uma pessoa, do ponto de vista da PASR – Psicologia da Antropiatria Sincrônica Ressonante. Se você é alguém que ousou ler atentamente o que escrevi nos artigos passados, aprendeu um pouco sobre como viver e sobreviver entendendo os processos sociais que o cercam e dos quais não pode fugir. Falei, também, sobre a ansiedade e lhe dei o significado diferente e importantíssimo entre atuar e desempenhar. Mostrei que você deve buscar, na vida social, desempenhar os papéis que lhe competem, sem investir neles senão o quantum de emoção mínima de que necessite para bem executar este desempenho. Agora, vou continuar falando da ansiedade em função de aprendizagens erradas, educação confusa, desaprendizagem da defesa de si mesmo. Vamos olhar bem para o esquema abaixo. Ele representa você, sua estrutura de Identidade Individual:



Sua Identidade Individual é composta de três áreas distintas. A primeira área é acessível a todas as pessoas e lhe possibilita não somente fazer novos conhecidos como também compartilhar com qualquer grupo seus modos de pensar, ser, agir e ajuizar; e suas opiniões e crenças. É, portanto, uma área de bastante permeabilidade e é penetrada até mesmo pelos apelos dos meios de comunicação de massa, aos quais a pessoa tende a responder de um ou de outro modo. Uma vez que é a área mais imediatamente em contato com o mundo exterior, nela permanecem gravadas as memórias dos acontecimentos que mais lhe exigiram emocionalmente. Estas memórias são as responsáveis pelos sonhos que retratam cenas de seu dia. Geralmente não são sonhos organizados e pulam de uma cena para outra, desconexamente ou, até mesmo, misturando cenas que no seu dia desperto se identificaram por proximidade emocional ou por oposição emocional, ou por similaridade de conteúdos, ou por proximidade entre os estímulos, ou por pregnância entre eles, ou por clausura ou fechamento perceptivo, ou por experiência fechada etc... Durante um dia de atividade uma pessoa desempenha vários papéis sociais que a levam a vivenciar inúmeros ambientes, nos quais, há uma quantidade inimaginável de estímulos à sua estrutura emocional. E estes estímulos tanto são percebidos pela fóvea, isto é, pelo centro nervoso do seu olho, quanto pelos bastonetes, ou seja, pelo que se denomina de visão periférica. Além disto, uma quantidade absurda de sons também são registrados perceptivamente, uns agradáveis outros nem tanto e outros absolutamente irritantes e desagradáveis, acontecendo a mesma coisa com o olfato. E para completar o sistema perceptivo do momento, a pele registra as diferenças de temperatura e os toques que despertam sensações boas e sensações desagradáveis. Esta babel de percepções não é introjetada em ordem. Ao contrário, ela é introjetada de modo totalmente desorganizado e a nível subliminar um trabalho frenético acontece no sentido de avaliar, qualificar, ordenar por prioridade para resposta emocional, hierarquizar e separar boas e más percepções sensoriais. Tudo isto se passa ainda ao nível periférico de sua Identidade. Logicamente que seu sistema psíquico tem um processo de fazer tudo isto muito rapidamente - lançando para uma área de descarte os estímulos registrados, mas cujo coeficiente de importância é zero ou próximo de zero. Este descarte não quer dizer que aquele material seja lançado para fora do sistema psíquico, não. O que entra ali não sai mais.descarte significa que o material sem importância, interveniente, é relegado para uma parte do psiquismo onde não tem poder energético para interferir com as decisões que você deve tomar no momento processual que vive de troca de energia psicossomática com o ambiente ou com elementos dele integrantes (pessoas). No entanto, este material descartado não fica totalmente desvinculado dos demais estímulos ambientes de onde foram captados. Há uma seqüência lógica de relação entre eles e, quando o processo perceptivo não captura esta seqüência lógica, o sistema se perturba. Então, mesmo que em nível onírico, a psique busca reorganizar aquele "set" interno de modo a obter uma relação lógica entre todos os estímulos captados durante a vida desperta e ativa. Daí os sonhos estranhos, entrecortados, geralmente coloridos ou muito vívidos, que a pessoa tem durante o sono. E se a pessoa leu ou assistiu a algum filme de ficção científica ou de terror, pode acontecer de cenas que a emocionaram positiva ou negativamente surgirem de mistura com o sonho, o que pode se tornar facilmente um motivo de receio religioso, principalmente para os praticantes do Candomblé, da Umbanda ou do Espiritismo Kardecista.
 

