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quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

PSICOLOGIA, A CIÊNCIA QUE NOS ENSINA A NOS COMPREENDER

Pisque sendo resgatada por
Eros
Somos pessoas. E como pessoas, vivemos os dramas do Mâyâ, o Mundo da Ilusão. Enquanto pessoa, cada um de nós é regido pela Identidade Pessoal, aquela que é formada a partir do momento em que nascemos e prosegue sempre se modificando, sempre se enriquecendo e sempre se adequando às flutuações do viver social. Mas a Identidade Pessoal é como uma asa delta que voa aparentemente livre no céu. Contudo, está presa ao barco que é a Identidade Individual, a qual cerceia seu vôo, limitando-o e fazendo que ela não se perca na imensidão do espaço, que, aqui, pode ser representado pela Psique.

A Identidade Pessoal tem três fontes de informação para realizar sua estrutura. Tais fontes são:
  - A Família;
  - A Escola;
 - Os Grupos Sociais.

O grupo familiar se estrutura em cima da educação que os pais receberam daqueles três grupos acima citados. A parte sedimentada (Identidade Individual) que há em cada genitor, em cada par do casal que formou a família de um indivíduo, empresta a característica singular entre as diversas famílias de um mesmo país, de uma mesma cidade, de um mesmo bairro e de uma mesma rua. Assim, ainda que integrando um determinado grupo social, como o Brasil; morando no mesmo Estado, na mesma cidade, no mesmo bairro  na mesma rua, duas famílias diferem fundamenalmente em modos, crenças, estereótipos valores, juízos etc... entre si. Estas diferenças ("idiossincrasias"colorem a formação da Identidade Pessoal (ou Social) de um indivíduo.

Em linhas gerais toda pessoa recebe de sua família:
          - Medo ou Destemor;
          - Preconceito ou Tolerância;
          - Crenças ou Descrenças;
          - Aversões ou Aceitações;
          - Juízos de Valor Positivo ou Juízos de Valor Negativo;
          - Base para um Estilo de Vida;
          - Dependência ou Independência;
          - Fortaleza ou Fraqueza;
          - União ou Desunião;
          - Respeito ou Desrespeito ao outro;
          - Arrogância ou Humildade;
          - Rigidez ou Flexibilidade;
          - Modelo Paterno ou Modelo Materno;
          - Etc...
NOTAS: 1) os modelos servem para orientar a identificação sexual social da criança. A mulher-mãe deve prover um modelo feminino para seus filhos, principalmente para suas filhas, enquanto o homem-pai deve prover um modelo masculino para seus filhos, com destaque para os genitalmente machos. O fracasso em desempenhar estes papéis sociais com certeza vai acarretar confusão na idenficação sexual social da criança em desenvolvimento.

                2) Embora eu tenha empregado a cunjunção alternativa "ou", na verdade qualquer pessoa recebe, de seu núcleo familiar, um quantum de um ou de outro atributo. Não há aquela pessoa que receba só medo ou só destemor em seu núcleo familiar. O ideal é que este quantum dos atributos opostos sejam bem balanceados e não haja preponderância de um sobre o outro, o que caracterizaria um "transtorno" na pessoa considerada.

Todos recebemos da Escola:
          - Instrução Boa ou Instrução Ruim;
          - Socialização Positiva ou Socialização Negativa;
          - Confiança no Grupo ou Insegurança em relação ao Grupo;
          - Admiração pela Autoridade ou Aversão à Autoridade;
          - Gosto por Aprender (estudar) ou Resistência à Aprendizagem;
          - Identificação Positiva ou Identificação Negativa com o Professor;
          - Etc...

Todos recebemos dos Grupos Sociais:
          - Modelos Comportamentais Positivos ou Negativos;
          - Liderança Positiva ou Negativa;
          - Cooperatividade ou Individualidade;
          - Agressividade Destrutiva ou Agressividade Construtiva;
          - Etc...
NOTA: agredir vem do latim clássico aggredire que significava trazer para perto; juntar; por isto ressalto se esse juntar é de modo destrutivo ou de modo construtivo.

A pessoa, para viver inserida de modo aceitável em um contexto social, busca adequar-se aos processos do ambiente contextual. Para tanto, mais frequentemente do que é capaz de perceber conscientemente, a pessoa flexibiliza sua Identidade Pessoal (ou Social) em várias de suas facetas para se sentir aceito e inserido no ambiente em questão, mesmo que esta flexibilização faça que sua Identidade Pessoal entre em conflito com sua Identidade Individual. No modus vivendi de nossa Sociedade doentia atual este conflito é mais intenso e mais presente na vida de todos do que se desejaria que fosse.

Quando eu praticava Tai-Chi-Tchuen com o Dr. e Sitaigong Wu Chao-hsiang, conversávamos muito. Eu, na qualidade de psicólogo clínico, tinha muito o que trocar em informação com ele, que era Dr. em Aculpuntura, pela Universidade de Beijing; e Dr. em Neurologia, pela Universidade de Harvard.
Além de ser um Grande Mestre em Artes Marciais, Dr. Wu também era Taoísta praticante e seguia à risca os belíssimos ensinamentos do Tao. Em uma de nossas aulas, ele nos disse:
"- Todo homem tem três cavalos. O cavalo físico, mas ele não é este cavalo. O cavalo emocional, mas ele também não é este cavalo. E o cavalo mental ou psíquico, mas ele não é este cavalo. O homem é alguma coisa que tem o dever, a obrigação de fazer que estes três cavalos andem em harmonia, pois a Harmonia é o fiel da balança do Universo".

