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sábado, 12 de novembro de 2011

IXI, SINHÔ, MECÊ NUM TÁ EXAGERANUM NÃO?

Ixi, exagerô, doutor.
Hummm... Num dá pra manerá, não, doutô? Esse capachismo, sinhô, é de dá imbruio nos istômbo da gente, nhor sim. Óia, nem eu qui sô iscravo do sistema faço isso aí, nhor não. Nóis, iscravos do sistema democrátu qui os sinhô inventarum, se satisfazemo com um simpre "cuma vai, sô!" A gente sabe, né doutô, qui a ganância pelo dinheirim púbrico é danadinha de ruim. Corrói as intranhas dos que, cuma o sinhô, tão lá in riba. E parece que amulece tombém a espinha de suncês, né não? Basta chegar perto de arguém qui tem mais puder e aí, a danada se enfraquece, né mermo? E o qui dá é isso aí... Acho inté que Dona Izabé nunca teve tamanho puxasaquismo in vorta dela, nhor não.

Otro dia, num sabe, ouvi meu netim dizê, vendo a foto aí de cima: "Vovô, pru que qui o home tá mordendo a mão da muié e o outro tá olhando pro cangote dela?" Aí, num me guentei e respundi: "É pruque eles são lobo, num sabe, fio. Um quer começar comendo pelas beirinhas, que são a mão e o braço da coitada; o otro, quer logo partir prus finarmente e já mira no cangote pru qui sabe que ali é que se mata depressa". O minino ficô oiando a foto um tempão e, entonce, me disse: "Coitadinha da muié, né, vô?" Aí, doutô, tive de rir, né mermo? A muié pode inté ser veínha, mas é uma peste danada de isperta, nhor sim! O bichão que tá mirando no cangote dela num faz idéia de que a muié é carne de piscoço, ora se é. E se ele, qui já num tem mais dente naturá, dé o bote, vai ficar banguela rapidim, isso eu agarantu. E tu já pensou o véio careca falando de boca murcha prus otros? Ih, vai ser uma guergaiada só, minino! E aí, seo doutô, demo de rir. E sabe o sinhô qui rir das besteragens que suncês faz é muito bom? Alivia o aperto em que suncês colocam a gente, num sabe. Disopila nosso figo. Exprimenta, doutô. Vancê vai se surprendê...

Agora, doutô, dá uma ispiada na muié de branco que tá oiando pra vossuncê. Óia só a expressão dela. Acho que é de nojo, num sabe? Ela inté isqueceu as mão parada na palma qui tava pra batê! Num dá vergôia no sinhô, não, doutô? Eu, no seu lugar, ia ficar vermeio inté o rabo, ora se ia.

Agora, pra muié presidenta, eu quiria dizê a ela que nunca mais desse as costa pra gente como o carecão que tá atrás dela, na foto. Esse bicho é lobisome, dona. Suncê já foi nas terra onde ele tem a toca? Aquela qui chamam de Maranhão? Pois vá lá, dona, vá lá! É uma pobreza só, num sabe? Ele, a fia e a turma toda de sanguessuga nunca feiz nada pur aquela gente, num sabe? Tiram todo tostão que é mandado pra lá pelos grandão cuma a sinhora, dona. Dinheiro pra Saúde? Fica no bolso deles. Dinheiro pra Educação? tombém. Dinheiro pras istrada? Ih, esse é qui desaparece mermo, dona. É maracutaia in cima de maracutaia. E o zé povão, bobão, ainda vorta nos peste. Dá pra intendê, dona?

Aí, Presidenta, eu conto cum cento e tantos anus, num sabe? Já nem me lembro o dia em que nasci aqui imbaixo. Acho qui Zâmbi maió isqueceu de mim. É o qui parece, pois tudo qui é parente meu já se foi e me deixarum aqui. Num sei mermo pruque, num sabe? Acho qui eu num era bom iscravo e fui castigado e deixado aqui pra vê qui suncês, brancãos, iam fazê o mundu munto píó do qui aquele em qui eu nasci, e cresci, e fui iscravo de apanhá de relho, dona. Eu carreva cinquenta quilo de cana de açúcá nos lombo todo dia, dona. E isto desde demanhãzinha inté o anoitecê. Era duro, dona, munto duro. Mas quando vejo o povão de hoje amuntoado cuma gado, dentro dos bicho de quatro roda qui fumaçam mais qui o cachimbo deste preto véio, acho que essa gente de hoje sofre bem mais, pois apanham com o chicote da ganância de gente cuma o lobisome qui tá atrás de seu cangote, dona.

Agora, dá licencinha qui véio tem de ir lá atrás da moita. É qui minha bixiga anda fraquinha e tenho de mijá de hora em hora e tá na hora, agora. Notro dia a gente continua, tá bom, dona Presidenta? Inté lá, cuidado com os qui bejam sua mão e os que olham pru seu cangote. Fique atenta, senão...


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