Páginas

domingo, 28 de agosto de 2011

ÁTOMO ULTÉRRIMO E KARMA - PARTE I

Zeus, o Pai dos Deuses, até hoje sobrevive
no imaginárico dos Cristãos como sendo
o Deus hebreu.
Nada é mais trabalhoso, cansativo, complexo e muitas vezes confuso que o estudo do Karma. O que é isto? Muitas pessoas definem karma como uma dívida a quitar com Deus. Errado. Deus não cobra nada de ninguém ou não seria Deus. Deus doa de Si constante e perenemente. Ele não tem qualquer contas a cobrar no Seu Livro de Criação. Ele criou Leis imutáveis e que têm de ser ser obedecidas porque são perfeitas. Valem para todo o Universo. São Leis perenes. Uma vez criadas, Deus não mais tem que se preocupar com assunto de somenos, pois a Lei está aí para cobrar correção daqueles que as desrespeitem. Aliás, se os homens fizessem Leis que fossem obedecidas por todos muitos crimes teriam desaparecido da faca da Terra.
Outras pessoas defendem a idéia de que karma é o acúmulo de erros que as pessoas cometem durante a vida e que, por isto, têm de retornar à encarnação, em outros corpos, em outras épocas, mas envolvidos com as mesmas pessoas com as quais cometeu tais erros a fim de saldá-los. Aqui também há erro. Estas pessoas pensam assim: se A matou B, então, terá de renascer e ser morto por B a fim de quitar com este o crime que cometeu anteriormente. O karma visto desta forma não passaria de uma sucessão estúpida de vinganças em sequência.


