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quarta-feira, 16 de novembro de 2011

AI, JISUS, ME LIVRA DESTA QUE O BICHO TÁ FEIO PRA VALER!!!

Vó Cambinda! Pelo Amor de Deus, segura essa merda aí
em cima que eu não estou conseguindo sair daqui de baixo.
Hummm.... Véio tá cum munta reiva de suncê, Ministo. Suncê mintiu!!! E na Casa Grande do povão brasileiro! Óia só, seu cumportamentu, Ministo, adispertou a mininada e eles tudo forum pra rua gritá contra vancês, os corruptos... Sabe, eu inté gostei deste nomão feio. No meu tempo discravu, num sabe, num se falava munto nele, nhor não. Qui tinha, tinha. Mas se se falsse o pau cumia no lombo da gente. E se fosse arguém alforriado ou de pele branca, ia pra forca. Cá pra nóis, Orlandim, lastimo tanto que tenham abolido enforcamento de bandidão em plena praça púbrica! Era mermo bunitim pra danar ver as pernas do safado dançando a dança da morte dependurado pelo cangote na corda da forca... A gente ficava sabendo qui, pelo menos aquele, numca mais ia dar dor de cabeça pro povo... Cuma será qui suncê ia ficá dependurado, hein Orlandim? Gorducho cuma vancê é, ia dançá bem pouco, eu acho. Inté nisto suncê ia decepcionar o povão, Orlandim. É... Corrupto num presta nem pra morrer...
Suncê bem qui pudia ter nascido lá naqueles tempo, né Orlandim.
Naqueles tempo, fio, os ladrão de colarinho duro (eles não tinham colarinho branco, não. Era tudo de colarinho duro de goma de passar roupa) faziam a farra. Naqueles tempo, suncê roubava sem peso na consciência e sem aperreio de gente gritando contra suncê. Óia, Orlandim, tem inté um pontim de macumba qui diz assim:
"Ó mô fio do jeito qui suncê tá,
Só o home é qui pode te ajudá!
Suncê pega u'a garrafa de marafo,
Marafo qui vou dizê o nome.
Leva tudo pra uma encruziada,
Lá chegando arreia e chama o home.
O galo vai cantá, suncê assunta,
Reia tudo no chão qui tá na hora,
E se guarda noturno vim chegando
Suncê óia pra ele qu'ele vai andando.." 
É... Mas vai por preto véio, Orlandim. O home tá correndo às légua pra bem longe de suncê. O home num protege babaca, não, sô Ministo. Cum ele, pra fazê merda, tem de fazer bem feito, iscutô? Cuma é que posando ao lado do tar avião, ao lado do home que lhe deu carona no bichão qui voa, suncê se esqueceu disto e negou na cara de pau aquela verdade qui munta gente viu? Sei, sei. Foi tudo pur conta do aperreio em que suncê se incontrava naquela hora angustiada, né mermo? Mas nesta hora, Orlandim, discurpa cuma essa num pega, nhor não.

Vovó Cambinda 'tá cismada cum suncê, fio... Toma tento na vida, senão...
Vovó Cambinda 'tá cismada cum suncê, fio... Toma tento na vida, senão...
E óia, fio, deixa em paz a véia Cambinda, num sabe? Ela é munto mansa, munto amiga, mas só de gente boa. Gente de sua laia, Orlandim, ela num ajuda não. Véio sabe munto bem disto e pode agaranti pru sinhô. Nós, véios trabaiador, trabaiamo pra ajudar gente qui presta. Mas suncê cum seus cumparsas, Orlandim, tão mais é pro chifrudo do que pra banda boa hê, hê, hê...
Orlandim, toma vergõia e deixa Jisus im paz, home! Tu num sabe qui ele só perdoa ladrão bom? Ladrão de colarinho branco, Orlandim, num tem nada de bom, num sabe? Óia só a quantidade de gente qui morre nas porta dos hospitá, à mingua, sem remédio, sem médico, sem ninguém pra operar os apareio caru qui forum cumprado no ixterior... E sabe pru que? Pruque tu e teu pessoá, Orlandim, meterum a mão na cumbuca do dinheirim do povão e puseram tudo nos vossos bolsos.
E tem mais, Orlandim. Suncê se lembra do horrô qui foi a catástrofe lá nas serra do Rio? Pois é. As cidades toda forum arrazada. E num foi uma só, não, Orlandim. O Guverno aliberou uma tar de verba pra ajudá os coitado, mas sabe o que vossos cumparsas fizerum? Açambarcaram a dinheirama toda e até hoje o que resta lá em cima é desolação e destruição. Me diz, Orlandim, qui tar, na tar Copa de Futebor, levá os turista lá pra riba pra ver a desgraceira que virou firida braba no meio da serra? Eu duvido que suncês tenham coragem, né não? Suncês num tem vergõia, não, Orlandim. Acho inté que já nasceram assim, sem-vergõia. A véia Cambinda veve me dizendo:" Orozimbo, dá maleme preles. São crianças da Evolução..." Mas eu num dou não, num sabe? Por mim, o povo tem mais é qui descer a lenha nos lombos gordos, preguiçosos e arrogantes de suncês. Iscuta só: desde o tempo de Jisus, que os religiosos vem perdoando os safados e dando nova chance pr'eles. E os disgraçados morre e nasce e morre e nasce sempre na mesma merda, sempre fazendo cagada das mais fedidas. Tu, Orlandim, tá no meio do bando. Pru qui é qui Pai Orozimbo vai dá maleme pra verme cuma tu? Eu, heim! Acho inté que a véia tá caducando... Se a memória num me faia, o próprio Jisus ficou danado da vida com os qui vendiam coisas bem nas barbas do Pai d'Ele, lá no templo, né não? Pois é. Jisus se arreliou e chutou as bancas e xingou todo mundo de ladrão e outras coisas mais. E inté os condenou pelo mau cumportamentu deles. E óia qui era Jisus, o fio de Deus...
Eu sô só um véio qui trabaia duro tentando ajudá os coitado qui vancês abandonam, Orlandim. Tô cansado, num sabe? Tô cansado de dizê palavras de consolo pra quem percisa mermo é de alívio pra carga pesada que suncês lhes lançarum nos lombo. Trago munto deles pra minha arucaia pra dá de cumê. Eu reparto o pouco qui tenho cum meus pobrezim, num sabe? E trato deles cum minhas ervas qui curtivo no fundo de meu quintarzim. Enquanto suncê e seu bando de sem-vergõias bebe vinho tintu e come caviar, nós cumemo o pão qui o diabo amassô e tudo pur causa de suncês, ladrões de colarinho branco. Vixe Maria, Orlandim, eu inté tenho de pagá um tar de IPTU qui suncês inventarum pra tomar dinheiro da gente, num sabe? E todo ano é aquele desespero. Suncês armentam o imposto pru que no ano novo tem carro novo, tem lancha nova, tem buginganga eletrônica nova, tem terra braba pra ser desmatada e suncês percisam de dimdim, né mermo? E dizem qui se num for assim, a Economia se estaguina... Eu nem sei o qui é a tar de estaguinação... E de onde suncês vão tirar o dimdim? De nós, povão desamparado. E véia me pede pra dá maleme? Num dô mermo! Num dô de jeito e manera, sô! Tô mais é querendo que o chifrudo arrume cama de gato pra cima de vancês todos, ora se tô! É, tô danado da vida com os tar de corruptos. Safadões! Bandidões! Tô rezando pru chifrudo levá tudo pras profunda, ora se tô! E tu cum eles, Orlandim! Tu cum eles, tá entendendo? Vade retro, diabo!

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