Páginas

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

OTÁVIO FERNANDES, 19 ANOS, LINCHADO EM BH. POR QUE?

Resultado da ação inconseqüente de incendiara
ônibus no Rio de Janeiro: - cadeia.
Ódio gera ódio. Excesso de emoção, também. Vocês já repararam como a filosofia de Mercado esculhamba com tudo? Até a emocionalidade das pessoas é usada como mercadoria. A coisa funciona assim: observa-se a paixão desenfreada que o apego a determinados tipos de “heróis” fabricados desperta. Então, normaliza-se (o verbo correto é normalizar e, não, normatizar, como ouço muitos “letrados” falar por aí) a prática de determinados esportes, onde tais heróis aparecem aos montes. E aí, é só lucrar. O que vai acontecer quando a emocionalidade explorada explodir é coisa de somenos. Alguns mortos, e daí? O Mercado lucrou. Pronto. É isso que interessa. Nossa sociedade tem um campo fértil de trabalho para os Sociólogos, mas cadê eles? Enfatiotados, como nosso ex-presidente FHC, discursam sobre tudo o que é “gossip”, menos sobre a situação nua e crua da sociedade brasileira. Olham para as sociedades estrangeiras e dão pitacos gloriosos sobre o que vai por lá, mas e o que acontece aqui? Sei, sabemos todos, que a sociedade brasileira tem uma tendência doentia para copiar o que não presta do exterior, mormente o que não presta vindo dos nossos irmãos do Norte. Mesmo assim, as cores que colocam nestas importações são nacionais e oriundas de um sistema de medidas políticas incompetentes, pobres e manipuladas segundo interesses nada patrióticos. Por que temos de desenvolver uma “democracia” à americana? Afinal, em tudo e por tudo o Brasil difere da América do Norte. Bem podíamos ter nossa própria Democracia. Mas é certo que a ferro e fogo, a dólar e Mercado, a fuzil e ameaça de “cacete atômico” os poderosos irmãos do Norte impõem aos demais países seus modos de pensar, seus modos de comer, seus modos de vestir, seus modos de gostar ou desgostar de algo, seus modos de agir, seus modos de legislar. E o resultado é que as culturas diferentes, mesmo aquelas ainda em formação, como é o caso sui generis da brasileira, vai pro brejo.
Nossa falha, responsável oculta pela morte do pobre jovem torcedor de futebol, encontra-se em duas vertentes totalmente descuidadas por nós, brasileiros. A primeira vertente diz respeito à educação das crianças no seio familiar. Ninguém desconhece o quanto uma criança é animal – ou seja: um ser animado por uma alma que ainda não começou seu treinamento para se tornar espírito. E como ser animal, é igualzinha ao gatinho, ao cachorrinho, ao ursinho e tantos e tantos outros “inhos” que distinguem os bichos da Natureza. Sendo assim, vez por outra os seus genitores, no desempenho da difícil tarefa de serem pais, têm de endurecer o cabresto; têm de puxar as rédeas com força. Mas aí vem o famoso ECA (embora “eca” significa “merda”, não falo disto, não. Falo do Estatuto da Criança e do Adolescente)uma boa intenção que é mais uma a pavimentar o caminho do Inferno —, e estraga tudo. Pais que endurecerem o cabresto podem ser processados pela criança ou pelo adolescente que se sentir tolhido no seu direito de ser bicho. Aí, temerosos, os pais procuram seguir o “gossip” dos psicólogos escolares (verdadeiros “Maria-vai-com-as-outras”) e “psicopeidagogos” (na expressão jocosa do saudoso coronel Carlos Alberto Goulart Pereira) e metem as mãos pelos pés, ficam mais perdidos que cego em tiroteio e só encontram uma saída desesperada: transferir para a Escola a dificílima tarefa de educar seu bichinho humano. E acontece o que aconteceu em São Paulo: um aluno de Educação Física, Hamilton Loyola Caires, mata a facadas um professor, pai de família, que cometia o crime de tentar levar seus alunos a estudar através de suas avaliações. O pobre professor assassinado a facadas dera uma nota baixa ao aluno revoltado. Mal educado familiarmente, ainda bicho animalizado, em vez de dialogar até esgotar todos os argumentos possíveis e chegar a um entendimento com seu mestre, o aluno lança mão de uma faca e esfaqueia o homem pai de família, que deixa esposa e dois filhos na rua da amargura. Depois, o aluno animal vai para casa, onde chega chorando, talvez porque no fundo de sua consciência ele tivesse a vontade de gritar para seus pais: “Vocês são os culpados! Vocês não me Educaram para ser Humano”. O irmão do assassino, talvez desejoso de ressaltar uma desculpa que minimize o ato animal, disse à polícia que seu irmão é usuário de drogas. Bom, isto só piora a responsabilidade dos pais, pois era da alçada deles evitar que “um criminoso adotasse seu filho”.
Como vocês podem ver, quando se pega um fio de meada do drama nacional brasileiro, ele termina no novelo da Funesta Novela Social Brasileira e vai desaguar, invariavelmente nas políticas públicas sociais – aliás, coisa que não temos, é preciso ressaltar. E novamente tenho de cobrar uma ação firme, forte, presente e visível dos Sociólogos e dos Psicólogos Sociais, pois caímos, também, na área destes profissionais. Onde estão eles? Quem souber, me diga, pois eu não sei...
 

Nenhum comentário:

Postar um comentário