Há os que afirmam que o karma é uma dívida ou uma sucessão de dívidas que uma pessoa adquire e que deve ser quitada ou quitadas, mas não necessariamente com as mesmas pessoas ou grupos de pessoas para com quem contraiu tais dívidas. Elas podem ser pagas ou quitadas com pessoas que nada tinham com o devedor, recebendo deste um auxílio prestimoso que a livre ou as livrem de uma vida de sofrimentos atrozes. Bom, pode ser assim, mas não é necessariamente assim. Mas afinal de contas, o que é o karma?
Como eu já disse  em outro artigo, a palavra sânscrita  Karma significa movimento. Esta tradução tão simples pode desnorteá-lo, leitor, caso você seja alguém que se enquadre em um dos três parágrafos com que iniciei o artigo. Você, com toda razão, deve estar-se perguntando:  como o simples movimento pode ser uma dívida? Bom, que tal você relembrar do que tenho dito sobre o Átomo Ultérrimo? Ele é a partícula primordial da Criação e jamais fica quieto. Vive em movimento o tempo todo. Movimento? Isto não lhe lembra karma?
Muita gente acha que o karma é algo ruim, mas está redondamente enganado. O karma apenas é ruim quando se torna excessivo, repetitivo e aprisionador do Espírito. Neste caso, sim, ele se torna ruim. No entanto, não é sua responsabilidade e sim do homem encarnado. Alguns religiosos discordarão de mim e afirmarão que o karma é o instrumento do demônio para colocar o homem em sofrimento eterno, seja no Inferno (que não sabem o que seja), seja na tal Roda do Samsara (que também não sabem explicar), seja, enfim, subjugando-o à tal Lei do Retorno, que muitos usam como meio de amedrontar os menos informados.
Por que será que o Demônio sempre tem a forma
humana em todas as fantasias humanas?
A propósito, como se parece o diabo ou demônio? Muita gente, mais da metade da humanidade, acredita que ele tenha a aparência que o cinema lhe emprestou e que se pode representar na face ao lado. O Diabo é o Mal e faz o Mau, portanto, é feio, repugnante. Sua expressão é de Maldade, sempre. Ele não tem nada de bom em si. No entanto, Zeus, que ficou no Inconsciente Coletivo da humanidade e se manifesta no subconsciente de todos os cristãos como a Forma de Deus, também tem aspecto humano. Só que não expressa nenhuma maldade em suas feições. Apenas seriedade, austeridade, realeza. Ambos, porém, são representados sempre com a Forma Humana. Isto não lhe chama a atenção? Não lhe desperta uma pergunta: por que o homem representa Deus e Diabo com sua própria forma física? Não será porque se identifica intimamente com ambos? Outra pergunta que é interessante que se faça:
O que, através dos tempos, distingue a realeza? 
O manto vermelho sempre foi o símbolo da realeza. Meu leitor deve estar lembrado da passagem bíblica onde Jesus é levado a Herodes por ordem de Pôncio Pilatos que desejava safar-se da incômoda situação em que lhe colocavam os Rabinos do Templo. Ali se diz que Herodes manda que se coloque um manto vermelho sobre os ombros do sentenciado como sinal de Sua realeza. Uma zombaria ignóbil... Mas quase certa, pois o tolo Herodes estava diante do Rei dos Reis e não sabia disto. Se você alguma vez viu fotos de reis do mundo, terá notado que todos eles ostentam um manto vermelho ricamente bordado. O manto vermelho sempre foi o símbolo da realeza entre os humanos. E a realeza, ainda que quando praticada por humanos nem sempre atinja tão meritório objetivo, representa Honestidade, Bondade, Justiça, Retidão e Sabedoria. A Realeza, portanto, é um Arquétipo Divino que o Inconsciente Coletivo humano sempre representa em seus ritos inconscientes. Um homem tem de encarnar, diante de uma Nação, a presença da Realeza e esta se vincula com os anseios da Bondade, da Justiça e da Sabedoria de Deus. Bondade, Justiça e Sabedoria são três das dez Sephirat da Árvore do Bem e do Mal ou Árvore da Vida, na Qaballah judaica. Interessante, não?.
Exu Porteira. Além da
forma humana, ele
traja um manto
vermelho e não tem a
expressão maligna do
diabo cristão.
Hummm... Já lhe dei muitas voltas na imaginação, não foi? Bom, vou complicar mais um pouco e lhe pedir que olhe uma das inúmeras imagens de Exu, um irmão mais rude do antigo deus Hermes dos velhos gregos. A ele também se deu um manto vermelho. Exu é o Rei das Encruzilhadas, afirmam os Umbandistas. Exu, entretanto, tido por muitos supersticiosos como o Diabo, não passa da reedição mais atualizada e muito mais banalizada do antigo deus grego, Hermes, cultuado entre os velhos gregos desde quase o início da Mitologia. Filho de Zeus e de Maia, inicialmente era o senhor da adivinhação, da magia e da fertilidade. Curiosamente, Exu desempenha estas funções na crença umbandista. Anos depois, Hermes veio a se tornar o patrono do comércio, da eloqüência,  da ginástica, dos ladrões e dos diplomatas e entre as oferendas que lhe eram consagradas estavam obode, que, atualmente, é o animal predileto de Exu. Se você estudar as funções de Exu na Umbanda e no Candomblé verá que esta entidade tem as mesmas prerrogativas do antigo deus olímpico, Hermes. É... O velho Hermes caiu muito em realeza, não foi mesmo? Em vez de grandes templos ricamente ornamentados, ficou reduzido a centros de Umbanda ou Candomblé, geralmente pobres e sem ostentação de peso social.
Mas é preciso que fiquemos atento a uma Lei da Natureza descoberta por Lavoisier e que ele enunciou assim: "Na natureza nada se cria, nada se perde. Tudo se transforma". E temos ainda que recordar de Sigmund Freud, o genial criador da Psicanálise, o qual afirmava que "da mente humana nada sai sem que antes ali tenha entrado desta ou daquela maneira". Estas duas Leis nos levam a uma pergunta inquietante: Esse abantesma existe? A resposta, por mais chocante que lhe pareça, é: sim, existe. E aí você deve estar perplexo, não é? Bom, vai chegar o dia em que vou falar de entidades como esta e explicar suas existências. No momento, vou-me ater ao dilema do Movimento que integra o Arquétipo Ação.
Mas se você não conhece ou não se lembra de como Hermes era representado, eis ao lado uma das inúmeras estátuas que os velhos gregos nos deixaram sobre esta criação da fertilíssima imaginação de que eram possuidores. Vejam como era belo o velho Hermes. Distinto, imperial, em nada leva a desconfiar que num futuro remotíssimo para sua época viria a ser reduzido a rudes estatuetas de uma entidade esquisita, com um nome africano e com funções menos nobres que a de um deus olímpico.
