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segunda-feira, 2 de maio de 2011

ENTENDENDO O QUE É DHARMA

São Francisco de Assis, o Mestre
Maytréia
 No caminho da Salvação ou da Iluminação, é necessário que se entenda e se pratique o Dharma. Para que se possa compreender os ensinamentos hinduístas e a raiz do pensamento teosófico é preciso que se compreendam os termos com os quais se trabalha no pensar destas duas sendas evolutivas.
Ouvimos falar de Dharma e muitos o compreendem como uma ação positiva, boa. Uma ação que agrega valor ao Espírito humano em seu esforço evolutivo. No entanto, isto somente não esgota o significado de Dharma.
Dharma é o conjunto de Leis Religiosas, de natureza Ética e Moral, que devem reger o comportamento do homem enquanto ser encarnado. Sua raiz, segundo ensinou Tulsidas, é a Compaixão. O Dharma não é criação humana, pois abarca as Leis Universais, que são imutáveis e cuja observância leva o ser humano à Felicidade, à Plenitude e à Iluminação.
Não se pode ser compassivo sem se ser Justo, pois a Compaixão sem Justiça é permissividade. Então, o Dharma também é Justiça. É por isto que se diz que o Cristo, Jesus, praticava o TAO, visto que esta filosofia religiosa se pauta pelo Dharma.
Diz-se que um bom Dharma corresponde a um Bom Karma, ou seja: praticar a obediência às Leis do Dharma é acumular bom karma. No entanto, acumular bom karma não é avançar na senda da Iluminação. É preciso mais que isto para se alcançar a libertação do Samsara, ou da Roda das Encarnações ou, ainda, da Lei do Retorno.
O Manusmiriti fol um código escrito por Manu, o antigo Regente do Mundo, onde Ele determina as dez Regras Essenciais da prática do Dharma. Estas regras essenciais são:
1ª) Dhriti – Paciência. Ser paciente é acima de tudo ser bem informado, pois deste modo a pessoa pode aceitar o que lhe acontece sem se perturbar, mas buscando sempre encontrar a raiz ou razão daquilo que o atinge.
2ª) Kshama – Perdão. Para se poder perdoar é preciso que se seja capaz de compreender profundamente a razão das coisas e dos fatos. Com isto é possível ir ao âmago da “Personalidade” de outra pessoa, ou seja, à sua Alma Mortal e, assim, compreender plenamente suas razões para fazer o que faz. Não se pode ir ao Espírito de outrem, visto que o Espírito é Perfeito. Logo, o de meu irmão o é tanto quando o meu próprio Espírito. Nossa “alma mortal” é que se corrompe devido mesmo à Natureza de sua origem – o mundo humano. Perdoá-la em seus erros é chamar seu Espírito à sua verdadeira função: dominar os Elementais Físico e de Desejo, pois estes são a essência mesma da Alma Mortal humana.
3ª) Dama – Piedade ou autocontrole. Ser piedoso não é ser piegas. Ser piedoso é ser compreensivamente compassivo e para isto é preciso que se tenha autocontrole para jamais se enfurecer ou se irar e reagir com violência a uma provocação e a um insulto. Não é fácil a prática de Dama nos dias atuais, visto que insultar-se reciprocamente faz parte do viver e conviver desta sociedade altamente doentia em que vivemos. No entanto, podemos treinar-nos constantemente reagindo com piedade às provocações menores, isto é, que não atingem valores arraigados em nossa Individualidade e que ainda nos parecem importantes preservar. Procedendo assim, um dia chegará em que mesmo as provocações mais fortes não nos abalarão e nos permitirão agir piedosamente para com o provocador.
4ª) Asteya – Honestidade. A honestidade é a mais complexa virtude para se praticar, considerando a base mesma da sociedade em que vivemos inseridos: a mentira. Desde quando acordamos até quando mergulhamos no sono reparador, vivemos e pautamos nosso modo de vida na mentira. Assim, para a prática de Asteya é preciso alhearmo-nos do mundo Mayávico, ilusório, de Vaidade.
5ª) Shauch – Santidade. O que é ser santo? Além de precisar ser alguém que domine com perfeição Asteya, Dama, Kshama e Dhriti, o Santo também domina à perfeição seu Elemental de Desejos. Com isto, não vive almejando nada além de praticar o Bem constantemente sem se preocupar com seus resultados, com sua colheita. Não visa tão-só, com sua ação, a pessoa humana na prática do Bem. Considera todas as coisas e todos os seres seus irmãos, portanto, trata-os do melhor modo possível e lhes dispensa a mesma atenção, sem levar em consideração a ilusão de “posição social”, “posição hierárquica”, “conhecimento”, relação de inferioridade evolutiva etc...
6ª) Indraiya-nigrah – Controle dos Sentidos. Controlar os sentidos implica desde o controle dos estímulos mais primitivos, como fome, sede, sexo, até o controle dos estímulos mais refinados, como paladar, olfato, audição. Um desafio e tanto para os que vivem mergulhados plenamente em uma sociedade que se pauta pelo consumismo em todas as áreas sensoriais.
7ª) Dhi – Razão. A Razão implica ser racional. Ser racional implica, por sua vez, saber optar, saber escolher, saber diferençar. Parece fácil, mas o que mais se vê na atualidade são pessoas que não sabem fazer opções; que se deixam levar pelo impulso, principalmente por impulsos de natureza sexual (isto é, prazerosa).
8ª) Vidya – Conhecimento ou Aprendizagem. O Conhecimento nasce da Aprendizagem. Portanto, é preciso saber distinguir a boa aprendizagem da má aprendizagem. É boa aprendizagem ajudar o próximo quando este se encontre em dificuldades. É má aprendizagem construir cachimbo para fumar crack. A Aprendizagem implica dois pólos: aquele que transmite conhecimento e aquele que recebe conhecimento. Portanto, a Aprendizagem e sua resultante, o Conhecimento, é delicado para ambos estes pólos.
9ª) – Krodha - Placidez; mansidão; isto é, ausência de ira, de raiva. Nem sempre é possível evitar a ira repentina ou a raiva súbita por um insulto injusto. Veja-se o exemplo do Mestre dos Mestres quando chegou ao Templo e deu de cara com os vendilhões agindo ali. A ira pode ser justa; o que não é justo é manter ardendo no peito sua consequência, o rancor ou a mágoa.
10ª)  Satya – Autenticidade. Ser autêntico é andar na corda bamba, pois a Autenticidade pode colocar o autêntico em situação de cheque entre krodha e Dama. Muitas pessoas, pensando que são autênticas, agem de modo rude e ofensivo. O autêntico não ofende seu próximo. Se não tem opção, cala-se e se afasta. Em certas ocasiões, o silêncio é a melhor opção.
 

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