Não se  estranhe o que acima é dito. Filogeneticamente o Homem tem necessidade de controlar o ambiente, qualquer que seja ele - externo ou interno. E, para mim, esta necessidade está em sintonia com a Harmonia Universal. No universo não há caos. Quando uma parte sua é perturbada, forças além da atual compreensão humana entram em ação e reorganizam o sistema perturbado, de modo que logo ele entra em ressonância com o Todo. O nosso organismo nos dá a confirmação do que afirmo desde mesmo quando surgiu, há éons e éons passados. Se um desequilíbrio ocorre na homeostasia de algum de seus órgãos, todo ele se mobiliza para fazer aquele órgão afetado retornar ao seu ponto de equilíbrio. Lembro, aqui, a Lei citada por Hermes Trismegisto: "Assim como é em cima, é embaixo". Ou seja: Assim como é no Macro-Universo, é no Micro-Universo. As Leis que vigoram para o Primeiro são as mesmas que vigoram para o segundo. O caos é somente uma ilusão do Homem, devido mesmo à sua pequenez dentro do próprio Sistema Estelar a que pertence. O caos seria a confirmação da aleatoriedade dos acontecimentos, mas a própria Mecânica Quântica deste Século XXI já afirma categoricamente que nada acontece por acaso, coisa que Jesus já dizia ao afirmar que "nem uma folha cai do galho de um árvore que não seja pela Vontade do Pai", entendendo-se este "Pai" não como uma entidade sobrenatural e antropomórfica, mas sim como as Leis Perenes Universais. Os estudos sobre a hipnose nos dão um excelente exemplo de como a psique humana atua tal e qual o Universo. Para se explicar uma quebra na seqüência lógica que lhe dava a segurança do controle, a psique da pessoa que, sob hipnotismo, recebeu uma ordem "absurda" e, depois que saiu do transe, agiu incoerente com os seus hábitos, encontra de imediato uma explicação "lógica" para aquele "lapso" que a incomoda e que por sua psique não é aceito. Por exemplo: o hipnotizar ordena à pessoa hipnotizada que, após sair do transe, ao ouvi-lo bater palmas três vezes levante-se, pegue o guarda-chuva e o abra dentro da sala de experimento dando três voltas em redor de si. A pessoa obedece à ordem subliminar, isto é, que ficou abaixo de seu limiar de consciência. Então, quando olha os outros mirando-a com estranheza pelo seu ato inusitado de abrir um guarda-chuva dentro de uma sala fechada e rodar sobre si mesma olhando o guarda-chuva aberto, explica: "É que eu, antes de entrar aqui, pensei ter visto um rasgão no pano". De onde veio aquela explicação tão "natural"? Veio de sua psique que está premida pela necessidade de manter o controle sobre seu campo de domínio - a pessoa em si. "A Natureza não dá saltos", já dizia Darwin e isto é válido para a psique humana.

Se você admitiu o que digo acima, então, considerando que "da psique nada sai sem que, antes, nela tenha entrado deste ou daquele modo", a lógica é que se conclua que ela continua a se esforçar para colocar ordem na desordem de estímulos que foram percebidos e introjetados pelos cinco sentidos, durante o dia de atividade da pessoa. E aqui vem outra observação que a mim parece muito importante: todos temos a obrigação de ajudar nosso "Cavalo Mental" através do controle efetivo e consciente dos "cavalos Físico e Emocional". Meu Mestre de Tai-Chi-Tchuen, Dr. Wu Chao-hsiang, dizia que toda pessoa tinha três cavalos aos quais precisava domar e controlar: o cavalo físico, o cavalo emocional e o cavalo Psíquico ou Mental. No entanto, a pessoa não era nenhum destes cavalos, mas sim aquele que tem o dever de controlar e comandar os três.