Aquela alguma coisa a que ele se referia é o que chamo de Espírito. Nós somos Espírito e este Espírito deve voltar sua atenção para controlar, domar, harmonizar e dirigir seus três cavalos. Um grande equívoco da Psicologia, da Psicanálise e da Psiquiatria, creio eu, é que acreditam que a terapia mental deve voltar-se para a busca do equilíbrio da Identidade Pessoal relativamente aos valores, às leis e às crenças sociais vigentes. Entretanto, a terapia Mental é muito mais profunda e muito mais delicada do que se pode imaginar. Em nossos dias, quando o pensar norte-americano domina quase todas as culturas humanas, a Ciência está reduzida ao niilismo material e centra-se fundamentalmente no pensamento econômico e de mercado. O Mercado dita o modus vivendi de toda pessoa. Impõe aos países menos desenvolvidos o stress como sendo condição sine qua non do trabalho. Os países em desenvolvimento têm seus Mercados internos invadidos e estuprados pelo Mercado Mundial Globalista. Este, visando unicamente ao lucro acima de tudo, esmaga a condição humana e torna toda pessoa um ser 'transtornado" psicafetivamente.

Uma pergunta lógica do leitor é: "Como faço para equlibrar cada um destes cavalos e os três entre si?"

A resposta nos vem não das teorias psicológicas ou psicanalíticas, mas do Tao: "Desapegue-se". E o que é desapegar-se? Em poucas palavras, desapegar-se é livrar-se do Desejo.

Ensina a Teosofia que o Desejo é a forma mais rudimentar do Amor. Sendo rudimentar e primitivo, o Desejo é, consequentemente, impulsivo e egoísta. E se pensamos bem nesta assertiva teosófica concluímos que ela está corretíssima. Vamos começar a entender o Desejo pela estrutura social totalmente errada que montamos para nosso viver comunitário, ao qual chamamos de viver em sociedade. Centramos nosso viver em sociedade fundamentalmente no Desejo e o Mercado se embasa total e intensamente no açulamento do Desejo em toda pessoa a que denomina de consumidor. Se o leitor quer o exemplo vivo, intenso, para que consiga apreender esta idéia sobre o Desejo, preste atenção ao que está dentro de sua casa constantemente: assista às propagandas da televisão. O que elas seguem como linha mestra? A estimulação do Desejo no consumidor. O incentivo à compra é constante e insistente. Para tanto, mantém-se sempre e sempre buscando um meio de levar o consumidor a comprar o mesmo objeto ano após ano, pois só assim o Mercado se mantém de pé e toda a estrutura social errada e "neurótica" que o ser humano montou para si, também. É o caso das revendedoras de automóveis. As montadoras têm de vender suas produções ou seus pátios vão ficar ingurgitados e impossibilitados de suportar mais carga. Então, buscam alterar um detalhe na lanterna traseira do carro que produzem; arredondar a silhueta das portas etc, etc, etc... Enfim, inventam superficialidades e a propaganda trata de colocar aquilo diante dos olhos do consumidor, buscando "encantá-lo", "fasciná-lo" a ponto de fazer que se desgoste do carro que comprou no ano passado e passe a desejar intensamente o "novo carro do ano". É assim com tudo. Até com o corpo mesmo da pessoa. Tudo é mercadoria que deve alimentar o Mercado. Inclusive valores Éticos e Morais. Orquestrando este viver desvairado, temos o maestro chamado Banco. A pergunta, agora, é: como não ficar "transtornado" psicafetivamente em um sistema tão desumano? A resposta é: não há como.

O Desejo nos leva ao apego. Primeiro desejamos algo intensamente. Então, empenhamos-nos em conseguir nosso objeto de desejo. Depois de consegui-lo, a ele nos apegamos como se aquilo fosse essencial para nossa vida. Mas não é. Este não ser essencial que devemos atruibuir a todo objeto de posse é a mais árdua tarefa de quem se inicia na senda do desapego.

Vou retornar ao tema do desapego porque ele é vasto e demasiadamente importante para ser somente citado. Enquanto isto, sugiro ao leitor realmente interessado que procure reler o artigo, absorver seu conteúdo e buscar em sua vida constatar o que digo quanto ao que toda pessoa recebe de seus três núcleos principais de formação.

Um abraço e

NAMASTÊ!
         

2 comentários:

  1. Caro Orisval Brito, meus parabéns pelo seu BLOG ! O nosso amigo Sandro está aqui comigo te mandando um grande abraço ! Saúde, Luz e Paz em Cristo ! Prof. Fernando Lo Iacono ! www.fernandoloiacono.blogspot.com

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  2. Obrigado pelos parabéns, professor. Um abraço deste seu criado. Orisval

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