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segunda-feira, 4 de abril de 2011

O QUE É A VIDA?

Você poderia definir o que é a vida? Coloque-se como seu objeto de observação e me responda: o que é a vida para você? Acho que se eu lhe desse até amanhã para que encontrasse sua resposta, você não conseguiria e certamente iria pedir mais tempo. Vou ajudá-lo a entender a complexidade que é esta definição.

Imagine-se longe de si. Um ser que está em algum plano mais sutil que este em que você vive como pessoa social, civilizada. De lá deste plano - que, por ser mais sutil que o próprio éter, interpenetra toda a matéria de nosso mundo, logo, permite que você também seja assim, um "interpenetrador" da matéria de seu próprio ser social - você observa tudo o que se passa ao seu redor e em si mesmo no decorrer de um dia. Agora, olhe os processos fenomênicos que estão acontecendo a cada segundo de seu dia. Eles surgem em função de uma cadeia sequencial que, de onde você está, parece não ter fim. Cada elo da cadeia lhe mostra uma infinidade de opções, mas há uma que é mais densa, mais viva. Esta opção foi a que você tomou em um segundo de seu viver. E esta opção formou o próximo elo e o determinou. Dentre novas opções em um novo ambiente, você decidiu-se por uma opção e esta, novamente surge como mais densa e mais viva, pois foi a que você escolheu entre tantas outras. As não escolhidas lhe aparecem como elos opacos, sem vitalidade, pois não mais se realizarão. Como os espermatozóides que não conseguiram fecundar o ovócito para transformá-lo em óvulo, as opções recusadas apagam-se de sua existência. Permanecem, contudo, algumas delas teimosamente brilhando na escuridão do passado. Você presta atenção nestas opções e verifica que elas são arrependimentos por não terem sido as escolhidas. Sobre elas paira uma dúvida, uma incerteza: e se eu tivesse optado por? Agora, você escolhe uma das opções feitas em sua vida. Uma opção sobre a qual paira a pergunta angustiante. E verifica que esta opção não lhe trouxe nem alegria, nem compensação, nem felicidade, nem nada. Só redundou numa mudança radical na direção da sequência de sua vida. Talvez, mesmo, em grande decepção e prejuízo. A opção que permanece como um fantasma preso àquela não tão boa teria dado um rumo bem diferente à sua existência. Um rumo que você jamais saberá se teria sido melhor ou pior do que a que realmente fez. Curioso, você se pergunta: por que fiz esta opção e não aquela?
A fim de encontrar a resposta à sua pergunta, você se aproxima daquele momento opcional e se assusta quando verifica que ele aconteceu num átimo de tempo tão pequeno quanto um nanossegundo. "Mas eu pensei tanto; eu pesei tanto; conversei com tanta gente sobre o assunto; aconselhei-me com tantas pessoas antes de decidir e, agora, vejo que o tempo da ocorrência da opção feita por mim não chega nem a um segundo? Como, se eu sempre me disse que tinha pesado bastante o assunto, antes de me decidir?" Sim, claro que você pensou e pesou todas as possibilidades, mas isto foi antes da tomada de decisão. E cada uma daquelas ponderações já era uma tomada de decisão. Esta serve? Talvez, mas e esta? E foi assim, optando sempre que você finalmente se perdeu... É, você se perdeu. As opções eram tantas e surgiam com uma frequência tão rápida que você terminou por se cansar e se perder. E, então, num último esforço, escolheu aquelas mais densas, mais imediatas, que lhe pareciam ter maior peso para lhe orientar. E foi com base nelas que reavaliou a situação e terminou fazendo a escolha num impulso, ou seja, em um nanossegundo. Você, então, verifica que suas tomadas de decisão foram feitas sempre do mesmo modo: avaliação; reavaliação; avaliação e um impulso. Uma sequência de impulsos que aconteceram em nanossegundos. Essa foi a sequência de sua vida.

E você resolve aproximar-se mais daqueles nanossegundos e verificar o que aconteceu antes deles e descobre que tudo é uma sucessão de quadros mnemônicos. Lembranças estratificadas! Para tomar uma decisão você sempre recorreu a lembranças que são quadros mnemônicos estratificados! Sua vida é uma sucessão de quadros mnêmicos!!! Mesmo quando sonhou com realizações futuras, recorreu a quadros mnemônicos pregressos, estratificados em sua memória. Tudo, toda sua vida é uma sucessão de quadros mnemônicos anteriores, passados. E você conclui, pasmo, que vive no presente sempre voltado para o passado. é com base neste que você estrutura seu futuro e, não, em seus sonhos, pois estes, quando têm de ser concretizados, invariavelmente dependem de recordações, de experiências vividas e de aprendizagens anteriores.

A vida, então, é uma sucessão de quadros, de cenários, constantemente revividos em busca de uma saída nova para dilemas de vida. Dilemas que, em última análise, não são tão novos quanto podem parecer, visto que são consequências de tomadas de decisões suas. Os novos cenários de seu presente não contêm nada de novo. São reestruturações de cenários antigos, apenas reapresentados sob um ângulo totalmente novo e desconhecido para você.

E assim como é com você, é com todos nós. Mas está espantado com esta conclusão? Pois bem, que tal introduzir nestes cenários a energia trazida do Carma anterior? Uma energia que busca a reestruturação de situações dilemáticas muito semelhantes àquelas nas quais você ou eu ou qualquer um falhou redondamente na realização de uma tomada de decisão? Aí, a coisa se complica em proporção geométrica, não é mesmo? Então, me diga: Quem é você? Quem somos nós?

Ih! Vai começar tudo de novo!...
 

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