Os "radicais perceptivos livres", chamemos assim àquelas impressões desorganizadas em nosso sistema mnemônico, no interior da psique perturbam seu equilíbrio e isto gera ansiedade. Uma ansiedade que atua de modo sutil, quase sempre não percebida pela pessoa, a não ser pelo esgotamento emocional, pela perturbação na capacidade de raciocinar, pelas repentinas crises de nervosismo e descontrole nervoso, emocional e, às vezes, pela compulsão a agir de modo compensatório e totalmente prejudicial à saúde física - como comer ou beber compulsivamente ou atirar-se freneticamente à prática da cópula como meio de obter relaxamento psicofisiológico. Os tais "radicais perceptivos livres" precisam ser controlados o máximo possível pela pessoa consciente, enquanto ela atua nos ambientes por onde trasita durante seu dia de atividade. E isto só será possível se a pessoa substituir seu "atuar" pelo necessário "desempenhar". Quando alguém atua numa situação ambiental, investe carga exagerada de emoção naquilo que faz. Quando, porém, a pessoa apenas desempenha um papel naquele ambiente, seu investimento emocional é mínimo, apenas o necessário para levar a cabo a empreitada. Já falei, em artigo anterior, sobre a importânca de saber quando atuar e quando apenas desempenhar. Não podemos embarcar na canoa furada do apelo empresarial à emocionalidade da pessoa. Quando a organização insiste, até mesmo ameaçadoramente, em que seus empregados "vistam a camisa da empresa" explora criminosamente, no meu modo de ver, a parte mais íntima do indíviduo. Ao "vestir a camisa" de alguma coisa, a pessoa é incentivada a investir mais carga emocional do que a necessária naquela coisa; a investir nela mais valor psicafetivo do que em si mesmo e em seus objetivos pessoais. No caso da empresa, a pessoa é incentivada a investir-se totalmente nos objetivos que a empresa lhe coloca. No entanto, quase sempre a empresa (com destaque para as mega-empresas multinacionais) não reconhece retribuitivamente o esforço além do limite de segurança psicoemocional de seu empregado em prol do interesse dos "investidores". Estes, querem o resultado daquele esforço pessoal, mas se recusam terminantemente a compensar de algum modo tal esforço, visto que isto redundaria na diminuição de seus lucros. Então, a PASR orienta a todos que saibam diferenciar entre o atuar e o desempenhar. Este último verbo cabe para apelos consumistas, que não geram qualquer benefício para o indivíduo, enquanto aqueloutro cabe para vivências restritas, individuais, às quais é necessário dar maior carga de emoção e envolvimento individual.

A fim de ajudar seu psiquismo e a si mesmo (ou a si mesma), a PASR orienta-o (ou orienta-a) a, ao final de seu dia, mormente daquele que foi muito agitado devido às solicitações do meio, sentar-se e tentar: a) escrever por ordem decrescente de intensidade ou premência social os dilemas que enfrentou e para os quais encontrou uma saída (ex: ter obtido o dinheiro para pagar a conta do telefone e a prestação do carro, que estavam atrasadas); b) depois, os dilemas que enfrentou e cujas saídas dependem de mais tomadas de decisão sua (ex: tomar ou não um empréstimo para adiantar as prestações da casa); c) finalmente, os dilemas para os quais você ainda não vislumbra uma saída satisfatória. Fazendo este pequeno exercício você ajuda sobremodo seu sistema interno de organização dos radicais perceptivos livres e se safa de um excesso de ansiedade que só lhe traz prejuízo, pois a atenção interior se concentra no que é importante e se livra mais facilmente daqueles radicais perceptivos livres que podem perturbar seu dinamismo funcional. Após isto, execute alguns exercicios de Chi-Kun, a respiração associada a movimentos dos animais (por exemplo: abrir e fechar a asa da garça; o bicar da garça; o andar da garça; o colear da cobra etc...) e se dê um tempo para simplesmente massagear seu corpo a fim de promover o relaxamento dos músculos e ativar sua circulação periférica e profunda. Não há necessidade de que recorra à ação de um profissional de massagem. Há livros que ensinam como uma pessoa sozinha pode perfeitamente promover uma boa massagem reconfortadora em si mesma. Nós, ocidentais, não nos amamos o suficiente para dedicar atenção ao nosso corpo. As mulheres recorrem a cabeleireiros, a maquiagens e outros artifícios superficiais para impressionar os homens. Bem podiam usar aquele tempo para dar a si mesma um pouco de atenção e carinho. Seria mais benéfico. Também aconselho a que pratiquem diariamente o exercício taoísta de sorrir para seu corpo (você encontra este exercício no livro intitulado "A Energia Curativa do TAO", de Mantak Chia). Para nós, ocidentais, este exercicio não é nada fácil de fazer, pois requer disciplina bem exercitada, o que não temos. Além disto, vivemos para o mundo de apegos e, não, para nós mesmos, e isto nos mantém num constate e crônico estado de premência, que faz que vejamos o tempo como algo que "escorre" inutilmente quando estamos dedicando uma parcela dele ao nosso corpo. Mas se você tem algum distúrbio que identificou como nascido dos processo que mencionei aqui, então, valerá a pena procurar desenvolver o hábito de sorrir para si mesmo.