Hermes, patrono do Comércio e dos
Ladrões, é, hoje, representado na
imagem de Exu.
E tem mais: no início do Cristianismo, Hermes foi tido como uma das manifestações de Jesus. Em muitas representações de Hermes há um cordeiro ou ao seu lado, ou sendo por ele puxado. E o cordeiro se tornou o símbolo da mansidão do Cristo. Mas ele e o Cristo se diferençavam em muitos e importantes aspectos. Hermes foi o patrono da iniciação sexual dos jovens gregos e estava sob sua regência a orientação dos jovens efebos na prática do homossexualismo ritualístico, coisa que o Cristo não aprovava. Não que condenasse, pois nada há na Sua História que afirme ter sido Ele explicitamente contra esta prática no mínimo aberrante. Mas se não endossava nem jamais se meteu com este assunto, que na época da helenização dos hebreus era bem difundida quando Jesus caminhou nas terras de Jerusalém e arredores, fica bem claro que Ele não era partidário de um homem praticando coito anal com outro homem e servindo de fêmea para este último. Não consta que qualquer dos seus doze apóstolos fosse homossexual e se Jesus não escolheu ninguém nesta classe de seres humanos deve ter tido suas razões e uma delas que se pode supor é que não aceitava tal prática trazida para os hebreus pelos goins, não significando isto que entre os hebreus de boa cepa não houvesse aqueles muito chegados a um "pirulito de carne"... Mas vamos voltar ao movimento.
Movimento lembra Karma, não é? E não poderia deixar de lembrar, visto que karma significa exatamente isto: movimento. Quem é que, no Espaço Infinito onde exista matéria consubstanciada, está em eterno movimento? A resposta lógica e única é: o Átomo Ultérrimo. Portanto é aceitável afirmar que o karma está no átomo ultérrimo como sua raiz inseparável. Sem karma nada existiria nos planos inferiores ao Plano de Matéria Divina. Agora, responda: o que, em nós, é extremamente leve, volátil, incontrolável ou de difícil controle? A resposta só pode ser uma: o pensamento; a imaginação. E pensamento, imaginação, fantasia, tudo isto atinge em cheio a Matéria Mental onde tem existência nossa Mente, nossa Psique.
A Matéria do Plano de Matéria Mental é extremamente vibrátil. Nossa Mente, por outro lado, é extremamente eletromagnética e plástica. Isto quer dizer que uma Forma na Matéria Mental surge mais rápida que o raio, quando pensamos. Basta que imaginemos algo e este algo já tem a forma imaginada, visto que os átomos ultérrimos no Plano de Matéria Mental são extremamente responsivos ao pensamento humano. Uma vez que Mente e Coração (Emoção) funcionam concomitantemente, toda Forma criada mentalmente recebe de imediato uma carga emocional que, geralmente, tem orientação (direção e sentido). A Emoção é a Energia da Vida. Tanto que é a Emoção, chamada por nós de Ansiedade, aquela que nos permite manter-nos despertos e ativos. Sem um quantum determinado da Emoção Ansiedade, o corpo humano não atuaria ativamente nos ambientes em que deve viver, logo, não aconteceria a Vida na Forma. E se ao imaginarmos algo lhe damos Forma, o Átomo Ultérrimo imediatamente lhe infunde a Vida. Só que esta Vida é Elemental humana, isto é, não é da Natureza Natural, mas é nascida do homem que a criou. Uma vez que Somos Deus em Manifestação nesta Terceira Dimensão, tudo o que criamos recebe uma vida que tem sonância íntima com a qualidade de nosso modo de criar. Se somos maus e criamos más formas mentais, estas más formas receberão más energias de vida que lhe transmitimos de nosso íntimo, de nosso Corpo Emocional poluído. E estas energias não têm outro meio condutor senão o Átomo Ultérrimo. Então, é lícito afirmar que ao pensarmos criamos karma,  ou seja, criamos movimento, visto que pomos bilhões de átomos ultérrimos em atividade direcionada e intencionada.
Por outro lado, se energizamos com nossa energia de vida a bilhões de átomos ultérrimos, eles não podem permanecer ad eternum com tal energia - seja ela emocionalmente positiva, seja negativa. A Natureza possui uma determinada quantidade de átomos ultérrimos que devem trabalhar nos Planos de Matéria Cósmica durante todo o Manvantara, isto é, durante todo o tempo de duração da Criação e da Transformação. Lembremos de Lavoisier: "Na Natureza nada se cria, nada se perde. Tudo se transforma". Isto significa que os átomos ultérrimos que carregamos de energia de vida boa ou má, tem que se livrar de tal carga, pois não podem ser subtraídos do quantum determinado para este Manvantara. Se permanecessem sempre carregando em si tal energia, trilhões e trilhões de átomos ultérrimos estariam, agora, inúteis para o trabalho Divino. Em outras palavras, simbólicas, teríamos aprisionado Lúcifer, o que seria um desastre para o Cosmos.
Buda, Sidharta Gautama.
Buddha dizia que tudo o que somos é o resultado de tudo o que pensamos. Se você meditar nesta sentença sapientíssima, verá que o Santo tem toda a razão. Sem a capacidade de pensar não somos nada. É o pensamento que nos faz Homem. É ele que nos faz diferente do simples animal irracional. Mas é preciso que saibamos pensar. Sabedoria é, pois, uma das qualidades divinas que temos a obrigação de desenvolver.  Se geramos pensamentos sábios, geramos Dharma (isto é: pomos em ação a Lei), visto que nossa criação marcha com a Evolução e ajuda nosso mundo a evoluir. Mas se geramos pensamentos ignorantes, estúpidos, geramos karma negativo, visto que nossa criação marcha na contramão da Evolução e prejudica nosso mundo em seu evoluir. Resumindo: através de nosso pensamento nós geramos karma, isto é, geramos movimento ao nível dos átomos ultérrimos. E estekarma pode ser favorável à Evolução, quando, então, se diz que pelo karma nós pomos em ação a Lei da Evolução - o Dharma. Mas se o karma que geramos é negativo, isto é, contrário ao Dharma, então, geramos um erro e este erro tem de ser corrigido. Por quem? Ninguém melhor para isto que nós mesmos, seu criador.
Não é simples e magnificamente lógico?A gente voltará a este assunto em breve.
Até lá e
NAMASTÊ!



Nenhum comentário:

Postar um comentário