Vou, agora, levá-los a estudar a área intermediária, aquela que em você só é acessível a poucos e estes poucos se constituem daquelas pessoas de sua família, daqueles amigos "de fé" e de seu parceiro ou parceira na vida. Esta área intermediária já sofre fortes restrições à penetração por desconhecidos ou por pessoas em quem você não confia. Ali só penetram as pessoas que lhe são afins, como parentes, amigos íntimos, parceiros etc... Só a estas pessoas você confia seus sonhos mais secretos, seus medos, suas inseguranças, suas dúvidas, seus sofrimentos e suas alegrias mais íntimas. Só a estas pessoas você pede conselhos e só delas recebe orientações em que confia.

A segunda área mantém-se na penumbra de sua atenção consciente. Até porque ela só é solicitada em ocasiões nas quais você pode privar da companhia de quem confia. E mesmo assim, ela só é aberta a tais pessoas quando um dilema de intensidade incomodativa está perturbando sua tranquilidade e lhe requerendo atenção emocional constante. Nesta área sua psique trabalha mais intensamente, buscando defender-se de se abrir, mesmo a pessoas íntimas. Assim, procura meios possíveis de sair dos dilemas cruciantes sem ter que buscar auxílio na orientação de parentes e amigos. Esta resistência embasa-se no temor que temos de nos tornarmos vulneráveis a terceiros, dando-lhes a conhecer nossas fraquezas. Nosso "Eu" entende que todos desejamos controlar as coisas e pessoas em nosso ambiente. Assim, se somos uma pessoa no ambiente de outra, ao nos abrirmos para ela colocamos-nos no perigo de sermos invadidos e controlados pelo outro. Portanto, não nos abrimos com facilidade para um terceiro. Esta condição de defesa também pode gerar sonhos mais complexos, mais confusos. Nosso receio de nos abrirmos para um amigo de quem sabemos poder ajudar-nos, mas em quem não temos plena confiança, pode ser representado em um sonho confuso, de pouca clareza, onde o amigo surge na forma de um objeto ameaçador, um ser estranho do qual fugimos sem poder fugir. A mesma representação onírica pode referir-se ao dilema em si, o qual surge como a ameaça da qual não conseguimos escapar. A compreensão deste tipo de sonho de origem mediana no sistema Pessoal vai depender de como se processa a vida ativa do sonhador. Alguns "radicais perceptivos livres" podem ser usados pelos "mecanismos de defesa" do sonhador para disfarçar ou ocultar a mensagem onírica e tornar o sonho mais confuso e incompreensível. O comportamento da pessoa em conflito íntimo reflete-se em suas produções externas, assim como no seu modo de falar, de ser coprolálico compulsivo (grego: kopro = fezes; lalo = cuspir; expelir. Coprolalia quer dizer defecar pela boca, ou seja, dizer palavrões, insultos verbais de modo agressivo, insultuoso), assim como de ser desnecessariamente grosseiro, rude no trato. Também se reflete em suas produções gráficas e um bom analista de grafismo poderá ver "claramente" a intratensão da pessoa através de seus desenhos. Esta segunda área é a que tem sido mais intensamente estudada e pesquisada pela Psicologia e é onde mais intensamente trabalham os Psicólogos Clínicos. Muitas teorias de psicologia nasceram do estudo e da pesquisa realizados nesta área.

Finalmente, vou falar um pouco da terceira e mais íntima área de qualquer estrutura da Identidade de um indivíduo. Trata-se daquela área que é totalmente vedada a terceiros e acessada, muito raramente, pelo próprio indivíduo. Nesta terceira área estão aqueles complexos mais primitivos e mais antigos na formação das Identidades do indivíduo. Encontram-se os conflitos violentos entre as estruturas identificatórias individuais e as imposições, as mudanças e os apelos sociais e de Educação. É a área de estudo e pesquisa da Psicanálise e da Psiquiatria e não interessa ao leigo, pois seu estudo é muito complexo e de difícil explanação.

Por enquanto, fico por aqui.

NAMASTÊ!
















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